Delator revela esquema de propina de subsidi�ria da Andrade Gutierrez na �frica

O novo delator da Opera��o Lava-Jato M�rio Frederico de Mendon�a G�es, que atuava como operador de propinas para Renato Duque e Pedro Barusco na Diretoria de Servi�os da Petrobras, revelou a utiliza��o de contrato de fachada com uma subsidi�ria da Andrade Gutierrez na �frica para o pagamento de propinas no �mbito de neg�cios da empreiteira com a estatal. Com as novas informa��es, o Minist�rio P�blico Federal conseguiu apertar o cerco �s movimenta��es do caixa 2 da Andrade Gutierrez no Brasil e no exterior, j� revelada em parte pelos documentos apreendidos e relatos de outros delatores.

M�rio G�es decidiu recentemente colaborar com as investiga��es em troca de benef�cios como a redu��o de pena. Ele admitiu aos investigadores que o contrato de US$ 6,4 milh�es entre a Zagope Angola, subsidi�ria da empresa Zagope, do grupo Andrade Gutierrez e com sede em Portugal, e a offshore no Panam� PHAD Corporation controlada por ele, era de fachada. "Sendo o valor integralmente ligado ao esquema entre  Pedro Barusco e a Andrade (Gutierrez)", disse G�es em seu depoimento.

O pr�prio delator revelou ainda que optou por criar uma conta banc�ria com o mesmo nome da PHAD na Su��a porque a outra conta operada por ele naquele pa�s para o recebimento de propinas, a Maranelle, "estava com uma movimenta��o muito grande".

Os investigadores j� tinham encontrado o contrato entre a PHAD e a Zagope nas buscas feitas nos endere�os de M�rio G�es. O documento, segundo o Minist�rio P�blico Federal, previa a presta��o de servi�os de consultoria "com identifica��o de oportunidades de investimento nos setores de infraestrutura industrial, rodovi�ria, portu�ria, aeroportu�ria, imobili�ria, de cimento na costa atl�ntica da �frica" e tamb�m de prospec��o de oportunidades na �rea de �leo e g�s no continente africano.

As informa��es, somadas aos comprovantes de movimenta��es nas contas da Su��a entregues por Pedro Barusco (para quem M�rio G�es operava), levaram a for�a-tarefa a enquadrar os executivos da Andrade Gutierrez tamb�m na lavagem de dinheiro internacional. A lavagem envolveu repasses das contas de M�rio G�es para as de Barusco na Su��a. O epis�dio n�o estava na den�ncia inicial contra a c�pula da empreiteira.

Al�m de revelar como operava o esquema de propinas envolvendo a Andrade Gutierrez no exterior, M�rio G�es indicou aos investigadores como os repasses eram executados no Brasil. Ele citou um contrato firmado em 2007, com dura��o de tr�s anos, entre a Andrade Gutierrez e a Riomarine, outra empresa em seu nome usada no esquema.

G�es afirma que dos R$ 5 milh�es pagos pela construtora referentes a este contrato, R$ 1,5 milh�o "correspondiam a valores efetivamente decorrentes dos servi�os prestados pelo declarante, sendo o restante ligado aos acertos de Pedro Barusco com a Andrade Gutierrez".

Ele tamb�m revelou que tratou das propinas diretamente com executivos da empreiteira, sendo que em alguns casos o executivo Ant�nio Pedro Campello, diretor comercial de Contrata��es da Andrade Gutierrez, lhe entregou dinheiro em esp�cie "recordando de ter recebido das m�os de Ant�nio Campello cerca de cem a duzentos mil reais em sua resid�ncia", disse o delator.

Em outra ocasi�o, segundo o relato, o executivo chegou a viajar com ele. "Ant�nio o acompanhou at� Bragan�a Paulista e depois at� o Rio de Janeiro, tendo entregue o pacote com dinheiro na casa do declarante (M�rio G�es)", disse.

Defesa

"Os advogados dos executivos e ex-executivos da Andrade Gutierrez informam que as respectivas defesas ser�o feitas nos autos da a��o penal, f�rum adequado para tratar o assunto. E que n�o discutir�o o tema pela m�dia."