S�o Paulo, 13 - O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) pegou dirigentes da For�a Sindical de surpresa ao anunciar que retomaria seu mandato como presidente da central. Miguel Torres, presidente interino da For�a desde o fim de 2013, foi informado oficialmente que Paulinho reassumiria o cargo �s 7h da manh� desta ter�a-feira, 12, na reuni�o de dirigentes da For�a que j� estava marcada para as 9h, em S�o Paulo.
"Fui pego de surpresa, n�o s� eu, acho que toda a central. Mas � um direito dele estatutariamente", disse Torres ao Broadcast Pol�tico, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado. O dirigente, que tem uma postura menos oposicionista ao governo Dilma Rousseff, disse que n�o est� "bravo" nem vai atuar pelo "quanto pior, melhor" por causa do retorno repentino de Paulinho. "N�o ficou nenhuma m�goa, eu volto para a vice-presid�ncia (da For�a) e para a presid�ncia do meu sindicato para continuar lutando pelo direito dos trabalhadores", disse Torres, que tamb�m preside o sindicato dos metal�rgicos da capital paulista.
Segundo relatos de presentes na reuni�o de ontem, a volta de Paulinho surpreendeu e suscitou preocupa��es quanto � "partidariza��o" da For�a Sindical. Paulinho � considerado um dos mais fi�is aliados do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e � um dos parlamentares que mais se mobiliza pelo impeachment de Dilma. A For�a, por sua vez, se diz "plural" e tem dirigentes mais pr�ximos do governo. O pr�prio Torres se posicionou contr�rio � derrubada da presidente da Rep�blica. "Se ela cair, a confus�o no Pa�s ser� ainda maior e isso ser� p�ssimo para os trabalhadores. Agora est� muito ruim, mas pode ficar pior", disse Torres em reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo no primeiro dia do ano.
Nos bastidores da reuni�o, comentava-se qual seria o motivo de Paulinho retomar seu posto na For�a em um momento em que estava t�o ativo no Congresso Nacional. "Ele queria voltar na surdina, sem conversar com ningu�m. A verdade � que ele sabe que o Cunha vai cair e quer ter na For�a uma trincheira pol�tica", disse uma fonte em condi��o de anonimato. "O processo contra o Cunha est� andando no Conselho de �tica e � uma maneira de ele sair do barco que est� afundando", afirmou outra pessoa presente ao encontro.
Envolvido nos esc�ndalos da Lava Jato, Cunha responde a um processo no Conselho de �tica da C�mara e corre o risco de ser afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da Rep�blica na volta do recesso do Judici�rio, em fevereiro.
Contatado pela reportagem, Paulinho disse que a especula��o � "absurda". "� absurdo, n�o faz sentido, mesmo porque Cunha n�o vai perder o caso. � uma especula��o descabida, eu n�o precisaria disso, sou parlamentar e presidente de partido (Solidariedade), tenho espa�o para minha atua��o pol�tica", afirmou. "Voltei para a presid�ncia porque o Brasil est� passando por uma das maiores crises da sua hist�ria e acho que poderia ajudar na �rea sindical neste momento".
Paulinho admitiu que a For�a se mant�m neutra com rela��o ao impeachment de Dilma, mas disse que isso n�o conflita com sua atua��o como pol�tico. "Como presidente do Solidariedade, vou continuar a luta pelo impeachment, a partir de fevereiro no Congresso, isso n�o interfere na For�a. N�o h� conflito, as pessoas entendem".
O mandato de Paulinho na presid�ncia da For�a Sindical vai at� agosto de 2017.