S�o Paulo e Curitiba, 14 - Em seu depoimento � Pol�cia Federal - quando foi conduzido coercitivamente na Opera��o Aletheia -, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse � Pol�cia Federal que o triplex 164/A do Condom�nio Solaris - antigo Condom�nio Mar Cant�brico -, no Guaruj�, com 215 metros quadrados de �rea "era pequeno". O relato de Lula ocorreu no dia 4 de mar�o, no Aeroporto de Congonhas, em meio a um clima de forte tens�o.
Em um trecho do depoimento, o petista comparou o im�vel na praia das Ast�rias �s unidades habitacionais do programa do governo federal tocado pela Caixa.
A PF e o Minist�rio P�blico Federal suspeitam que Lula � o verdadeiro propriet�rio do apartamento no Guaruj� - empreendimento iniciado pela Cooperativa Habitacional dos Banc�rios (Bancoop) e que acabou incorporado pela OAS, de L�o Pinheiro, amigo de Lula. O ex-presidente afirma que n�o � dono do triplex.
Ele relatou � PF que ao visitar pela primeira vez o im�vel disse a seu amigo L�o Pinheiro, o empreiteiro da OAS condenado na Opera��o Lava Jato, que "o pr�dio era inadequado porque al�m de ser pequeno, um triplex de 215 metros � um triplex Minha Casa, Minha Vida, era pequeno".
O delegado da PF que ouviu Lula perguntou se "isso � bom ou � ruim". Lula disse. "Era muito pequeno, os quartos, era a escada muito, muito... Eu falei 'L�o, � inadequado, para um velho como eu, � inadequado'. O L�o falou 'Eu vou tentar pensar um projeto pra c�'. Quando a Marisa voltou l� n�o tinha sido feito nada ainda. A� eu falei pra Marisa: 'Olhe, vou tomar a decis�o de n�o fazer, eu n�o quero.' Uma das raz�es � porque eu cheguei � conclus�o que seria in�til pra mim um apartamento na praia, eu s� poderia frequentar a praia dia de Finados, se tivesse chovendo. Ent�o eu tomei a decis�o de n�o ficar com o apartamento."
O ex-presidente reafirmou � PF sua vers�o de que n�o � o verdadeiro propriet�rio do triplex do Solaris.
A PF e o Minist�rio P�blico trabalham com outra linha de investiga��o, que aponta o petista como o dono do im�vel. Os investigadores suspeitam que a OAS tamb�m bancou a instala��o da cozinha de alto padr�o do im�vel e a coloca��o de elevador privativo - equipamento que custou R$ 62,5 mil.
A investiga��o mostra que Lula e Marisa foram ao apartamento depois de conclu�da a obra no triplex. L�o Pinheiro teria ido junto com o casal ao apartamento que, formalmente, est� registrado em nome da OAS - empreiteira que assumiu pelo menos quinze empreendimentos da Cooperativa Habitacional dos Banc�rios de S�o Paulo (Bancoop).
O delegado da PF perguntou a Lula. "Essa unidade era 164/A, que o senhor visitou?"
"Era, era", respondeu Lula.
"O sr. visitou o im�vel?", perguntou o delegado.
"Visitei, eu estive l�", disse Lula.
"Foi em todos os c�modos?"
"Fui."
"Tinha elevador no im�vel?"
"N�o."
"Tinha m�veis nos quartos?"
"Nada."
"Tinha cozinha montada?"
"N�o, nada, nada."
Lula disse que foi 'uma outra vez' no apartamento.
"Com quem?", perguntou o delegado.
"Com o meu filho F�bio (F�bio Luiz, o Lulinha, filho mais velho do casal)."
"Mais quem?, insistiu o delegado.
"S�, e o L�o deve ter ido junto", disse o ex-presidente.
"O L�o. Mais algu�m al�m do L�o Pinheiro?
"Ah, n�o sei."
O delegado quis saber "qual era a inten��o dessa segunda visita".
Lula. "Quando eu fui a primeira vez, eu disse ao L�o que o pr�dio era inadequado porque al�m de ser pequeno, um triplex de 215 metros � um triplex ‘Minha Casa, Minha Vida’, era pequeno."
Nessa altura, o ex-presidente interrompeu o depoimento para fazer um desabafo.
"Eu acho que eu estou participando do caso mais complicado da hist�ria jur�dica do Brasil, porque tenho um apartamento que n�o � meu, eu n�o paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei, um procurador disse que � meu, a revista Veja diz que � meu, a Folha diz que � meu, a Pol�cia Federal inventa a hist�ria do triplex que foi uma sacanagem hom�rica, inventa hist�ria de triplex, inventa a hist�ria de uma offshore do Panam� que veio pra c�, que tinha vendido o pr�dio, toda uma hist�ria pra tentar me ligar � Lava Jato, porque foi essa a hist�ria do triplex. Ou seja, a� passado alguns dias descobrem que a empresa offshore, n�o era dona do triplex, que dizem que � meu, mas era dono do triplex da Globo, era dono do helic�ptero da Globo. A� desaparece o notici�rio da empresa de offshore. A empres�ria panamenha � solta rapidamente, nem chegou a esquentar o banco da cadeia j� foi solta porque n�o era dona do Solaris que dizem que � do Lula, ela � dona do Solaris que dizem que � do Roberto Marinho, l� em Parati. E desapareceu do notici�rio. E eu fico aqui que nem um babaca respondendo coisas de um procurador, sabe, que n�o deve estar de boa f�, quando pega a revista Veja a pedido de um deputado do PSDB do Acre e faz uma den�ncia. Ent�o eu n�o posso me conformar. Como cidad�o brasileiro, eu n�o posso me conformar com esse gesto de leviandade."
O delegado da PF retomou o depoimento referindo-se ao triplex do Solaris. "Passado o desabafo, vamos voltar a nossa... Qual tempo transcorreu entre a sua visita, a primeira visita, e a segunda visita?"
Lula: "N�o sei, n�o sei."
"Foi mais de m�s?"
"N�o sei, n�o sei."
O delegado incluiu a ex-primeira dama no depoimento. "A dona Marisa, quando foi eventualmente pra ver se tinha interesse, como o senhor explicou, j� tinha instalado a tal cozinha, elevador?"
Lula: "N�o tinha nada. Segundo ela, n�o tinha nada."
O delegado: "Na segunda, nada, nenhum m�vel na..."
Lula: "Nada, nada."
Delegado: "Ent�o essa hist�ria de cozinha, de elevador, ela n�o chegou nem a presenciar?"
O ex-presidente irritou-se. "N�o. E se ela presenciasse, se tivesse alguma coisa pronta, se eu tivesse que comprar, eu teria que pagar a diferen�a, eu quero saber aonde est� o maldito crime."