
Dois dias ap�s ser alvo de uma a��o de busca e apreens�o, dentro da nova fase da Opera��o Lava-Jato, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) voltou a criticar a atua��o do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, nesta quinta-feira. Ao cobrar limites para o que considera como "atos ilegais" do chefe do Minist�rio P�blico Federal, Collor disse que cabe ao Congresso "questionar, reagir, enfrentar e frear" a institui��o.
"N�o se iludam, pois ningu�m est� livre disso", afirmou o ex-presidente, em seu segundo discurso na tribuna do Senado ap�s a a��o policial. "Daqui mesmo desta Casa, novas v�timas podem sair, novas hist�rias poder�o ser maldosamente constru�das. Estamos num terreno de um verdadeiro vale-tudo. O pr�prio cidad�o, indefeso, sem imunidades, sem prerrogativas de foro, est� ainda mais vulner�vel ao estado repressor do Minist�rio P�blico Federal", completou.
Avalizada pelo Minist�rio P�blico e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a a��o policial teve como alvos, entre os senadores, Fernando Collor, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o ex-ministro de Dilma Rousseff Fernando Bezerra (PSB-PE). No caso de Collor, a opera��o apreendeu um Porsche, uma Ferrari vermelha e um Lamborghini na Casa da Dinda, resid�ncia particular usada pelo ex-presidente.
O ex-presidente disse que n�o � poss�vel permitir a submiss�o das institui��es democr�ticas ao "aparato policialesco" do Minist�rio P�blico e aceitar a "cultura do apedrejamento". "Isso � degradante, isso � atitude de covardes, de fac�noras que se dizem democratas, que se aproveitam da democracia, mas que, na pr�tica, aplicam a autocracia e dela se aproveitam", criticou, ao dizer que jamais viu atos como esse, nem mesmo na ditadura.
Para Collor, todas as pessoas precisam estar cientes do poder do Minist�rio P�blico. Segundo ele, s�o dois universos. De um lado, disse, a sociedade, os cidad�os, sejam agentes p�blicos ou n�o. De outro, destacou, o Minist�rio P�blico, que deseja oferecer � "alcateia ululante o objeto da sua saciedade".
O senador do PTB lembrou que Janot est� em campanha para ser reconduzido ao cargo - se for indicado pela presidente Dilma Rousseff para mais dois anos de mandato, ele ser� sabatinado e ter� de passar por vota��o secreta do Senado.
Mesmo diante de um plen�rio lotado no �ltimo dia de vota��es antes do recesso parlamentar, o senador do PTB recebeu a solidariedade, por meio de apartes, de apenas dois senadores: Telm�rio Mota (PDT-RR) e Ivo Cassol (PP-RO).
Aliado de Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), agradeceu o pronunciamento do colega e, sem citar Rodrigo Janot, repetiu que houve invas�o de ambientes da Casa na opera��o. "Nossa democracia n�o pode pagar para ver, ela n�o pode correr risco", disse. "N�o podemos permitir que um Poder queira se afirmar em cima de outro Poder, porque assim n�s estaremos ferindo de morte a pr�pria democracia", refor�ou Renan, que, embora tamb�m responda a tr�s inqu�ritos da Lava-Jato, n�o foi alvo da nova fase da opera��o.