S�o Paulo, 04 - Propina em apartamentos funcionais, embaixo da cama, R$ 1,5 milh�o de reais transportado em malas e avi�es fretados. Essa � a descri��o feita pelo funcion�rio do doleiro Alberto Youssef, Rafael �ngulo, em dela��o premiada no �mbito da Opera��o Lava Jato.
�ngulo era conhecido por ser o "emiss�rio" e entregador de dinheiro de Youssef. Nos depoimentos, ele relata pagamento de propina a parlamentes do PP em resid�ncias funcionais em Bras�lia.
A dela��o de �ngulo, formalizada em dezembro do ano passado, foi mantida em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) at� agora. A pedido da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR), o ministro Teori Zavascki retirou o sigilo dos depoimentos no �ltimo dia 26. Alguns depoimentos p�blicos do funcion�rio � Justi�a Federal no Paran�, no entanto, confirmaram afirma��es feitas na colabora��o premiada. Ainda h� outras dela��es ocultas no sistema do STF, como os depoimentos do dono da UTC, Ricardo Pessoa, e do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Ao Minist�rio P�blico, �ngulo disse que o ex-deputado Pedro Corr�a (PP) frequentava semanalmente o escrit�rio de Youssef para buscar dinheiro em esp�cie, levar dados de contas de terceiros para dep�sitos - inclusive de escrit�rio de seu filho. Em m�dia, segundo o emiss�rio de Youssef, o ex-deputado recebia R$ 250 mil por m�s fracionados. "Pegava reais, d�lares e euros", consta na dela��o de �ngulo. Ele disse ainda entregar dinheiro no apartamento funcional do deputado e entre R$ 100 e R$ 200 mil duas vezes por m�s no apartamento funcional do ex-deputado Jo�o Pizzolatti (PP-SC), "onde costumavam se reunir M�rio Negromonte, Jos� Janene, Pedro Corr�a, Nelson Meurer, al�m do pr�prio Pizzolatti".
Sobre Pizzolatti, �ngulo narra que fazia repasses de duas a tr�s vezes por m�s, com entregas de R$ 100 mil e R$ 200 mil em m�dia "fora as vezes que ele ia ao escrit�rio de Alberto Youssef, onde retirava reais, d�lares e euros". O terceiro apartamento funcional usado na capital federal para receber propina era o do ex-ministro M�rio Negromonte, que recebia entre R$ 100 mil e R$ 150 mil entre uma e duas vezes por m�s.
�ngulo cita ainda pagamentos ao deputado Nelson Meurer e aos ex-deputados Luiz Argolo (ex-PP, atualmente afastado do SD-BA), Aline Corr�a (PP-SP) e Andr� Vargas (ex-PT/PR). No caso de Argolo, o emiss�rio de Youssef diz que o pol�tico comparecia at� tr�s vezes por m�s no escrit�rio do doleiro onde retirava valores entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Apelidado de "beb� Johnson", Argolo chegava de avi�o particular para facilitar o transporte de valores que podiam chegar a R$ 600 mil. Ele tamb�m chegou a dormir no apartamento funcional de Argolo em Bras�lia para fazer pagamento. Quando o deputado n�o estava, o entregador de dinheiro deixava os valores embaixo da cama do ex-deputado. Ele chegou a entregar dinheiro a Argolo tamb�m em "conven��es, congressos e estacionamentos de ve�culos".
O delator conta tamb�m que uma vez presenciou o transporte de R$ 1,5 milh�o de Recife a S�o Paulo, em duas malas. A viagem foi feita em avi�o particular fretado. Youssef, o funcion�rio e um advogado viajaram para a capital de Pernambuco em um feriado com uma mala vazia. Ap�s um encontro em um hotel na cidade, o doleiro retornou com duas malas cheias e pesadas, nas quais ficou sabendo que continham R$ 1,5 milh�o. A pessoa com quem Youssef se encontrou levou os tr�s ao aeroporto em uma Hilux.
Nos depoimentos, o delator confirma entrega de R$ 60 mil pessoalmente ao senador Fernando Color (PTB-AL) em apartamento na Bela Vista, bairro de S�o Paulo.