Porto Alegre, 30 - O ministro do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) Augusto Nardes, relator do processo sobre as contas federais de 2014, disse que ultimamente est� mais econ�mico em suas exposi��es porque desde a semana passada tem em m�os a defesa do governo sobre os 13 questionamentos feitos pelo TCU. "Estou me restringindo mais na quest�o do coment�rio, mas estou tranquilo, equilibrado. Creio que este � um momento de reflex�o, para que mais � frente a gente tome uma decis�o", afirmou, depois de participar de um painel no Congresso Internacional do Leite, na capital ga�cha.
Em sua apresenta��o no congresso, ele disse que o Brasil est� numa situa��o hist�rica que passa pela aus�ncia de crescimento da economia e pelo desmoronamento de algumas estruturas da na��o. "Talvez este seja o momento mais dif�cil do Pa�s nos �ltimos 20 anos", falou. Ao mencionar a situa��o vivida pelo Brasil, o ministro chegou a citar em alguns momentos as chamadas "pedaladas fiscais". Mas, diferente do que ocorreu em outros eventos anteriores, Nardes n�o se aprofundou no assunto. "Daqui a alguns dias devo me posicionar sobre este tema que � muito palpitante para a na��o brasileira. N�o quero me aprofundar at� pela quest�o �tica", explicou em sua explana��o.
Depois da palestra, questionado pela reportagem sobre a mudan�a de postura, negou que tenha sido repreendido pelas cr�ticas ao Executivo feitas nos �ltimos meses. "N�o � pux�o de orelha, � que antes eu n�o tinha a defesa do governo, e agora eu estou com a defesa e estamos analisando. Vamos responder os 13 pontos, e agora acho que n�o cabe muito eu fazer uma avalia��o", justificou.
Ele lembrou que, devido � sua decis�o inicial pela rejei��o �s contas de 2014, o TCU deu ao governo o prazo de 30 dias para prestar esclarecimento sobre as falhas apontadas, que englobam quest�es como a utiliza��o de contabilidade criativa, a n�o realiza��o do contingenciamento previsto e o uso de recursos de bancos p�blicos para o financiamento de programas federais. "Agora estou me reservando de falar menos, exatamente para poder fazer uma avalia��o com muito mais crit�rio", disse.
Nardes afirmou que teve uma conversa com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e que nos pr�ximos dias dever� receber t�cnicos do governo e talvez o ministro da Advocacia-Geral da Uni�o, Lu�s In�cio Adams. "N�s estamos abertos a dar ampla defesa ao governo e assim estabelecer um contradit�rio que possa ser o mais transparente poss�vel", avaliou.
Segundo o ministro, n�o existe nenhum tipo de intimida��o no decorrer do processo sobre as contas do governo. "N�o me sinto intimidado. Existe press�o, que � natural, parte da democracia. Qual � o governo que n�o quer uma situa��o melhor?", avaliou. "� necess�rio ser dito que o governo est� preocupado, o Pa�s est� preocupado, n�s todos estamos preocupados, mas o meu trabalho vai continuar com independ�ncia e autonomia, com a avalia��o agora mais profissional e t�cnica poss�vel."
As respostas encaminhadas pelo governo na semana passada est�o sendo analisadas por um corpo t�cnico do TCU. Ap�s esses auditores finalizarem o trabalho, enviar�o o material para Nardes, que deve elaborar seu voto pela aprova��o ou reprova��o das contas da presidente Dilma Rousseff. O voto dele ser� submetido ao plen�rio da corte de contas, o que, de acordo com o ministro, somente deve ocorrer na metade de agosto ou in�cio de setembro. S� depois o parecer � encaminhado ao Congresso, que tem a palavra final.
Na semana que vem, Nardes se reunir� com a equipe t�cnica do TCU que est� se debru�ando sobre a defesa do governo para saber se h� algum ponto contradit�rio que demande uma explica��o adicional. "Se for necess�rio um novo esclarecimento, n�s podemos pedir e dar um prazo para o governo explicar. � uma possibilidade", disse.