Sao Paulo e Curitiba, 04 - O delator M�rio G�es afirmou � Justi�a Federal nesta segunda-feira, 3, que o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco lhe disse certa vez que n�o tivesse medo de operar pagamentos de propinas na estatal porque 'tinha o suporte do partido'. Para G�es, o partido ao qual Barusco se referia era o PT. G�es prestou depoimento em duas a��es penais da Opera��o Lava Jato. Ele � um dos novos delatores do caso.
Ao ser questionado sobre trecho de sua colabora��o perante a for�a-tarefa da Lava Jato, M�rio G�es relatou a conversa com Barusco. "Quando ele me pediu que eu o ajudasse, ele disse que j� fazia isso (distribui��o de propinas) havia muito tempo com outras pessoas. Eu disse que n�o gostaria muito de fazer isso porque a Riomarine (empresa de G�es que operou propinas, segundo a Lava Jato) j� existia naquela �poca h� mais de 15 anos e eu j� trabalhava h� mais de 40 anos e tinha certos receios."
Segundo M�rio G�es, o ent�o gerente de Engenharia e bra�o direito de Renato Duque na Diretoria de Servi�os da Petrobras recomendou a ele 'que n�o tivesse medo, que n�o ia acontecer nada'.
"Ele (Barusco) disse que eu n�o tinha que me preocupar porque tinha o suporte superior e o partido envolvido. Acho que ele se referia, ao que eu entendo, ao PT. Mas eu n�o tenho nenhuma prova disso."
Ao ser indagado sobre a divis�o de valores, G�es declarou. "Tinha a divis�o dele (Barusco) com Renato Duque." A pergunta seguinte foi se ele tinha conhecimento de como Barusco fazia para repassar o dinheiro.
"N�o tenho a m�nima ideia, eu pagava, ele recebia. Como ele fazia, ou se fazia, ou se n�o fazia, eu nunca perguntei."
Segundo G�es, o ex-gerente de Engenharia - que tamb�m fez dela��o premiada - lhe dizia: "Dos pagamentos (de propinas) havia uma parte do partido que ele n�o se metia e eu queria saber menos ainda. Por exemplo, nesse contrato tem meio por cento que � nosso, da Casa, e tem meio por cento do partido. Ele mencionava que era para o partido, ele falava partido."
'Casa' era como os ent�o dirigentes das unidades estrat�gicas da Petrobras chamavam o n�cleo interno da estatal que dividia propinas. Durante a audi�ncia, M�rio G�es demonstrou melhor apar�ncia f�sica - diferente das ocasi�es anteriores em que ficou frente a frente com o juiz federal S�rgio Moro e chorou. Agora, ele cumpre pris�o domiciliar, benef�cio que alcan�ou com a dela��o premiada.
O procurador da Rep�blica que acompanhou a audi�ncia desta segunda-feira, 3, perguntou ao delator sobre uma planilha elaborada por ele e qual o significado da express�o 'Div 2'.
"A divis�o, a famosa divis�o por seis que ele (Barusco) falava, em alguns casos por sete. Ele fez uma simbologia, eu tamb�m fiz uma simbologia para atender. Segundo ele (Barusco) a sigla GR exclama��o seria para o dr. Renato Duque, o GR arroba que seria o 2 seria para ele (Barusco). Eu era o XXX. Quando era sete tinha mais um que eu n�o sabia quem era."