Lula ironiza pastores evang�licos em palestra

S�o Paulo - Enquanto o governo Dilma Rousseff e o PT tentam enfrentar a pauta conservadora defendida pela bancada religiosa no Congresso, que tem � frente o evang�lico Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da C�mara, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ironizou em tom de brincadeira os m�todos utilizados pelos pastores neopentecostais, em palestra a sindicalistas na noite dessa quarta-feira, 20, em um hotel no centro de S�o Paulo.

Lula, bem humorado, explicava aos sindicalistas que nas ocasi�es em que n�o � poss�vel atender �s reivindica��es da categoria a melhor sa�da � colocar a culpa no governo quando, sem motivos aparentes, passou a falar dos evang�licos. "Os pastores evang�licos jogam a culpa em cima do diabo. Acho fant�stico isso. Voc� est� desempregado � o diabo, est� doente � o diabo, tomou um tombo � o diabo, roubaram o seu carro � o diabo", disparou Lula, arrancando gargalhadas da plateia.

Lula comparou a ret�rica dos pastores a um processo judicial nos moldes do mensal�o, no qual ex-dirigentes petistas foram condenados por desvios de dinheiro p�blico com base na teoria do dom�nio dos fatos, que responsabilizou lideran�as como o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu por atos de seus subordinados sob a argumenta��o de que ele tinha o controle da situa��o. "Eu acho legal (culpar o diabo) porque � direto. N�o tem nem investiga��o. � direto. O culpado est� ali. � a teoria do dom�nio do fato", brincou Lula.

Diante da receptividade calorosa da plateia, que n�o parava de rir, ele brincou com a cobran�a de d�zimo nas Igrejas evang�licas. "E a solu��o tamb�m est� ali. � Deus. Pague o seu d�zimo que Jesus te salvar�", disse em tom eloquente, imitando uma prega��o religiosa.

Por fim, o ex-presidente disse tamb�m em tom de galhofa que os dirigentes sindicais deveriam assimilar os m�todos dos pastores.

"Voc�s sindicalistas t�m que aprender a fazer isso porque cobram mensalidade, cobram contribui��o sindical e n�o resolvem (as demandas da categoria)."

Tens�o

As brincadeiras de Lula ajudaram a aliviar o clima de pessimismo e tens�o dos sindicalistas incomodados com os rumos do governo Dilma que participaram do Semin�rio Nacional de Estrat�gia promovido pela Confedera��o Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

Pouco antes da fala de Lula, o presidente da Contraf, Roberto Von Der Osten, o Bet�o, criticou as redu��es de direitos trabalhistas que fazem parte do pacote de ajuste fiscal e o presidente da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, defendeu o fim do fator previdenci�rio, aprovado pelo Congresso contra a vontade de Dilma.

Lula pediu apoio dos sindicalistas ao governo. Segundo ele, � preciso acabar com o mau humor que toma conta do Brasil. "Nenhum pa�s do mundo vai para a frente com a descren�a e o mau humor que tem hoje no Brasil", disse Lula, para quem as reclama��es s�o exageradas. "Se eu n�o morri de fome at� os cinco anos comendo calango no Nordeste n�o � agora, depois de velho, que uma crisezinha vai me derrubar", completou o ex-presidente.