Bras�lia, 07 - Depois do temor de que as manifesta��es marcadas para o pr�ximo domingo, 13, contra o seu mandato possam acirrar a viol�ncia entre manifestantes contr�rios e a favor e trazer danos ainda maiores para a imagem do governo e do PT, a presidente Dilma Rousseff dedicou a maior parte da segunda-feira, 7, para tratar sobre o tema. Assim que retornou de uma agenda do programa Minha Casa, Minha Vida, em Caxias do Sul (RJ), Dilma convocou seus ministros mais pr�ximos para uma reuni�o de emerg�ncia em Bras�lia.
Enquanto Dilma ainda viajava, o presidente nacional do PT, Rui Falc�o, esteve pela manh� no Pal�cio do Planalto e, segundo fontes, alertou aos ministros petistas Jaques Wagner e Ricardo Berzoini sobre o risco que o partido corre caso epis�dios de viol�ncia sejam registrados no domingo.
A avalia��o de petistas � de que a a��o do juiz S�rgio Moro de decretar a condu��o coercitiva do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva levou o padrinho pol�tico de Dilma a insuflar a milit�ncia, que j� tem feito convoca��es para contrapor as manifesta��es pr�-impeachment marcadas para domingo. A partir da� surgiu o temor de que confrontos, at� mesmo fatais, possam ampliar a crise pol�tica, j� que na �ltima sexta-feira, 4, o depoimento obrigat�rio de Lula gerou graves enfrentamentos.
Nesta linha, h� quem defenda que tamb�m � preciso "responsabilidade" da oposi��o para acalmar os �nimos, pois n�o interessa a nenhum dos lados ter sua imagem atrelada a viol�ncia, "que se sabe como come�a, mas n�o se sabe onde termina".
Apesar de ser tratada por interlocutores como uma reuni�o de coordena��o pol�tica convocada de �ltima hora por Dilma, o encontro, que durou grande parte da tarde e in�cio da noite, foi "enxuta", apenas com a participa��o dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria Geral) e o assessor especial da presidente, Giles Azevedo. Em viagem ao Rio, o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, se integrou ao encontro depois.
Uni�o
Nesta segunda, em cerim�nia de entrega de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida, em Caxias do Sul, a presidente disse que o governo tem de querer a unidade dos brasileiros. "Ele governa para todos, n�o parte ou peda�o da popula��o. O governo sempre quer a unidade do Pa�s. A oposi��o tem absoluto direito de divergir, mas n�o pode sistematicamente ficar dividindo o Pa�s", afirmou.
A presidente reconheceu que o Brasil passa por um momento de dificuldades econ�micas, mas disse que parte delas se deve � sistem�tica crise pol�tica, provocada "por aqueles inconformados que perderam as elei��es" e que querem antecipar a elei��o presidencial de 2018. "Tem certo tipo de luta pol�tica que cria um problema sistem�tico, n�o s� para a pol�tica em si, mas para a economia, a cria��o de emprego, o crescimento das empresas. Ningu�m fica satisfeito quando come�a aquela briga".
Dilma usou seu discurso para refor�ar sua "indigna��o" com a opera��o a Pol�cia Federal. Num discurso r�pido, ela disse que n�o tem o menor sentido ter conduzido seu padrinho pol�tico 'sob vara' para prestar o depoimento. E, utilizando os mesmos argumentos que o ex-presidente usou na sexta-feira, em pronunciamento feito na sede nacional do PT, horas depois de prestar o depoimento, Dilma salientou que Lula "jamais se recusou a depor". E frisou: "Justi�a seja feita, Lula nunca se julgou melhor do que ningu�m."
Pauta-bomba
Outra preocupa��o que fez parte da reuni�o de Dilma no dia foi em rela��o � Proposta de Emenda � Constitui��o 1/2015, a chamada PEC da Sa�de, que aumenta de 15% para 19,4% da Receita Corrente L�quida (RCL) o porcentual m�nimo que a Uni�o � obrigada a investir em sa�de. O governo � contra a mat�ria, pois argumenta que a "pauta-bomba" traz impacto de R$ 15 bilh�es no pr�ximo ano e R$ 207,1 bilh�es at� 2022, quando o porcentual m�ximo � atingido.
Segundo interlocutores do governo, a avalia��o � que o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem usado o cargo para fazer o enfrentamento e ao mesmo tempo tentar se proteger. "O governo tem que dar um jeito, buscar uma alternativa para a PEC da Sa�de", disse uma fonte, reconhecendo que o governo ainda n�o tem "essa solu��o".