Rio Bonito, 22 - Funcion�rios da prefeitura de Rio Bonito (RJ) disseram n�o saber a localiza��o da prefeita Solange Almeida, personagem-chave na acusa��o do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, contra o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentada anteontem ao Supremo Tribunal Federal. A ex-deputada federal (PMDB) tamb�m foi denunciada pela Procuradoria por corrup��o no esquema de corrup��o e desvios na Petrobr�s investigado pela Opera��o Lava Jato. Nenhum servidor soube informar o "paradeiro" de Solange, que, segundo eles, � a �nica que faz a pr�pria agenda.
Solange � acusada de ter apresentado na C�mara dos Deputados requerimentos de informa��es a mando de Cunha sobre contratos com o estaleiro Samsung. O objetivo seria pressionar a empresa pelo pagamento de propinas ao presidente da Casa. O "neg�cio", segundo a acusa��o, foi intermediada pelo consultor J�lio Camargo. O fluxo de dinheiro teria sido interrompido em 2011.
Sua �nica manifesta��o foi uma nota oficial publicada no in�cio da tarde de ontem no Facebook. Nela, Solange afirma que desde a den�ncia "Deus est� no controle" de sua vida e cita salmos b�blicos. Diz estar indignada e afirma haver "interesses pol�ticos envolvidos, querendo desviar o foco da Justi�a".
"Durante o meu mandato como deputada federal fiz parte das comiss�es de Minas e Energia, Fiscaliza��o Financeira e Controle, Seguridade Social, Constitui��o e Justi�a, Finan�as e Tributa��o. Criei e presidi a frente parlamentar em defesa dos hospitais universit�rios, fui relatora do Estatuto do nascituro na comiss�o de Seguridade Social e consegui sua aprova��o com dificuldades, contrariando a bancada de parlamentares favor�veis ao aborto. Neste per�odo, apresentei in�meros requerimentos, trabalho este, que faz parte da fun��o de deputado", escreveu.
A den�ncia � o assunto mais comentado por v�rios moradores do munic�pio de 55 mil habitantes com os quais a reportagem conversou. Ela � descrita por alguns como uma mulher cat�lica, mas que frequenta cultos evang�licos e � querida pelos "crist�os" da cidade. Por outros, uma prefeita distante, que n�o fez nada para diminuir a fila da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e do hospital local e vive "fora" da cidade.
Alguns funcion�rios dizem ter "cruzado" com Solange pelos corredores da prefeitura no in�cio da semana, mas que, anteontem e ontem, uma agenda externa, n�o revelada, a teria levado para fora de Rio Bonito. Ningu�m sabia para onde fora a prefeita.
'Abismada'. Uma pastora da igreja evang�lica Minist�rio da Miss�o Prof�tica contou que a prefeita, sempre que tem tempo, aparece no templo e ajuda financeiramente um projeto de apoio a crian�as carentes do local. "Acho que ela � uma boa pessoa. Sempre que pode, ela faz uma visita. Fiquei abismada quando soube da den�ncia", contou a religiosa, que preferiu n�o ser identificar.
Julgamento distinto foi feito por uma professora, de 27 anos, demitida de uma creche municipal. Ela declarou que o 13.� sal�rio dos profissionais referente a 2014 n�o foi pago at� hoje. Segundo ela, o uniforme escolar tamb�m deixou de ser oferecido aos alunos. "As m�es t�m que comprar, mas as crian�as s�o obrigadas a usar uniforme."
A vereadora Marlene Carvalho (PPS), da oposi��o, criticou a prefeita. "Eu s� posso falar que a gente est� aguardando. Temos que aguardar at� que as coisas sejam esclarecidas. A cidade � que perde, � uma cidade pequena, com pouca popula��o, as pessoas acreditaram muito no trabalho dela. Hoje estamos com uma cidade desprovida de tudo", criticou.
Segundo o procurador-geral da Rep�blica, a ex-deputada tinha ci�ncia de que os requerimentos da C�mara seriam formulados com desvio de finalidade e abuso da prerrogativa de fiscaliza��o inerente ao mandato popular, para obten��o de vantagem indevida. "Cunha passou a pressionar o retorno do pagamento das propinas, valendo-se de dois requerimentos perante a Comiss�o de Fiscaliza��o Financeira e Controle da C�mara, formulados pela ent�o deputada Solange Almeida, em julho de 2011", escreveu Janot na decis�o. Um dos requerimentos foi dirigido ao Tribunal de Contas da Uni�o e outro ao Minist�rio das Minas e Energia.