S�o Paulo, 25 - O pecuarista Jos� Carlos Bumlai, preso nesta ter�a-feira, 24, alvo da Opera��o Passe Livre - 21� fase da Lava Jato - deu uma nota promiss�ria de R$ 15 milh�es e colocou um dos filhos e a nora como avalistas do empr�stimo concedido pelo Banco Schahin, em 2004, de R$ 12 milh�es que teria como destino final os cofres do PT. O valor foi concedido ap�s reuni�o em que participou o ex-tesoureiro petista Del�bio Soares e de liga��o do ent�o ministro-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu.
"Alguns fatos chamam a aten��o. O empr�stimo inicial foi concedido com garantia prec�ria, mera nota promiss�ria do devedor, o que � incomum para contratos de vulto, de cerca de R$ 12 milh�es", registrou o juiz federal S�rgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, em sua decis�o de pris�o de Bumlai.
A Lava Jato analisa os documentos apreendidos nas sedes das empresas de Bumlai e nos endere�os dos filhos, alvos de busca e apreens�o nesta ter�a-feira, atr�s de provas que levem ao caminho do dinheiro emprestado pela Schahin, em 2004, a Bumlai e nunca pago. Para os investigadores, os cofres do PT podem ter sido o destino final, como afirmam delatores.
O contrato de empr�stimo no valor exato de R$ 12.176.850,80 foi assinado no dia 14 de outubro de 2004, segundo turno das elei��es municipais pelo Pa�s e primeira em que o PT participava ocupando a Presid�ncia da Rep�blica.
A nota promiss�ria e o contrato de mutuo entre Bumlai e o Banco Schahin foram entregues aos investigadores da Lava Jato por um dos donos do grupo, o empres�rio Salim Schahin, no acordo de dela��o premiada que fez com a for�a-tarefa.
Tanto Schahin, como o ex-presidente do Banco, Sandro Tordin, apontaram os nomes de dois tesoureiros do PT, Del�bio Soares e Jo�o Vaccari Neto, e o ex-ministro Jos� Dirceu como decisivos na concess�o do empr�stimo que seria para o partido, mas tomado via Bumlai.
O contrato de empr�stimo vencia em novembro de 2005 e teve uma an�lise de cr�dito realizada apenas em 21 de junho daquele ano - oito meses ap�s a concess�o. O juiz S�rgio Moro considerou ainda digno de aten��o o fato de n�o ter havido qualquer pagamento entre a data de in�cio da opera��o, em 14 de outubro de 2004, e 27 de janeiro de 2009. "Ainda assim o Banco Schahin e seus sucessores n�o se dispuseram a promover a execu��o for�ada da d�vida, omiss�o bastante incomum para qualquer institui��o financeira."
O valor nunca foi pago formalmente, confessou Salim Schahin em depoimento prestado ao procurador Diogo Castor de Mattos, da for�a-tarefa da Lava Jato, em sua dela��o premiada. Ele foi dado como "quitado" sem qualquer juro um dia antes da celebra��o do contrato de opera��o do navio-sonda Vitoria 10.000, entre a Petrobras e a Schahin, em 2009. O contrato foi uma compensa��o pelo valor repassado em 2004.
A quita��o desse empr�stimo � considerada fraudulenta e envolveu ainda uma opera��o simulada de "da��o em pagamento de embri�es de gado inexistentes de fato" de Bumlai para o grupo.
"Essas circunst�ncias, concess�o de empr�stimos sem garantia, sem amortiza��o parcial e total durante anos e igualmente sem cobran�a ou execu��o, refor�am as caracter�sticas fraudulentas, j� afirmadas pelo pr�prio dirigente do Grupo Schahin, de todas as opera��es", afirmou Moro, em sua decis�o.