Bras�lia - A comunidade cient�fica deve estar um tanto surpresa com a pris�o tempor�ria do presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, acusado de ter recebido R$ 4,5 milh�es de empreiteiras investigadas na Opera��o Lava Jato.
Em 1994, chegou a receber do ent�o presidente da Rep�blica Itamar Franco a Gr�-Cruz da Ordem Nacional do M�rito Cient�fico, por conta de suas colabora��es � ci�ncia e � tecnologia.
Othon se especializou em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT), em 1978. Foi diretor de pesquisas de reatores do Instituto de Pesquisas Energ�ticas e Nucleares (Ipen) entre 1982 e 1984, al�m de fundador e respons�vel pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combust�vel Nuclear e da Propuls�o Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Atuou ainda como diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (Copesp), atual Centro Tecnol�gico da Marinha em S�o Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.
Na Marinha, Othon chegou ao posto de vice-almirante. Ele estava no comando da Eletronuclear desde 2005, at� que se licenciou do cargo em abril deste ano, a partir de apura��es de den�ncias envolvendo contratos firmados na constru��o da usina de Angra 3.
Paralelamente � presid�ncia da Eletronuclear, Othon era dono da empresa Aratec Engenharia. Sua empresa � investigada por ter recebido "pagamentos vultuosos" de outras companhias que comp�em o cons�rcio que atua nas obras de Angra 3, o cons�rcio Angramon. Os pagamentos, que teriam sido feitos pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, ambas com contratos com a Eletronuclear, ocorreriam por meio de empresas intermedi�rias: CG Consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e Participa��es Ltda., e a Deutschebras Comercial e Engenharia Ltda., "algumas com caracter�sticas de serem de fachada", segundo a PF.
O despacho que autorizou a pris�o tempor�ria de Othon, assinado pelo juiz S�rgio Moro, informa que, "embora os pagamentos das empreiteiras � Aratec possam eventualmente ter causa l�cita, pela presta��o de servi�os reais de assessoria ou consultoria ou por eventuais direitos de patentes, pelo menos considerando as conhecidas qualifica��es t�cnicas de Othon Luiz, h� aqui um poss�vel conflito de interesses que coloca em suspeita esses pagamentos".
No mesmo documento, Moro ponderou que "n�o passa sem aten��o o fato de Othon Luiz ser militar da reserva". "Apesar do prest�gio das For�as Armadas, o fato � que as provas indicam poss�veis crimes de corrup��o em tempo muito posterior � passagem dele para reserva e no exerc�cio de atividade meramente civil. Ent�o a investiga��o n�o tem qualquer rela��o com atividade militar, n�o sendo os fatos em apura��o crimes militares nos termos do art. 9º do C�digo Penal Militar."
Reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" no �ltimo domingo revelou que a constru��o de Angra 3 j� custou R$ 1 bilh�o aos cofres p�blicos apenas em servi�os de manuten��o, sem nunca ter entregue energia. O valor total da obra, antes estimado em R$ 9,6 bilh�es, j� ultrapassa R$ 16 bilh�es.