Investigadores norte-americanos recolheram durante a semana passada c�pias de documentos da Opera��o Lava-Jato no Brasil para dar sustenta��o a uma a��o coletiva milion�ria, ou class action, em curso na Suprema Corte de Nova York. O grupo reclama perdas milion�rias causadas pelo esquema de corrup��o na Petrobras ap�s compra de a��es da estatal que vieram a sofrer baixas na Bolsa de Valores de Nova York, a maior dos Estados Unidos. Os ex-presidentes da estatal Jos� Sergio Gabrielli e Gra�a Foster devem ser citados.
O coletivo � formado por um fundo de pens�o de professores e pesquisadores do Reino Unido, outros tr�s de servidores dos Estados de Ohio, Idaho e Hava�, a gestora Skagen, da Noruega, e o Danske Bank, da Dinamarca. Por negociar pap�is na Bolsa de Nova York, a Petrobras � obrigada a comunicar fatos relevantes que possam influenciar a decis�o de investidores. Para eles, a estatal n�o comunicou apropriadamente ao mercado o esquema de corrup��o na empresa.
Durante a estada da comitiva americana no Brasil foram colhidas c�pias de documentos e per�cias tornadas p�blicas nas a��es criminais da Lava-Jato com autoridades e defensores de alguns dos principais delatores da investiga��o. A miss�o foi cercada de sigilo para evitar desgaste ante o fato de que a norma aplic�vel legal � aquela do pa�s onde se produz a prova, ou seja, os advogados da Petrobras podem questionar o conjunto de provas obtidas sem obedecer formalidades legais.
Os investidores foram recepcionados por um especialista em crimes transnacionais que os acompanhou na busca por evid�ncias sobre cartel, pagamento de propina e superfaturamento de contratos na Petrobras.
O advogado Jeremy Lieberman, do escrit�rio Pomerantz, � o respons�vel pela defesa dos investidores. “Senten�a, dela��es premiadas, confiss�es, tudo pode ser prova. E isso pode ser feito, inclusive, sem a presen�a f�sica. A presen�a � o ideal, obviamente, mas muitos (ex-diretores da Petrobras) est�o presos. N�s n�o sabemos o procedimento de como eles poderiam de alguma forma testemunhar, mas estamos explorando isso”, declarou Lieberman.
A companhia foi reconhecida pelo juiz federal S�rgio Moro - que conduz as a��es penais da opera��o na primeira inst�ncia - como v�tima do cartel de empreiteiras que tomou o controle de contratos bilion�rios para distribui��o de propinas a pol�ticos do PT, PMDB e do PP. Ao assumir o papel de assistente do Minist�rio P�blico Federal na acusa��o aos r�us da Lava-Jato, a Petrobras se comprometeu a prestar informa��es �s autoridades.
A defesa dos investidores, no entanto, discorda da posi��o ocupada pela estatal no processo. “Pensamos que � uma piada dizer que eles s�o v�timas. A Corte em Nova York abordou essa quest�o. A Petrobras disse que foi v�tima, portanto, as a��es de (Nestor) Cerver� (ex-diretor da �rea Internacional), (Renato) Duque (ex-diretor de Servi�os) e (Paulo Roberto) Costa (ex-diretor de Abastecimento) n�o devem ser atribu�das � empresa, porque eles n�o estavam agindo para a empresa, e sim contra a empresa”, afirma o advogado Jeremy Lieberman.
Em audi�ncia realizada em junho na Corte de Nova York, a defesa da Petrobras alegou que apenas poucos ex-executivos da estatal sabiam das irregularidades. Em abril, a companhia reconheceu em seu balan�o financeiro de 2014, divulgado com cinco meses de atraso, a perda de R$ 6,2 bilh�es relacionada � Lava-Jato. Outros R$ 44,6 bilh�es foram registrados como preju�zos ap�s revis�o no valor de ativos. Os dados ser�o utilizados como argumento de defesa dos investidores. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.