Alvo da Lava Jato, empresa Mossack Fonseca � investigada pela Justi�a de Nevada

Washingon, 31 - Alvo da mais recente fase da Opera��o Lava Jato, a companhia panamenha Mossack Fonseca � investigada pela Justi�a do Estado americano de Nevada por sua rela��o com dois argentinos acusados de desviar milh�es de d�lares em contratos com empresas estatais durante os governos dos ex-presidentes N�stor e Cristina Kirchner.

O caso foi iniciado em 2013 pelo NML Capital, um dos fundos chamados de "abutres" pela ex-mandat�ria argentina. O grupo n�o participou da reestrutura��o da d�vida argentina realizada depois da crise de 2001 e iniciou uma busca de ativos ao redor do mundo para receber seu cr�dito de US$ 1,7 bilh�o.

"O NML demonstrou suspeita razo�vel para acreditar que os Kirchner e (L�zaro) B�ez est�o ou estavam em posse de ativos da Argentina e que B�ez controla entidades em Nevada que possuem informa��es relativas a esses ativos", disse o juiz Cam Ferenbach em decis�o proferida no dia 16 de mar�o de 2015.

As "entidades de Nevada" a que ele se refere s�o 150 empresas de fachada abertas pelo bra�o da Mossack Fonseca em Nevada, a M.F. Corporate Services. Todas t�m o mesmo endere�o e teriam sido estabelecida para receber recursos desviados por B�ez e Cristobal L�pez com a coniv�ncia dos Kirchner.

B�ez e L�pez s�o empres�rios que prosperaram gra�as a contratos com o Estado durante a gest�o dos dois ex-presidentes. A NML sustenta que o dinheiro foi "lavado" pelas empresas de fachada abertas pela M.F. Corporate em Nevada e foi � Justi�a para receber informa��es sobre os recursos.

O esquema � parecido ao que teria sido utilizado na Petrobras. Na semana passada, o juiz federal Sergio Moro expediu mandatos de busca e apreens�o nos endere�os da Mossack Fonseca em S�o Paulo. "No curso das investiga��es, foi constatado que diversos agentes envolvidos no esquema criminoso que vitimou a Petrobr�s teriam utilizado os servi�os da empresa Mossack Fonseca & Corporate Services para abertura de empresas offshores, posteriormente utilizadas para ocultar e dissimular o produto do crime de corrup��o", escreveu o magistrado na decis�o.

O juiz americano Ferenbach manifestou posi��o semelhante: "A Mossack Fonseca & Co. � conhecida por incorporar empresas de fachada e lavar dinheiro".

A nova etapa da Lavo Jato, Triplo X, tamb�m investiga a suspeita de utiliza��o do Condom�nio Solaris, no Guaruj�, para o pagamento de suborno. Um dos im�veis, o 163B, � de propriedade de uma offshore aberta pela Mossack Fonseca, a Murray Holdings. Ele fica na torre vizinha ao do tr�plex 164A. A Pol�cia Federal investiga se este apartamento � de propriedade do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

"Nem todos os clientes da Mossack Fonseca s�o criminosos, mas se voc� � um criminoso, essa � uma das primeiras empresas com a qual falar�", disse ao jornal O Estado de S.Paulo o jornalista americano Ken Silverstein, que investigou a empresa durante oito meses em 2014. "Eles s�o uma das principais firmas do mundo especializadas em abrir empresas de fachada para ajudar pessoas a esconder dinheiro e seus clientes incluem not�rios gangsters, criminosos e ditadores."

Entre os que usaram os servi�os da Mossack Fonseca, Silverstein identificou pessoas ligadas ao dirigente s�rio Bashar Assad, ao ex-ditador l�bio Muammar Gaddafi e ao presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe. "Todo mundo conhece a Mossack Fonseca no mundo da lavagem de dinheiro."