(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

E-mails de Odebrecht indicam 'majora��o' de pre�os e citam 'refor�o' de Gabrielli


postado em 22/07/2015 21:19

S�o Paulo e Curitiba, 22 - An�lise da Pol�cia Federal de troca de e-mails entre o presidente da Construtora Norberto Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos do grupo indicam suposta tentativa da maior empreiteira do Pa�s de apresentar propostas com pre�os majorados em contratos de navios-sondas para a Petrobras. As mensagens citam os nomes do ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante (PT-SP) e do ex-presidente da estatal Jos� S�rgio Gabrielli como contatos pol�ticos da empreiteira alvo da Opera��o Lava Jato nas negocia��es. Na ocasi�o da troca de e-mails de Odebrecht, em 2011, Mercadante ocupava o cargo de ministro da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o.

"Foram identificadas, por parte do Grupo Odebrecht, especialmente do executivo Marcelo Odebrecht, a��es com o objetivo de exercer influ�ncia pol�tica para obten��o de �xito na celebra��o de novos contratos com a Petrobras", conclui o Laudo 1476/2015, subscrito por tr�s peritos criminais federais do Setor T�cnico Cient�fico da PF.

Em e-mail de 7 de janeiro de 2011, �s 8h57, Marcelo Odebrecht escreveu: "Quanto a Petrobras precisamos saber quem � que decide este assunto, e a estrat�gia para influenci�-lo. No que tange a influenciar temos v�rios caminhos (mais ou menos eficazes), mas precisamos ter cuidado com a rea��o de Estrela (Guilherme Estrela, ex-diretor da Petrobras) e equipe a esta press�o pois uma coisa � influenciar na constru��o de uma solu��o desde o in�cio, outra � press�o para reverter uma decis�o tomada.

"Junto ao Estrela vejo importante a conversa de voc�s (importante saber tb feedback conversa Mercadante - me acionem se n�o conseguir obter do Luiz Elias). Posso tamb�m pedir a Mercadante um refor�o", afirmou Odebrecht na mensagem.

"Por fim tem o pr�prio Gabrielli como ultima tentativa, que poderia fazer. Ele n�o gosta da gente (Suzano, Quattor, sondas), mas a tese � boa e talvez quem sabe?", diz a mensagem.

O laudo tem 19 p�ginas. Assinam o documento os peritos criminais federais Jo�o Jos� de Castro Vallim, Andr� Fernandes Brito e Audrey Jones de Souza. O documento, anexado aos autos da Lava Jato, analisa material apreendido na 14� fase da Opera��o Lava Jato - batizada de Erga Omnes, de 19 de junho - em poder de dois de seus alvos, o empres�rio Marcelo Odebrecht e o executivo Roberto Prisco Ramos.

Nas conversas entre 2010 e 2011, que incluem dois outros executivos presos da empreiteira, Rog�rio Ara�jo e M�rcio Farias, o tema tratado � os sete contratos de navios-sonda, usados para explora��o de petr�leo em alto mar, nos campos do pr�-sal.

Os contratos foram fechados em 2011 com a Sete Brasil - empresa criada pela Petrobras, com fundos e bancos - para fornecer 29 equipamentos, pelo valor total de US$ 25,5 bilh�es, para a estatal.

Delatores da Lava Jato afirmaram que os contratos envolveram propina de 1% destinada ao esquema de corrup��o na estatal, via PT. O Estaleiro Enseada Paragua�u (EEP), do Grupo Odebrecht, foi um dos contratados.

"A partir desse material identificou-se elementos que demonstram a tentativa da Odebrecht em apresentar propostas comerciais com pre�os majorados, relativas a contratos para presta��o de servi�os de opera��o de sondas, em preju�zo da Petrobras", atesta o laudo da PF.

As trocas de mensagens analisadas pela PF se d�o em dois momentos do contrato. O primeiro no final de 2010, quando a contrata��o ainda seria feita diretamente com a Petrobras, no t�rmino do governo Luiz In�cio Lula da Silva, e o segundo em 2011, j� no governo Dilma Rousseff.

