S�o Paulo, 31 - Um aspecto curioso chamou a aten��o de pessoas que conversaram com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva na �ltima semana. Embora tenha entrado na mira da Opera��o Lava Jato e do Minist�rio P�blico Estadual por causa de um apartamento tr�plex no Guaruj�, Lula s� falava de economia, principalmente das expectativas quanto � reuni�o da presidente Dilma Rousseff com o Conselho de Desenvolvimento Econ�mico e Social, o Conselh�o, realizada na sexta-feira.
A alguns destes interlocutores Lula explicou o motivo da fixa��o com a economia. Ciente dos danos que as suspeitas de envolvimento com empresas investigadas na Lava Jato t�m causado � sua imagem, o petista s� v� chance de recuperar a reputa��o em curto ou m�dio prazo se Dilma corrigir o rumo da economia e chegar ao fim de seu mandato com �ndices razo�veis de aprova��o. Nas palavras de um aliado, �Lula agora est� nas m�os da Dilma�.
O entorno de Lula avalia que tanto o ex-presidente quanto o PT est�o de m�os atadas diante da ofensiva da Lava Jato e do MP paulista contra o petista. A decis�o de abrir m�o do tr�plex no Guaruj� seguiu orienta��es jur�dicas e, no entender de assessores do ex-presidente, � absolutamente legal.
O PT, por sua vez, n�o pode fazer mais do que manifestar publicamente solidariedade ao ex-presidente diante do que considera como �agress�es�, mas n�o tem poder real para interferir no processo. Na reuni�o da Executiva do partido na �ltima ter�a-feira, em Bras�lia, um grupo de dirigentes defendeu uma resolu��o pol�tica que trouxesse uma defesa expl�cita de Lula, mas o pr�prio ex-presidente abriu m�o. O desagravo deve ficar para o anivers�rio do PT, nos dias 26 e 27 de fevereiro, no Rio de Janeiro.
Aliados ofereceram a Lula uma s�rie de alternativas de defesa que passavam de alguma forma pelo Pal�cio do Planalto. Lula recusou. Segundo pessoas pr�ximas, ele sabe que Dilma v� na Lava Jato a possibilidade de deixar uma marca positiva de seu governo e n�o est� disposto a cruzar esta fronteira.
Embora tentem passar uma impress�o de seguran�a jur�dica em rela��o ao apartamento do Guaruj�, auxiliares do ex-presidente come�aram a dar sinais de d�vida na �ltima semana. Aqueles que at� a semana passada classificavam as acusa��es contra Lula de tentativas de criminaliz�-lo politicamente, hoje usam a express�o �criminaliza��o jur�dica�.
Aliados de Lula empenhados em reverter a situa��o esbarram em outra barreira: tanto o apartamento do Guaruj� quanto o s�tio usado pelo petista em Atibaia, cuja reforma teria sido paga pela Odebrecht, s�o assuntos estritamente pessoais, que nada tem a ver com quest�es partid�rias ou governamentais como foi, por exemplo, o mensal�o. Isso aumenta a dificuldade para abordar os temas.
Zelotes
- Esse ponto fica ainda mais complicado quando se trata das investiga��es da Opera��o Zelotes contra Lu�s Cl�udio, filho ca�ula do petista, cuja empresa, a LFT Marketing Esportivo, recebeu R$ 2,5 milh�es da Marcondes & Mautoni, empresa investigada por fazer lobby pela suposta compra de uma medida provis�ria no governo Lula.
O ex-presidente evita o assunto at� com auxiliares mais pr�ximos e poucos ousam question�-lo sobre o tema. No PT, prevalece a vers�o de que Lula n�o sabia do contrato e entregou o filho � pr�pria sorte.
Recentemente, um aliado pr�ximo de Lula esteve com Mauro Marcondes, dono da Marcondes & Mautoni, para levantar informa��es. O empres�rio garantiu que jamais conversou com o ex-presidente sobre a contrata��o da empresa de Lu�s Cl�udio.
Mesmo assim, a legi�o de pol�ticos que gravita em torno de Lula se sente �no escuro� e imobilizada enquanto v� o cerco se fechar em torno do principal s�mbolo do PT.
Pesquisas internas do partido deixam clara a eros�o provocada pelas den�ncias na imagem de Lula. Mas tamb�m mostram que frases infelizes do ex-presidente como �n�o tem uma viva alma mais honesta do que eu� e, principalmente, o mau desempenho do governo Dilma Rousseff t�m efeito igual ou pior do que as den�ncias.
Apesar da avalanche de acusa��es, o entorno de Lula mant�m a confian�a de que, ao cabo das investiga��es, o petista sair� limpo. Com isso, parte da eros�o seria estancada. O mesmo otimismo n�o se repete quanto ao governo. Lula e boa parte do PT admitem em conversas reservadas que Dilma n�o �aprendeu a governar� e ainda age como ministra.
Por isso a fixa��o do ex-presidente com a reuni�o do Conselh�o de sexta-feira. Para Lula, seria a chance de Dilma para dar uma guinada na pol�tica econ�mica e aproveitar o arrefecimento do pedido de impeachment para tirar o governo do atoleiro e chegar em 2018 em condi��es de permitir a Lula possibilidades de voltar ao Pal�cio do Planalto. Em conversa recente, o petista teria dito a Dilma que ela �precisa ser a presidente e n�o a ministra�. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.