Sao Paulo e Curitiba, 23 - O empres�rio Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Construtora Norberto Odebrecht, ficou em sil�ncio na Pol�cia Federal durante a audi�ncia realizada no dia 17 de julho. Acompanhado de seus advogados, o empreiteiro - preso desde 19 de junho na Opera��o Erga Omnes, 14.� cap�tulo da Lava Jato - n�o respondeu a uma sucess�o de nove perguntas que lhe foram feitas pelo delegado Eduardo Mauat da Silva.
Apenas ao final, ele declarou. "Que continua confiando nos seus companheiros, ou seja, nos executivos que foram detidos acreditando na presun��o de inoc�ncia dos mesmos", transcreveu a PF.
Os 'companheiros' a que o empreiteiro se refere s�o executivos desligados de cargos estrat�gicos na Odebrecht depois que se tornaram alvo da Lava Jato, assim como ele pr�prio - Rog�rio Santos de Ara�jo, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, M�rcio Faria da Silva e C�sar Ramos Rocha.
A escolha de Odebrecht pelo sil�ncio j� havia sido anunciada por sua pr�pria defesa, antes mesmo da audi�ncia. No dia 17 de junho, o empreiteiro teve dois encontros com o delegado da Lava Jato na sede da PF, onde est� recolhido em car�ter preventivo, por ordem do juiz federal S�rgio Moro.
O primeiro encontro, na parte da manh�, foi para tratar especificamente do bilhete que o pr�prio Odebrecht escreveu na Cust�dia da corpora��o - uma frase,. 'destruir e-mail sondas', chamou a aten��o da PF e causou forte pol�mica. A defesa do empres�rio esclareceu que a express�o significa 'rebater' e n�o destruir provas.
Na outra audi�ncia, � tarde, ele ficou em sil�ncio, orientado por seus advogados, os criminalistas Dora Cavalcanti e Augusto de Arruda Botelho.
A estrat�gia foi antecipada pela defesa, em nota publicada pela Odebrecht antes mesmo da hora marcada para o depoimento. Ele invocou o 'seu direito constitucional de permanecer calado'.
Mesmo assim, o delegado Mauat registrou as perguntas que fez ao investigado." Marcelo Odebrecht n�o respondeu, por exemplo, se 'participou ou teve conhecimento de qualquer esquema visando o pagamento de vantagens indevidas a agentes p�blicos em quaisquer esferas de poder, no Brasil ou exterior, ou para executivos de empresas estatais'; n�o respondeu se o grupo Odebrecht 'obteve qualquer privil�gio perante a administra��o p�blica direta, indireta ou estatais; ainda, se 'foram feitas doa��es ou contribui��es de forma direta ou indireta por parte do Grupo Odebrecht a pessoas ou entidades com o fim de obter favores ou tratamento privilegiado'.
A todas essas indaga��es o presidente da Odebrecht permaneceu calado. Manifestou-se apenas uma vez, quando o delegado Mauat lhe perguntou se pretendia dizer 'algo em seu favor'.
"Respondeu que sempre esteve � disposi��o da Justi�a, prestou depoimento anterior em Bras�lia, acreditando que n�o seria necess�rio o cerceamento de sua liberdade."
Finalizou dizendo que 'continua confiando nos seus companheiros'. Os outros quatro executivos da maior empreiteira do Pa�s que tamb�m s�o investigados na Lava Jato seguiram a trilha do l�der do grupo - todos permaneceram de boca fechada na PF naquele mesmo dia 17.