"Notou-se em meio ao material apreendido uma sequ�ncia de comunica��es que dizem respeito a influ�ncias pol�ticas por parte do Grupo Odebrecht, em especial, atrav�s da figura de seu presidente, Marcelo Odebrecht, no tocante � contrata��o para constru��o dos navios-sonda."

As trocas de mensagens analisadas pela PF ocorreram em dois momentos do contrato. O primeiro no final de 2010, quando a contrata��o ainda seria feita diretamente com a Petrobras, no t�rmino do governo Luiz In�cio Lula da Silva, e a segundo em meados de 2011, j� no governo Dilma Rousseff.

'Italiano'

A PF rastreia uma pessoa chamada pelos interlocutores dos e-mails de "italiano" ou 'It�lia', apontada como pe�a fundamental para se chegar � comprova��o de suposta interfer�ncia pol�tica nos contratos de navios-sonda da Sete Brasil. Essa pessoa aparece nas conversas dos executivos, nas duas etapas do contrato.

No e-mail enviado por Odebrecht no dia 7 de janeiro de 2011, em que ele cita Mercadante e Gabrielli, o presidente da empreiteira fala sobre o comportamento daqueles que "exerciam alguma influ�ncia" na Petrobras no in�cio do governo Dilma Roussef. O empreiteiro refere-se � Petrobras pela sigla PB.

"Acho que o italiano perdeu efic�cia na PB, na verdade acho que todos aqueles que exerciam alguma influ�ncia na PB est�o com as barbas de molho neste in�cio de governo, ainda mais na �rea do Estrela. Vale tb trocar ideia com Rog�rio sobre tentar obter outros apoios a nossa tese "nacional", at� mesmo junto a outros diretores."

Nas conversas, o presidente da Odebrecht e seus executivos falam tamb�m sobre encontros com o ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque - indicado pelo PT no esquema de corrup��o na estatal.

Em e-mail de 4 de abril de 2011, Rog�rio Ara�jo comunica Odebrecht que esteve com o ex-diretor de Servi�os Renato Duque - preso pela Lava Jato - e que est�o "ainda concluindo processo das 19 sondas para afretamento."

"Mencionou q tem compromisso com PT de ficar no cargo de Diretor at� solucionar a contrata��o destas 21 sondas."

Gabrielli

No dia 12 de maio de 2011, o empreiteiro Marcelo Odebrecht relata uma reuni�o em que tratou da contrata��o das sondas e recebeu informa��es a respeito do neg�cio. A PF ainda busca identificar todos os participantes da reuni�o. Na mensagem, o empreiteiro preso da Lava Jato diz que 'ela trouxe o tema sondas'

Eram 18h quando o executivo Rog�rio Ara�jo envia um e-mail perguntando se "foi boa a conversa?"

�s 22h05, Odebrecht respondeu: "2hs e 45min! Temas principais a pedido

dela: TAV, Aeros e Arenas. Fora as Arenas (n�o por nossa culpa) foi bem positivo. Estavam LC e It�lia."

O presidente da Odebrecht acrescenta que no final da conversa, sem citar a interlocutora, comentou sobre o "pr�-sal" e a Odebrecht �leo e G�s (OOG).

"(No inicio da reuni�o ela tinha dito por iniciativa pr�pria que soube recentemente da OOG). Ai ela trouxe o tema sondas / estaleiro (queixou-se do nosso pre�o n�o competitivo das 7 sondas e falou da proposta da PB de nova licita��o)", escreveu o empreiteiro.

"Ela disse que com esta nova licita��o a PB queria introduzir novos entrantes (chineses, etc) pois queria quebrar a 'rigidez dos custos locais'".

O tema da mensagem, ent�o, volta a ser o "italiano" e mais uma vez � feita men��o, segundo acredita a PF, ao nome de Gabrielli - dessa vez por suas iniciais.

"No final da reuni�o, It�lia saiu comigo (e voltou depois) para me perguntar se eu estava ok com as mudan�as para nova licita��o (para afretamento) pois amanh� ia ter conversa com JSG. Eu disse que sim, que seria uma alternativa para sair do impasse, com a OOG ganhando sondas de afretamento com a Set e contratando o estaleiro."

