Bras�lia, 30 - O ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff e disse que as declara��es de que ela n�o respeita delatores � uma "indigna��o leg�tima daqueles que s�o honestos". "Ela fez a manifesta��o e tem todo direito de faz�-la", afirmou. "Qualquer pessoa que tem a honestidade intr�nseca que Dilma Rousseff tem, que � intrinsicamente honesta, qualquer pessoa que tem a leve possibilidade de ser atingida reage e reage com indigna��o", afirmou.
Na segunda, 29, nos Estados Unidos, Dilma deu a primeira declara��o p�blica a respeito da dela��o premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, que disse ter repassado R$ 7,5 milh�es para a campanha da petista em 2014. Dilma afirmou que a contribui��o da empreiteira foi registrada e realizada de maneira legal. "Eu n�o respeito delator. At� porque eu estive presa na ditadura e sei o que � que �. Tentaram me transformar em uma delatora", afirmou Dilma.
Para Cardozo, apesar de a presidente n�o ter sido atingida diretamente na dela��o, ela reagiu com a contund�ncia das pessoas que se sentem injusti�adas. "Quando sua campanha, em tese, foi atingida, ela tem o direito de expressar o seu ponto de vista e sua indigna��o."
Cardozo reiterou sua posi��o j� manifestada no �ltimo s�bado, quando concedeu coletiva ao lado do ministro da Comunica��o, Edinho Silva, que foi citado no depoimento do ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa. "Cheguei a dar minha opini�o sobre dela��o premiada. Dela��es premiadas s�o vias investigativas. N�o pode sacramentar nenhuma situa��o porque o delator pode falar a verdade, meias verdades ou falar mentiras", disse.
Lula e o PT
Cardozo disse que n�o se encontrou com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que esteve nessa segunda, 29, e ter�a, 30, em Bras�lia, e negou que tenha sido cobrado pelo PT a dar explica��es sobre os estragos causados ao partido pelas Opera��es Lava Jato e Acr�nimo. "N�o estive com o presidente Lula, n�o recebi nenhum convite do PT e, desde que existe a Lava Jato, tenho recebido muitas vezes reclama��es e representa��es sobre eventuais abusos. Sempre que existe plausibilidade jur�dica, determino as investiga��es e apura��es necess�rias", afirmou.
Na quinta-feira passada, a Executiva Nacional do PT se reuniu em S�o Paulo e decidiu convidar o ministro da Justi�a a dar explica��es ao partido sobre as �ltimas a��es da Pol�cia Federal, subordinada a ele. Nessa segunda, 29, Cardozo se reuniu com o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, para cobrar os "vazamentos" da dela��o de Ricardo Pessoa.
Cardozo disse que a Pol�cia Federal tem que investigar com "liberdade e autonomia" e que a lei tem que ser igual para todos. "N�o se pode obstar investiga��es quando amigos s�o investigados e nem incentiv�-las quando os investigados s�o inimigos. Este � o papel que o ministro da Justi�a deve ter no Estado de Direito. Nem todos entendem isso", afirmou Cardozo, rebatendo indiretamente as cr�ticas de seu partido. "H� quem ache que o ministro deve interferir, que o ministro deve seguir de acordo com suas convic��es pol�tico-ideol�gicas ao exercer o seu papel. N�o � a minha opini�o. Enquanto eu aqui estiver, seguirei a minha consci�ncia e o que determina a Constitui��o Federal."
Cardozo criticou os vazamentos seletivos e disse que determinou a abertura de inqu�rito policial � Pol�cia Federal para apurar o vazamento de informa��es na Opera��o Acr�nimo, que investiga irregularidades envolvendo a campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT. "O STJ determinou expressamente que n�o poderia haver nenhuma divulga��o e, logo pela manh�, sab�amos que a imprensa j� tinha relat�rios que eram submetidos a sigilo", disse o ministro.
Para Cardozo, a imprensa faz seu papel, mas � preciso investigar os vazamentos. "Este vazamento incorreu, como qualquer outro vazamento, em pr�tica de crime por parte de quem tenha agido desta forma."
O ministro disse estar investigando vazamentos em outras opera��es, inclusive na Lava Jato, e afirmou que est� perto de identificar o respons�vel por repassar informa��es de uma das opera��es, sem revelar a qual se referia.