
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira que o vazamento seletivo de investiga��es policiais tem endere�o certo: ou � para pegar algu�m ou para pegar algum partido pol�tico. Sem citar diretamente a Opera��o Lava-Jato, que investiga esquema de corrup��o na Petrobras e se o PT recebeu dinheiro de propina em suas doa��es, o ex-presidente petista disse: "Denunciei isto em dezembro para o Minist�rio da Justi�a, a pessoa s� pode ser chamada de ladr�o quando ficar provada (a culpa), n�o se pode criminalizar uma pessoa antes de ela ser julgada." As afirma��es do petista foram feitas em discurso na 5ª Plen�ria Nacional da Federa��o �nica dos Petroleiros (FUP), realizada nesta sexta-feira, em Guararema (SP).
Esta n�o � a primeira vez que Lula critica vazamentos de opera��es em curso no Pa�s. A pr�pria presidente Dilma Rousseff, na viagem que fez aos Estados Unidos, comentou as acusa��es feitas em dela��es premiadas na Opera��o Lava-Jato, como as de Ricardo pessoa, dono da UTC, que disse ter repassado R$ 55 milh�es para campanhas eleitorais no ano passado e usado recursos desviados da Petrobras em doa��o �s campanhas de reelei��o de Dilma e de Lula em 2006. Dilma negou recebimento de dinheiro ilegal e disse que n�o respeita delator porque na ocasi�o em que esteve presa, na ditadura militar, tentaram transform�-la em delatora.
Economia
Ainda no discurso realizado na plen�ria da FUP, Lula disse que 2015 ser� um ano dif�cil. "Por isso o Pa�s precisa da mobiliza��o dos petroleiros", disse, reiterando que, al�m da mobiliza��o dos trabalhadores, o governo Dilma e seus ministros tamb�m precisam sair �s ruas para conversar com o povo. "� isso que Dilma vai fazer, ela conviveu comigo durante muito tempo e sabe que nas horas dif�ceis n�o h� alternativa a n�o ser encostar a cabe�a no ombro do povo e conversar com ele."
Ao afirmar que 2015 ser� um ano dif�cil, Lula disse que enfrentou dificuldades em sua primeira gest�o e teve de fazer ajustes, como o que Dilma est� realizando agora. "Isso tem de ser feito para a economia voltar a crescer logo e com mais solidez. N�o podemos esquecer do ajuste que fiz em 2003. Muitos me xingaram por isso, mas um ano e meio depois colhemos os frutos e demos um tchau ao FMI." E disse aos petroleiros que os ajustes fiscais s�o feitos com o objetivo de recuperar a capacidade de investimento do Pa�s. "Em 2003 eu elevei o super�vit prim�rio para 4,25%, justo eu, que sempre lutei contra este super�vit."
Na defesa do ajuste fiscal promovido pela gest�o Dilma Rousseff, Lula defendeu mais uma vez a afilhada pol�tica. "Estou convencido que Dilma ser� motivo de orgulho at� o final do mandato dela. Dilma ajudou a construir este meu sucesso, devo muito � companheira Dilma. Se nosso governo enfrenta problemas, temos de dizer que Dilma n�o est� sozinha e que ela tem que fazer o melhor governo porque o Pa�s precisa disso", disse, emendando que uma das maiores qualidades da sucessora � ter chegado sem m�goas � Presid�ncia, depois de ter sido torturada aos 20 anos.
No final do discurso, sem citar diretamente o projeto do senador tucano Jos� Serra (SP), que revoga a obriga��o de a estatal ser a operadora �nica e ter participa��o m�nima de 30% na explora��o do pr�-sal, Lula disse que � preciso defender a empresa e mostrar ao Pa�s que n�o � preciso trazer empresas estrangeiras para fazer o que a estatal sabe fazer de melhor.
Reivindica��es
Lula disse a representantes da categoria que n�o deixem sua mobiliza��o e reivindica��es de lado. "O governo compreende que os trabalhadores tem que lutar pra melhorar de vida e a Petrobras tem capacidade de negociar, desde que a negocia��o seja madura", disse e argumentou que as manifesta��es trabalhistas n�o desgastam o governo de sua sucessora Dilma Rousseff.
O ex-presidente incentivou inclusive os trabalhadores a questionarem e participarem das decis�o de planos de neg�cios da estatal, como a abertura de capital da BR Distribuidora e o plano de desinvestimentos, com venda de ativos da Petrobras. "Voc�s t�m que colocar na pauta o que est� acontecendo. Essa abertura de capital n�o sei se � necess�ria, esses desinvestimentos." Lula disse que da forma que as coisas tem acontecido no Congresso - sem citar diretamente o senador Jos� Serra (PSDB), autor do projeto para mudar o sistema de partilha - n�o duvida que surjam iniciativas para "entregar" ou para privatizar a Petrobras.
"Voc�s n�o podem baixar a cabe�a e deixar as coisas rolarem", disse Lula � plateia. "Voc�s t�m moral e hist�ria para discutir coisas dif�ceis."
Lula disse que a categoria pode fazer esses questionamentos e manter o bom relacionamento com o governo. Ele citou os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) como interlocutores que entendem os trabalhadores.