
H� um ano, por volta das 10h, a aeronave Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, ca�a no meio de uma �rea residencial do bairro Boqueir�o, em Santos, no litoral paulista. A bordo estavam o ent�o candidato do PSB � Presid�ncia da Rep�blica nas elei��es de outubro 2014, Eduardo Campos, de 49 anos, e mais seis pessoas: o assessor Pedro Almeida Valadares Neto, o assessor de imprensa Carlos Augusto Ramos Leal Filho (Percol), Alexandre Severo Gomes e Silva (fot�grafo), Marcelo de Oliveira Lyra (assessor da campanha) e os pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha. Todos morreram. O acidente, at� hoje n�o esclarecido, mudou os rumos do pleito presidencial e os cen�rios pol�ticos pernambucano e brasileiro.
“Foi um fato extremamente traum�tico que mudou inteiramente as condi��es da disputa eleitoral tanto interna, em Pernambuco, quanto em n�vel nacional”, analisa o cientista pol�tico e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Michel Zaidan Filho. Herdeiro pol�tico do av�, Miguel Arraes, Eduardo Campos, que era o terceiro colocado nas pesquisas de inten��o de voto � �poca, deixou a vi�va, Renata Campos, e cinco filhos.
A morte abrupta do pol�tico provocou como��o em Pernambuco. Milhares de pessoas, de diversas regi�es do estado, foram at� Recife acompanhar as cerim�nias f�nebres, que duraram quatro dias. Personalidades do mundo pol�tico, como a presidenta Dilma Rousseff, que concorria � reelei��o, o candidato tucano A�cio Neves e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva participaram do vel�rio, no Pal�cio das Princesas, sede do governo pernambucano. No dia 17, o corpo de Eduardo Campos foi enterrado no Cemit�rio de Santo Amaro, no mesmo t�mulo do av�, que morreu no dia 13 de agosto de 2005.
Com a morte de Campos, considerado um pol�tico habilidoso por aliados e advers�rios, o PSB, depois de dias de indefini��o, decidiu que a ent�o vice da chapa, a ex-ministra Marina Silva, seguiria na disputa ao Pal�cio do Planalto. Em meio � como��o pela morte do companheiro de coliga��o, Marina Silva chegou a ultrapassar o tucano A�cio Neves.
“Foi um fato pol�tico muito relevante para a pol�tica brasileira. N�o acredito que a Marina e o PSB sonharam que poderiam al�ar uma posi��o t�o vantajosa como a que tiveram com a morte de Eduardo, parecendo que ultrapassariam mesmo A�cio Neves. Houve um momento em que o tucano chegou a atacar Marina, pensando que ela iria ultrapass�-lo efetivamente”, lembrou Michel Zaidan.
Na esfera estadual, o cientista pol�tico observa que a trag�dia “refor�ou a oligarquia familiar”. A vi�va Renata Campos ganhou grande import�ncia no PSB e chegou a ser cogitada como substituta do marido na corrida presidencial, o que acabou n�o se confirmando. Ele comparou o impacto da morte de Campos �s consequ�ncias pol�ticas do suic�dio de Get�lio Vargas, em 1954.
“A morte de Eduardo foi explorada politicamente e reverteu inteiramente a situa��o. Como a morte de Get�lio [Vargas], mudou totalmente o encaminhamento da pol�tica brasileira at� Jango, pelo menos”, comparou Michel Zaidan. O ent�o candidato do PSB ao governo de Pernambuco Paulo C�mara, que tinha 3% das inten��es de voto antes da morte de Campos, conseguiu virar a disputar e se elegeu no primeiro turno.
O doutor em ci�ncia pol�tica pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e especialista em pol�tica, popularidade pol�tica e rela��es internacionais das Am�ricas da Universidade de Bras�lia (UnB) Ben�cio Viero Schmidt tamb�m disse que a morte inesperada de Eduardo Campos teve um impacto muito grande no cen�rio pol�tico do pa�s.
“Vamos pensar no seguinte quadro: o Eduardo, fosse ou n�o presidente, seria um elemento importante porque ele tinha a confian�a tanto do pessoal do PT quanto da oposi��o. Ele seria um ponto de refer�ncia inevit�vel nessa situa��o. Um cara que senta na mesa, conversa, busca solu��es e concilia��es”, acrescentou Schmidt.