Um funcion�rio da empresa Kitchens afirmou, em depoimento ao Minist�rio P�blico, que a empreiteira OAS pagou em dinheiro vivo os m�veis e eletrodom�sticos da cozinha e da �rea de servi�o do s�tio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e sua fam�lia. A testemunha relatou ter recebido a primeira parcela, de R$ 50 mil, em esp�cie e ainda confirmou que a compra foi negociada pelo ex-executivo da OAS Paulo Gordilho.
O s�tio passou a ser investigado pela Opera��o Lava-Jato por suspeitas de que as melhorias foram usadas como pagamento de propina em troca de contratos fechados pela empreiteira no governo. H� suspeitas de que Lula seja o real dono do s�tio, que est� em nome dos empres�rios Fernando Bittar e Jonas Suassuna, s�cios de F�bio Lu�s Lula da Silva, filho de Lula.
Embora a OAS tenha pago pelos equipamentos, a empreiteira pediu que Bittar figurasse como comprador. "Gordilho, no momento de aquisi��o dos arm�rios do s�tio, indicou os dados de Bittar para que constasse na nota fiscal", aponta outro trecho de documento da investiga��o em curso.
A indica��o fez os vendedores suporem que o s�cio de Lulinha, como F�bio Lu�s � conhecido, era um funcion�rio da OAS. "Para a empresa Kitchens, o tal Fernando Bittar seria um diretor da OAS, uma vez que o projeto inicial e o or�amento foram solicitados pela OAS, al�m da intermedia��o e pagamento."
O MP suspeita que Suassuna e Bittar atuaram como "laranjas" do petista no im�vel rural. A �rea tem 173 mil m², o equivalente a 24 campos de futebol e foi comprada por R$ 1,5 milh�o. Embora os dois tenham comprado terrenos cont�guos, supostamente de mesmo tamanho, Suassuna pagou R$ 1 milh�o e Bittar, R$ 500 mil. O advogado Roberto Teixeira - a compra do s�tio foi lavrada no escrit�rio de Teixeira, compadre de Lula -, disse que a diferen�a dos valores � "porque os s�cios convencionaram dessa forma, como � absolutamente l�cito em qualquer neg�cio privado".
Filho de um amigo de Lula, o fundador do PT e ex-prefeito de Campinas Jac� Bittar, Fernando Bittar � s�cio de Lulinha na G4 Entretenimento. A empresa tem fatia da BR4 Participa��es, que, por sua vez, tem participa��o do grupo Gol M�dia, de Jonas Suassuna. Ele consta como atual ou ex-s�cio de 17 empresas.
O gerente deu, ainda, um detalhe que intrigou os investigadores. A formaliza��o da compra, incluindo pedido, contrato e projetos, foi assinada fora da Kitchens, que a recebeu j� com as firmas, por meio de um portador da OAS. Isso significaria que o verdadeiro comprador n�o queria aparecer. A Kitchens n�o foi autorizada a entrar no s�tio para fazer as medi��es dos arm�rios, o que � at�pico, pois havia uma reforma no im�vel. Os arm�rios foram fabricados com base numa planta fornecida pelo ex-executivo.
Tr�plex
O gerente confirmou a informa��o de que a OAS comprou cozinha e arm�rios para o tr�plex do Guaruj� que est� sob suspeita de pertencer a Lula. Nesse caso, contudo, os pagamentos foram feitos por meio de transfer�ncia banc�ria e via escrit�rio da empresa.
Procurado, por telefone e e-mail, Fernando Bittar n�o se pronunciou. A defesa de Suassuna diz que o s�tio � dele e a parte registrada em seu nome n�o tem benfeitorias. A OAS n�o atendeu aos telefonemas do Estado. Gordilho n�o foi localizado.