Segundo o laudo da PF, as trocas de e-mails s�o do per�odo da primeira etapa, anterior � licita��o para contrata��o da constru��o e opera��o das sondas diretamente com a Petrobr�s.

Primeira fase

Um dos primeiros e-mails que tratam dos contatos pol�ticos � de 17 de dezembro de 2010. Nele, o ent�o executivo da Odebrecht Rog�rio Ara�jo - preso em Curitiba - � avisado por Roberto Prisco Ramos sobre suposta orienta��o de "MBO", que para a pol�cia � Marcelo Bahia Odebrecht.

"MBO tinha me provocado sobre a conveni�ncia de realizar algum contato pol�tico para real�ar a conveni�ncia da nossa proposta, como a �nica com adequado conte�do nacional etc. Eu relutei, por temer que esta press�o pudesse "backfire", dada a sensibilidade do Diretor. A situa��o, por�m, se agravou e acho que vale a pena correr o risco, porque, se nada acontecer, vamos perder a encomenda que � muito relevante", informa Prisco Ramos. "O que voc� acha? Existiria algum pol�tico com acesso a GE? O "Big Wolf" teria este acesso??."

Depois de citarem que "MBO" iria "conversar" � noite "em BSB com 'algu�m que pode ajudar', Rog�rio Ara�jo - apontado por delatores como um dos respons�veis pelos pagamentos de propina da Odebrecht - responde no e-mail: "Eu n�o sei , neste caso, qual canal pol�tico poderia atuar com efic�cia. Mas veja com MO. Efic�cia big wolf � zero! RA".

No mesmo dia, �s 23h10, Marcelo Odebrecht enviou um e-mail copiado a Ramos. "Italiano n�o estava na diploma��o (foi quem eu j� havia iniciado esta conversa). Vou fazer a nota chegar a ele na 2a."

Ao analisar o material, a PF registra que "a pessoa com quem Marcelo Odebrecht iria conversar em Bras�lia para tratar do assunto da constru��o das sondas das bacias de Guar� e Tupi, � tratada pela alcunha de 'italiano'".

Defesa

O ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante afirma em nota que defendeu o regime de partilha, a Petrobras como operadora �nica no Pr�-Sal, a pol�tica de conte�do local e de compras p�blicas para viabilizar investimento na cadeia industrial de g�s e petr�leo.

"Minha �nica quest�o referente � Petrobras foi a constru��o do navio de pesquisa oceanogr�fica, que foi uma parceria entre MCTI, Marinha do Brasil, Petrobras, Vale do Rio Doce, ANP e escolas oceanogr�ficas. Este navio foi adquirido pela Marinha em licita��o p�blica, vencida pela ASK Sub Sea, empresa norueguesa, e chegar� em agosto de 2015 ao Brasil. Este tema foi tratado com o presidente da Petrobras Jos� Celso Gabrielli, com o ent�o diretor de Explora��o e Produ��o, Guilherme Estrella, e com o presidente do Centro de Pesquisas e Desenvolvimentos da Petrobras (Cenpes), que fazia interface com o MCTI. A Odebrecht Braskem defendia a constru��o em estaleiro nacional, mas n�o era adequado dada a complexidade tecnol�gica do projeto. A Odebrecht n�o participou do projeto e, portanto, n�o faz parte do cons�rcio que administrar� o navio", diz o ministro

Jos� S�rgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, diz n�o temer quebra do seu sigilo fiscal ou banc�rio em rela��o a comportamentos il�citos. "Todas as minhas opera��es financeiras e tributarias se pautaram pela extrema transpar�ncia e legalidade", diz ele.

A Odebrecht diz, em nota, que o relat�rio "presta um desservi�o � sociedade e confunde a opini�o p�blica ao estabelecer suposi��es a partir de e-mail de Marcelo Odebrecht, quando deveria ater-se a fatos concretos".

A Sete Brasil afirma que desconhece a que se refere o termo "It�lia".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)