
Dagre afirmou que, um dia, estava reunido com o representante da OAS no apartamento "quando Marisa adentrou o apartamento com um rapaz e dois senhores" e que depois soube que os acompanhantes da mulher de Lula eram um filho do casal, F�bio Luiz, um engenheiro da OAS e o ex-presidente da empreiteira L�o Pinheiro - condenado na Lava Jato a 16 anos de pris�o por corrup��o ativa e lavagem de dinheiro.
"Em verdade tomou um susto quando vislumbrou a dona Marisa Let�cia ingressando no meio da reuni�o existente no interior do apartamento", diz o depoimento de Dagre. A reforma, contratada pela OAS, alvo da Opera��o Lava Jato, custou R$ 777 mil, segundo Dagre. Os trabalhos foram realizados entre abril e setembro de 2014.
O advogado Alo�sio Lacerda Medeiros, constitu�do por Dagre, confirmou que seu cliente estava no apartamento quando Marisa, o filho F�bio e L�o Pinheiro chegaram. Segundo Medeiros, "nada foi dito" sobre a quem pertenceria o im�vel.
Dagre disse que o contrato com a OAS para reforma do tr�plex incluiu novo acabamento, al�m de uma outra piscina, mudan�a da escada e instala��o de elevador privativo que custou R$ 62,5 mil. Ele disse que a ex-primeira-dama "os cumprimentou". "Ela estaria conhecendo o apartamento, tendo, inclusive, ressaltado a vista (para o mar)."
As informa��es sobre o depoimento de Armando Dagre foram divulgadas no Jornal Nacional, da TV Globo.
Flores
A Promotoria tamb�m tomou o depoimento do zelador Jos� Afonso Pinheiro, que trabalha no condom�nio desde 2013. Questionado se Lula esteve no pr�dio, o funcion�rio confirmou. Segundo ele, Lula chegava normalmente em dois carros com seguran�as que "prendiam" o elevador para a fam�lia, o que provocava reclama��es de outros moradores.
O zelador relatou que a OAS "limpava o pr�dio, colocava flores para receber a fam�lia do ex-presidente". Segundo ele, um funcion�rio da empreiteira lhe pediu que n�o falasse que o apartamento era de Lula e da mulher, "mas da OAS". Depois que as investiga��es sobre o apartamento foram tornadas p�blicas a fam�lia de Lula n�o retornou ao pr�dio, segundo o zelador.
Em 2006, quando se reelegeu presidente, Lula declarou � Justi�a eleitoral possuir uma participa��o em cooperativa habitacional no valor de R$ 47 mil. A cooperativa � a Bancoop que, com graves problemas de caixa, repassou o empreendimento � OAS. A Pol�cia Federal e a Procuradoria da Rep�blica suspeitam que a empreiteira pagou propinas a agentes p�blicos em troca de contratos da Petrobr�s.
A investiga��o sobre o apartamento que seria de Lula est�o sendo realizadas pelo promotor de Justi�a C�ssio Conserino, do Minist�rio P�blico paulista. O promotor diz ter ind�cios de que houve tentativa de esconder a identidade do verdadeiro dono do tr�plex, o que pode caracterizar crime de lavagem de dinheiro.
Fisco
O advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o ex-presidente Lula, negou que o petista ou familiares dele sejam os donos do tr�plex. Ele relatou que a fam�lia comprou uma cota de um projeto da Bancoop. A cota foi paga e declarada ao Imposto de Renda pelo petista. O advogado disse que "n�o tem a menor ideia" de quem reformou o im�vel.
Zanin reiterou que o apartamento "n�o � do ex-presidente". Esclareceu que Lula tinha uma cota do projeto da Bancoop e, quando o empreendimento foi transferido para outra empresa, tinha duas op��es: pedir o resgate da cota ou utiliz�-la para compra do im�vel no condom�nio Solaris. A fam�lia fez a op��o pelo resgate. Procurada pela reportagem, a OAS n�o se manifestou.