S�o Paulo, 24 - Fundador e ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral classificou de "trag�dia" a fus�o do PSB com o PPS e disse que o objetivo da jun��o das duas legendas � pavimentar o caminho do atual governador de S�o Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, �s elei��es presidenciais de 2018. O paulista trava uma disputa interna com o correligion�rio mineiro, o senador A�cio Neves, pela cabe�a de chapa do partido. "Na verdade, o PSB de hoje virou um pasto na disputa interna do PSDB �s elei��es presidenciais de 2018, da ala tucana ligada ao governador Geraldo Alckmin, na tentativa de fortalec�-lo na disputa interna com A�cio Neves", disse Amaral, em entrevista exclusiva ao Broadcast Pol�tico, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado.
Al�m de ser uma trag�dia, "uma burrice e uma trai��o ao socialismo", Amaral avalia que a fus�o de seu partido com o PPS � compat�vel com a vis�o pragm�tica da nova dire��o da legenda, que privilegia o crescimento aritm�tico em detrimento da pol�tica. "� lament�vel que, em vez de se tornar um desaguadouro dos quadros descontentes da esquerda, o PSB tenha optado por ser um ator secund�rio da direita", disse, reiterando que a jun��o das siglas j� est� sendo arquitetada h� muito tempo, com a finalidade de al�ar Alckmin � cabe�a de chapa do PSDB nas pr�ximas elei��es ao Pal�cio do Planalto.
Para o ex-presidente nacional do PSB, infelizmente a fus�o das duas siglas j� est� dada. "A ren�ncia ao socialismo j� foi feita, n�o � mais o partido de Jo�o Mangabeira, Miguel Arraes e Jamil Haddad." Em reuni�o ocorrida na semana passada, os presidentes dos diret�rios estaduais da legenda aprovaram, por maioria, a fus�o com o PPS. A oficializa��o do acordo dever� ser feita no dia 20 de junho, na conven��o nacional do PSB, que ser� realizada em Bras�lia. Nesse mesmo dia, o PPS tamb�m realiza sua conven��o para autorizar a uni�o. Com a fus�o, a nova legenda ser� a quarta maior bancada da C�mara dos Deputados e do Senado Federal, atr�s apenas do PMDB, PT e PSDB.
Apesar das duras cr�ticas, Amaral disse que ainda n�o definiu seu futuro partid�rio e que n�o pensa, no momento, em deixar o PSB, que ajudou a fundar a sigla. Fontes ligadas � legenda, que tamb�m est�o descontentes com a fus�o com o PPS, informaram ao Broadcast Pol�tico que n�o dever� haver uma decis�o individual de desfilia��o, mas uma a��o coletiva est� em estudo.
Roberto Freire
O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), n�o quis comentar as cr�ticas feitas pelo fundador e ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral.
"N�o vou comentar as declara��es de Amaral, pois a nossa diferen�a � clara, enquanto eu apoiei Eduardo Campos (ex-governador do PSB que faleceu em acidente a�reo no ano passado, durante a campanha presidencial), ele apoiou Dilma Rousseff (presidente reeleita pelo PT)", limitou-se a dizer Freire, ao Broadcast Pol�tico.
Capiberibe
O senador Jo�o Capiberibe (PSB-AP), tradicional quadro da ala considerada mais esquerdista do partido, avalia que a fus�o com o PPS n�o � um problema chave no contexto atual da legenda. "A argumenta��o de que a fus�o com o PPS seria uma guinada � direita n�o faz sentido, porque o PSB j� deu essa guinada � direita l� atr�s", disse o senador ao Broadcast Pol�tico. "N�s, dos setores mais progressistas do PSB, j� perdemos a luta interna".
Ele avalia que essa derrota ficou evidente quando o partido decidiu apoiar a candidatura de A�cio Neves (PSDB) no segundo turno da elei��o presidencial do ano passado e, pouco depois, quando quadros hist�ricos foram afastados da dire��o, Roberto Amaral da presid�ncia da legenda e a deputada Luiza Erundina (SP) da Executiva Nacional.
Para ele, tanto PSB como PPS, dentro de um contexto que envolve tamb�m um recrudescimento em todo o Congresso, tendem ao que ele chama de "neoconservadorismo". "Na representa��o parlamentar, h� uma n�tida representa��o da direita conservadora. Nesse aspecto, tanto PPS como PSB t�m uma semelhan�a, t�m quadros de esquerda hist�ricos, mas t�m uma forte presen�a desse 'neoconservadorismo'." Capiberibe est� h� 28 anos no PSB.
Para o senador, a tend�ncia mais realista � que a fus�o com o PPS seja aprovada no congresso extraordin�rio da legenda, agendado para 20 de junho. Ele n�o descarta, contudo, que os movimentos sociais do partido consigam reverter a fus�o - s� considera uma sa�da menos prov�vel. "Os movimentos est�o na vanguarda pol�tica, no contato direto com a sociedade, eles t�m muita legitimidade para se posicionar. Agora, nem sempre os movimentos sociais est�o 'consensuados' com a representa��o parlamentar", afirmou o senador.
Nesta semana, filiados do PSB ligados ao movimento sindical publicaram um manifesto contr�rio � fus�o. O movimento foi liderado por Joilson Cardoso, secret�rio sindical do PSB e �nica voz na Executiva Nacional contr�ria � fus�o. Assim como o movimento sindical, o deputado Glauber Braga (RJ) tem condenado a fus�o, dizendo que ela refor�a o movimento do partido de se tornar um "sat�lite do PSDB" e destruir a origem socialista da agremia��o de Miguel Arraes e Jamil Haddad.
Capiberibe acredita que o movimento contra a fus�o pode ter chance de sucesso se conseguir se articular com maior clareza e se aumentar o grau de manifesta��es. O senador afirma, no entanto, que o maior empecilho � uni�o com o PPS hoje n�o � a quest�o ideol�gica, mas a composi��o da dire��o da nova legenda. Segundo ele, tem crescido nos bastidores o receio de integrantes do PSB de terem de ceder espa�o nas executivas e nos diret�rios para os quadros que vir�o do PPS.