Investigadores da Opera��o Lava-Jato acreditam ter encontrado pistas do suposto recebimento de US$ 2 milh�es pelo ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque - cota do PT no esquema de desvios da estatal - em contratos fechados na Diretoria de Internacional - cota do PMDB.
A descoberta teve com base documentos fornecidos pelas autoridades do Principado de M�naco, onde foram congeladas contas dos ex-diretores de Internacional Jorge Zelada e de Servi�os Renato Duque, com 11 milh�es de euros e 20 milh�es de euros, respectivamente.
Zelada � suspeito de ter recebido propina em dois contratos de navios-sondas assinados em 2008 e 2009, com empresas internacionais, o ENSCO DS-5 e o Titanium Explorer.
O esquema seria continuidade dos acertos de corrup��o adotados por seu antecessor da diretoria, Nestor Cerver�, com ajuda do lobista Fernando Antonio Falc�o Soares, e Fernando Baiano - ambos bra�os do PMDB e presos em Curitiba - em dois contratos de 2006 e 2007, em que houve pagamento de US$ 3o milh�es de propina, segundo a Lava Jato.
Caminho. Os valores que teriam chego a Duque transitaram por uma conta de Raul Schmidt, a Goodal Trade Inc, e depois pela conta Judas Azuelo, tamb�m do "s�cio" de Zelada.
Seguindo a trilha do dinheiro, os investigadores chegaram a liga��o entre Raul Schmidt e Duque. A movimenta��o banc�ria envolveu ainda um contrato de m�tuo entre as offshores e a devolu��o de valores pela Milzart, informa o MPF.
Os valores teriam rela��o com um contrato de comissionamento envolvendo os navios- sonda. "No dia 15 de abril de 2011, a Samsung depositou US$ 3 milh�es na conta banc�ria da Goodall do Banco Julius Baer de M�naco. Na sequ�ncia, em 27 de abril de 2011, a Goodall transferiu U$ 4 milh�es para Judas Azuelo, identificado como sendo um empres�rio franc�s", informa a for�a-tarefa da da Lava Jato.
"A transfer�ncia da Goodall em favor de Judas Azuelos foi legitimada em um contrato de m�tuo firmado entre a Goodall e Judas no dia 26 de abril de 2011."
As autoridades de M�naco informaram que "logo em seguida", no dia 26 de junho, a "Judas Azuelos depositou U$ 2 milh�es na conta do Julius Baer de M�naco da offshore panamenha Milzart, cujo benefici�rio econ�mico final era o ex-diretor da �rea de servi�os da Petrobras".
O MPF descreveu a triangula��o financeira ao juiz federal S�rgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato - da seguinte forma, ao pedir a de pris�o de Zelada e o bloqueio de USS 7 milh�es de Raul Schmidt. "Em suma, a Samsung transferiu U$ 3 milh�es para Raul Schmidt Fellipe que recebeu por interm�dio da offshore Goodall. Esta empresa transferiu U$ 4 milh�es a Judas Azuelos a t�tulo de um contrato simulado de m�tuo."
"Judas, por sua vez, certamente atendendo a pedido da Raul Schmidt Fellipe, depositou U$ 2 milh�es referente � devolu��o parcial do empr�stimo na conta da Milzart, cujo benefici�rio final era Renato Duque." Os procuradores da Lava Jato registram ainda que na sequ�ncia, a Milzart "devolveu U$ 2 milh�es a Goodal", de Raul Schmidt. "A fim de conferir um m�nimo de verossimilhan�a ao contrato de empr�stimo."
A devolu��o ocorreu em 21 de agosto de 2011, "depositando na respectiva conta-corrente da offshore no banco Julius Baer sob a justificativa de devolu��o da "parte" restante do empr�stimo."
Para os nove procuradores da Lava Jato, "tudo isso levanta severas suspeitas que Judas Azuelos foi utilizado por Raul Schmidt Felippe para a realiza��o de um pagamento de propina em favor de Renato Duque, utilizando do expediente de empr�stimo simulado como estratagema de lavagem de capitais".
Defesa
Em nota, o criminalista Leonardo Muniz, advogado do sr. Raul Schmidt Felippe J�nior, informou:"O sr. Raul Schmidt n�o intermediou nenhum pagamento ao sr. Renato Duque."
Em nota anterior, quando foi decretada a pris�o de Zelada, Raul Schmidt informou que n�o atua mais no setor petrol�fero desde 2007. "Atualmente, � s�cio e membro do conselho da TVP Solar, empresa do setor de energia solar, que tem sede na Su��a e f�brica na It�lia", informou, via advogado de defesa, Leonardo Muniz.
O empres�rio afirma ainda que atua como investidor em companhias "start-ups" na �rea de tecnologia de ponta "principalmente em empresas ligadas a energias limpas".
O criminalista afirma que a �nica rela��o comercial mantida pelo cliente com Zelada "se d� na TVP Solar". O empres�rio afirma ser co-fundador da norueguesa Sevan Marine e que mora h� 10 anos fora do Brasil.
"Em rela��o a projetos espec�ficos em que tenha atuado, est� impedido de prestar qualquer informa��o devido a cl�usulas de confidencialidade nos contratos."
"Todas as vezes em que recursos foram transferidos para o Brasil houve registro no Banco Central brasileiro. Todas as suas atividades s�o regulares e legais", informa o advogado.
O criminalista Eduardo de Moraes, que defende Zelada, classificou de "absolutamente desnecess�ria" a pris�o do ex-diretor e que n�o h� ilegalidades.