S�o Paulo, 25 - A Pol�cia Federal arrecadou documentos, anota��es e outros elementos que podem colocar em xeque a defesa do ex-ministro Jos� Dirceu de que as consultorias que realizou por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, n�o tinham rela��o com contratos da Petrobras.
S�o anota��es, documentos e correspond�ncias que envolvem interesses de empresas privadas, multinacionais e nacionais, integrantes do cartel alvo da Opera��o Lava Jato, na estatal petrol�fera, com men��es a contratos do setor naval (obras off-shore), como de navios-sonda, e unidades de refino (obras on-shore).
Dirceu - preso em Curitiba desde o dia 3 de agosto, alvo da Opera��o Pixuleco, 17� fase da Lava Jato - sempre negou publicamente ter feito consultorias em contratos da Petrobras. A JD Assessoria e Consultoria recebeu R$ 29 milh�es entre 2006 e 2013. A Lava Jato suspeita que boa parte seja dinheiro tenha origem em propinas.
Os documentos apreendidos na resid�ncia do irm�o do ex-ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, nas buscas e apreens�o da Pol�cia Federal feitas dia 3, s�o relacionados � suposta atua��o na �rea de navios-sonda, na Sete Brasil - empresa criada pela Petrobras em 2011 -, na Transpetro, subsidi�ria da estatal, para o setor de transporte e log�stica, e em obras como a da Repar (Refinaria Get�lio Vargas), no Paran�, e do Complexo Petroqu�mico do Rio (Comperj).
A Pol�cia Federal vai indiciar o ex-ministro at� o in�cio da pr�xima semana e a previs�o � que a Justi�a Federal receba a den�ncia criminal do Minist�rio P�blico Federal contra o ex-ministro nos primeiros 10 dias de setembro.
Material
Um dos elementos encontrados trata da rela��o de Dirceu em nome da multinacional asi�tica STX Offshore & Shipbuilding, sediado em Cingapura. em contratos envolvendo navios-sonda.
O neg�cio, que segundo o irm�o n�o teria prosperado, envolveria a Transpetro (subsidi�ria da Petrobras comandada pelo PMDB) e tamb�m a Sete Brasil - empresa criada pela Petrobras em parceria com bancos, como o BTG, e fundos de pens�o.
S�o duas folhas contendo dados de mensagem confidencial enviada em 17 de fevereiro de 2011, para a JD Assessoria e Consultoria Ltda, a partir de um fax identificado pelo nome "Conex�o caf�". Nela, conta as possibilidades de neg�cios e projetos para a empresa STX Brasil.
"Os assuntos de interesse para 2011 s�o: navios-sonda para a Petrobras atrav�s da Sete Brasil; Frota Integrada - padroniza��o dos equipamentos dos navios da Transpetro; Super Guindaste para o Estaleiro Inhauma arrendado pela Petrobras; e Contratos de Fretamento de navios e lanchas pela Petrobras/Transpetro", registra o documento de recolhimento do material, feito pela PF.
Provas
A anota��o estava como o irm�o de Dirceu, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, que era uma esp�cie de administrador e contato da empresa de consultoria do ex-ministro. Preso tamb�m no dia 3, ele foi solto dez dias depois pelo juiz federal S�rgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato.
A PF considera ter encontrado importantes documentos relativos �s atividades de Dirceu, como consultor, ap�s deixar o governo Luiz In�cio Lula da Silva, em 2005. Sua empresa recebeu R$ 29 milh�es, entre 2006 e 2013.
Outro item encontrado foi um cart�o de apresenta��o da OAS em nome de "Ricardo Cabral Leal - International Corporate Director", acompanhado de um manuscrito com refer�ncias � "S�o Sebasti�o", "Of shore - Suplay", "Terminal Balsas".
As anota��es do irm�o de Dirceu tamb�m trouxeram elementos novos para os investigadores da Lava Jato. Um deles contendo "dados sobre instala��es portu�rias da Petrobras no Esp�rito Santo para operar log�stica offshore", anotaram os agentes federais, nos autos de apreens�o da Pixuleco.
H� ainda no material uma carta escrita em duas folhas com "proposta de venda das instala��es de armazenamento", no Porto de Vila Velha (ES). Bem como do contrato de concess�o para "opera��es privilegiadas de atracamento nos ber�os 201 e 202 do cais de Capuaba".
Comperj e Repar
A Lava Jato tem elementos para denunciar Dirceu no in�cio de setembro por corrup��o e lavagem de dinheiro. As primeiras investiga��es envolvendo suas consultorias miraram em empreendimentos de constru��o civil de cartel de empreiteiras, que fatiou obras de refinarias e outras unidades a partir de 2004.
A for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal j� conseguiu na Justi�a Federal a condena��o de outros envolvidos no esquema de propinas de 1% a 3% para partidos e pol�ticos, na estatal.
Laudo da Pol�cia Federal associa a JD a uma s�rie de outras empresas usadas para desviar e lavar recursos das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - um dos casos com condena��es confirmadas da Lava Jato.
Em anota��o encontrada com o irm�o de Dirceu a PF identificou cita��o ao Comperj e tamb�m ao nome da empreiteira UTC, cujo dono, Ricardo Pessoa, confessou os crimes em dela��o premiada.
H� ainda o registro de valores numa anota��o em que se pode ler as iniciais de tr�s das principais construtoras do cartel: "CNO", Odebrecht; "UTC" e "OAS"".
As empreiteiras Odebrecht e OAS negam desde o in�cio dos processos da Lava Jato envolvimento com esquema de cartel e corrup��o na Petrobras. O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, confessou participa��o em sua dela��o premiada. Nenhum representante da STX no Brasil foi localizado.
Defesa
Procurada, a defesa do ex-ministro Jos� Dirceu reiterou que, "como j� informado nos �ltimos meses, os contratos da JD Assessoria e Consultoria com as construtoras investigadas na Opera��o Lava Jato tiveram de fato o objetivo de prospec��o de neg�cios no exterior, conforme demonstra a documenta��o apresentada e tamb�m reconhecem executivos das empresas ouvidos tanto pela Justi�a quanto pela imprensa".
A respeito dos documentos apreendidos na casa de Luis Eduardo, irm�o de Jos� Dirceu, o advogado Roberto Podval afirma que ir� se manifestar em ju�zo, uma vez que as informa��es constam em inqu�rito em andamento.