Curitiba e s, 12 - Em relat�rio de indiciamento do ex-deputado Andr� Vargas (ex-PT), a Pol�cia Federal o associa ao ex-ministro da Sa�de Alexandre Padilha, atual secret�rio de rela��es governamentais da gest�o Fernando Hadad (PT), na administra��o municipal de S�o Paulo, o papel de elo do esquema alvo da Lava Jato dentro do minist�rio.
A PF destaca que "o projeto do grupo criminoso era ambicioso", referindo-se a Alberto Youssef, pe�a central da Opera��o Lava Jato, e a operadores e laranjas do doleiro, Leonardo Meirelles e Pedro Argese.
O ex-ministro, procurado pelo portal do Estad�o, ainda n�o se manifestou.
Ao citar o papel de Youssef o relat�rio sustenta que ele "intermediava os contatos pol�ticos, efetuando o lobby com Andr� Vargas que, por sua vez, mediante promessa de vantagem il�cita, atuou junto ao Minist�rio da Sa�de, claramente em contato com o ent�o ministro da Sa�de Alexandre Padilha".
Vargas foi secret�rio de Comunica��o do PT e vice l�der do partido na C�mara.
A PF assinala que ambos, Vargas e Padilha, eram "companheiros de agremia��o partid�ria". Segundo o documento, o contato entre o ent�o deputado e o ent�o ministro tinha "fins de alcan�ar o objetivo que era a inser��o no mercado das PDP e assim participar da 'partilha do bolo' de vultosos contratos de fornecimento de medicamentos no �mbito do Minist�rio".
PDP � a sigla para Parceria para o Desenvolvimento Produtivo institu�da pela Pasta da Sa�de para est�mulo da produ��o de medicamentos e insumos no Pa�s. A PF assinala que esse universo era o alvo do grupo de Youssef que, para isso, assumiu o controle do Laborat�rio Labogen. O doleiro planejava se infiltrar no Minist�rio da Sa�de no governo Dilma Rousseff.
Youssef declarou � PF que era "bastante restrito" o ambiente das PDPs. Por isso, pediu a Andr� Vargas que "abrisse as portas" do Minist�rio para o grupo. Como "pagamento", Youssef disse que ajudava Vargas nas campanhas eleitorais.
"O que se evidencia nos autos � que a organiza��o criminosa aproveitou-se de um mecanismo para fraudar a dispensa de licita��o, prevista para o caso, inserindo assim a Labogen na contrata��o", sustenta a PF. Padilha n�o � indiciado no caso.
O delegado M�rcio Adriano Anselmo, que subscreve o despacho, afirma que, embora o Minist�rio da Sa�de alegue que n�o mantinha contrato com a Labogen, mas sim o Laborat�rio da Marinha, houve uma triangula��o.
"Trata-se de uma triangula��o com os entes privados, cujo expediente foi utilizado meramente para driblar o procedimento licitat�rio comum.
O projeto da organiza��o criminosa era grandioso."
Visava "lucros milion�rios". Tudo mediante o poder pol�tico de Vargas "que claramente exerceu influ�ncia no Minist�rio da Sa�de, notadamente sobre o ent�o ministro da Sa�de Alexandre Padilha".
Citou ainda os nomes de outros dois agentes do minist�rio, que teriam sido influenciados por Vargas.
Cassado
Vargas, cassado em 2014 e expulso do PT, foi indiciado em inqu�rito pela PF com outros oito investigados, inclusive Youssef, por corrup��o, fraude a licita��es, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa.
"Evidencia-se a atua��o de uma organiza��o estruturada para a pr�tica criminosa, com o objetivo primordial de fraudar o processo de sele��o junto ao Minist�rio da Sa�de", destaca o relat�rio policial.
Ao assinalar que "o projeto do grupo era ambicioso", a PF observa que um dos indiciados, Leonardo Meirelles, ex-laranja do doleiro, revelou que a organiza��o j� dispunha de outros treze projetos prontos para a an�lise do Minist�rio da Sa�de. Cada integrante do grupo desempenhava "tarefas espec�ficas". Apenas na PDP do Citrato de Sildenafila, segundo nota t�cnica da Sa�de, o custo estimado era superior a R$ 130 milh�es.
Em depoimento do dia 23 de mar�o de 2015, o doleiro disse que para incluir a Labogen no Minist�rio da Sa�de, "solicitou ao deputado Andr� Vargas (PT-PR) que 'abrisse' as portas daquele Minist�rio para os representantes da Labogen indicados pelo depoente, entre eles Leonardo Meirelles e Pedro Argese".
Segundo Youssef, o ent�o deputado petista "efetivamente o ajudou". Ele disse que em 2013 houve uma reuni�o no apartamento funcional de Vargas em Bras�lia, "onde compareceram o depoente, Pedro Argese, Andr� Vargas e o ministro Alexandre Padilha".
Naquela oportunidade, ainda segundo o relato do doleiro, Andr� Vargas apresentou a empresa Labogen ao ent�o ministro, "sendo que o ministro disse que iria encaminhar os representantes da Labogen a um dos coordenadores do Minist�rio da Sa�de, chamado Eduardo Jorge, a quem cabia tratar do assunto e habilitar a Labogen, caso ela apresentasse os requisitos necess�rios".
O ex-laranja do doleiro, Leonardo Meirelles, por seu lado, declarou no dia 9 de mar�o de 2015 que desde 2010 vinha "tentando participar de PDP no �mbito do Minist�rio da Sa�de, nunca tendo qualquer acesso a parcerias". Mas, disse Meirelles, "a partir da 'entrada' no jogo de Andr� Vargas o declarante passou a ter acesso ao Minist�rio da Sa�de".
Ele afirma que participou de diversas reuni�es em 2013 com Andr� Vargas no Gabinete do Deputado na C�mara em Bras�lia. "Todos os processos eram relatados com frequ�ncia para o deputado (Vargas) que atuava como um 'quarto s�cio' da Labogen."