
Menos de uma hora depois da conven��o do PMDB que decidiu pelo desembarque do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deu sinaliza��es de que n�o deseja que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff tenha continuidade.
"Eu acho que, se esse processo chegar ao Senado, e espero que n�o chegue, n�s vamos juntamente com o Supremo definir o calend�rio", afirmou Renan respondendo sobre os prazos que podem ser adotados no Senado caso o processo seja autorizado pela C�mara dos Deputados. De acordo com ele, a Constitui��o determina que o processo tramite em at� seis meses na Casa. Quando questionado sobre a raz�o pela qual n�o gostaria que o processo chegasse ao Senado, Renan desconversou e preferiu se retirar.
O PMDB tomou a decis�o de deixar todos os cargos no governo em reuni�o rel�mpago, mas Renan n�o compareceu � conven��o. Segundo ele, o objetivo era preservar a isen��o de seu cargo como presidente do Senado. "Eu n�o fui para n�o participar desse momento e n�o influenci�-lo de alguma forma. N�o compareci para n�o partidarizar o papel que exer�o como presidente do Senado Federal", alegou.
Apesar de o encontro de ontem entre o vice-presidente Michel Temer e Renan Calheiros ter sido entendido como um ponto final na decis�o do partido de deixar o governo, Renan afirmou que apenas informou ao vice que n�o caberia a ele participar desta decis�o. "Conversei ontem com o Temer, quando comuniquei que n�o iria participar da decis�o, porque essa decis�o n�o me dizia respeito diretamente", disse.
O presidente do Senado tamb�m voltou a afirmar que o PMDB n�o tem dono e que � um partido grande, com diferentes correntes. Na �ltima vez em que o presidente usou estes termos, ele havia se desentendido com Michel Temer, que queria impedir novas filia��es ao partido.
"O PMDB � um partido grande, � o maior partido congressual, com muitas correntes, e � um partido que n�o tem dono, � um partido democr�tico", afirmou. Mas preferiu n�o avaliar se, mesmo com o rompimento, ainda haver� apoios avulsos ao governo e dissid�ncias internas.
Calheiros tem demonstrado ser o elo mais forte da c�pula do PMDB com o governo. Diferentemente do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deixa claro o seu posicionamento favor�vel ao impeachment, Renan evita dar declara��es definitivas sobre o processo e se coloca em uma posi��o isenta. Por mais de uma vez, o presidente do Senado afirmou que n�o "responde pelo PMDB".
O vice-presidente do partido, Romero Juc� (RR), conduziu a reuni�o de hoje em tom de comemora��o. J� o l�der do partido no Senado, Eun�cio Oliveira (CE), tamb�m deu declara��es afirmando que o PMDB estaria pronto para assumir o governo.
A oposi��o tamb�m demonstra desconforto com a posi��o de Renan Calheiros. Mais de uma vez, o senador A�cio Neves (PSDB-MG) criticou o fato de Renan n�o se posicionar.