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Estado de Minas

PF acha 'bovino religioso', 'descobridor' e 'nazista' em celular de empreiteiro

For�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato rastreia apelidos e siglas usados em troca de mensagens entre empreiteiras e pol�ticos envolvidos nas investiga��es de corrup��o


postado em 14/04/2016 10:49 / atualizado em 14/04/2016 11:09

S�o Paulo - Com os avan�os da Opera��o Lava-Jato sobre pol�ticos e empres�rios, a for�a-tarefa da opera��o rastreia os apelidos e siglas utilizadas pelo dono da UTC e delator Ricardo Pessoa em trocas de mensagens no celular e em telefonemas para se referir a agentes pol�ticos e respons�veis por intermediar o pagamento de propinas, em alguns casos disfar�adas de doa��es eleitorais, segundo o Minist�rio P�blico Federal.

Nessa ter�a-feira, 12, a Lava-Jato prendeu preventivamente o ex-senador Gim Argello, do PTB e que tinha o apelido de "alco�lico", utilizado por Pessoa. A investiga��o revelou que os conte�dos das conversas citando alco�lico envolviam o pagamento de dinheiro via doa��es oficiais para que os empreiteiros n�o fossem convocados para a CPI da Petrobras no Senado e a CPI Mista da Petrobr�s no Congresso, em 2014.

Al�m do "alco�lico", contudo, a PF j� identificou ao menos 11 di�logos no celular de Pessoa que envolvem conversas cifradas e apelidos e que est�o na mira dos investigadores. S�o desde men��es a "bovino religioso", "descobridor", "JVN" e at� apelidos como "nazista" e "alem�o", que a for�a-tarefa da Lava-Jato tenta descobrir o verdadeiro significado.

Em um di�logo de WhatsApp, por exemplo, um interlocutor pergunta para Pessoa em 12 de abril de 2014 se "o neg�cio do descobridor da Am�rica foi entregue para o Jo�o???". A mensagem � seguida por outras tr�s questionando sobre a suposta entrega, at� que o interlocutor afirma: "J� esta na m�o dele, abs". A reportagem tentou contatar o n�mero do interlocutor, mas a liga��o n�o completa.

Dentre as conversas que mais chamam a aten��o, est�o os di�logos de Ricardo Pessoa com L�o Pinheiro, ex-presidente da OAS condenado na Lava-Jato. Ao longo de 2014, eles citam di�logos com outros empreiteiros, advogados para lidar com a Lava-Jato e fazem refer�ncias a siglas como "JC" e "amigo" em di�logos e encontros cujos contextos ainda n�o est�o claros.

As trocas de mensagens v�o at� 12 de novembro de 2014, dois dias antes da Ju�zo Final, s�tima fase da Lava-Jato que botou L�o Pinheiro e Ricardo Pessoa, al�m de outros executivos das c�pulas das principais empreiteiras do Pa�s, na cadeia.

Em uma das conversas eles chegam a tratar de um encontro com um "amigo", e sobre "fazer a a��o", em primeiro de outubro de 2014, durante o per�odo eleitoral e quando a Lav- Jato come�ava a avan�ar sobre as empreiteiras.

Em outra conversa, do dia tr�s de outubro, L�o Pinheiro chega a afirmar que Ricardo Pessoa estaria "afinado" com "os nazistas", ao que o dono da UTC afirma que n�o faz parte do "3 Reich", confira:

Ainda em outro momento, no dia 18 de outubro de 2014, eles chegam a falar de um "nobre amigo" do Rio, sem deixar claro quem �, mas indicando que precisam falar com ele.

Alguns di�logos j� foram decifrados pela Pol�cia Federal, como a conversa em que Pessoa fala com Walmir Pinheiro, que era o respons�vel pelo setor financeiro da UTC e tamb�m fez dela��o premiada, sobre "JVN".

"WP (Walmir Pinheiro), JVN me ligou dizendo que voc� abandonou ele. Ser� que foi a mudan�a de end. Do del?”, disse o empreiteiro. Pinheiro, ent�o, afirma que vai entrar em contato com a pessoa referida na sigla, que a PF identificou ser o ex-tesoureiro do PT preso na Lava-Jato, Jo�o Vaccari Neto.

H� ainda um e-mail da secret�ria do PMDB chamada Neyla encaminhando uma "solicita��o do ex-deputado Geddel Vieira Lima em setembro de 2014, com os dados da conta banc�ria do diret�rio do PMDB na Bahia durante as elei��es. Na ocasi�o, o ex-deputado disputava o cargo de senador pela Bahia e, segundo sua assessoria, a solicita��o era um pedido de doa��o eleitoral, que foi realizada e posteriormente declarada � Justi�a Eleitoral.

Situa��o semelhante ocorreu em uma conversa de 2 de abril de 2014, quando Pessoa cobra de Walmir Pinheiro uma suposta doa��o para o "D. Nacional" e diz que est� sendo cobrado pelo "hom�nimo" de seu genro. Mais na frente na conversa eles chegam a mencionar o nome "Filipi", que a PF identificou, a partir da an�lise da agenda do celular do empreiteiro, que se tratava do ex-tesoureiro do PT, Jos� de Filippi J�nior.

Questionado pela reportagem, o pr�prio Filippi afirmou que a mensagem era referente a um pedido de doa��o eleitoral � UTC para o diret�rio nacional do PT, para depois ser transferido para o diret�rio estadual da sigla em S�o Paulo.

Nos relat�rios em que destrincham as conversas, a Pol�cia Federal pontua que Pessoa "tem contato com diversos outros agentes pol�ticos" al�m dos que aparecem nos di�logos, e que o material analisado foi selecionado levando em conta somente as conversas "em que aparece o pedido ou solicita��o espec�fico ou agradecimento por contribui��o em campanhas eleitorais, ou pelo atendimento de outros favores com car�ter econ�mico", assinala o delegado Ricardo Hiroshi Hishida.

No documento a PF n�o atribui nenhum il�cito aos envolvidos nas conversas, mas deixa claro que o material pode ainda ser cruzado com outras an�lises complementares e levantamentos de repasses eleitorais para apurar eventuais irregularidades.

Defesas


Procurada, a assessoria da OAS informou que n�o iria comentar o conte�do. A reportagem tentou contato com a defesa da UTC, mas a advogada estava em reuni�o e n�o pode atender �s solicita��es at� o fechamento deste texto. A defesa de Jo�o Vaccari Neto tamb�m n�o quis comentar o caso.

A assessoria do diret�rio do PMDB na Bahia afirma que, "no referido relat�rio, n�o consta irregularidade alguma relacionada ao Diret�rio Estadual do PMDB ou ao ent�o candidato a Senador, Geddel Vieira Lima, nas elei��es de 2014. O email da secretaria do Partido mencionado no relat�rio nada mais � sen�o o envio de informa��es banc�rias e CNPJ do Diret�rio Partid�rio para ser procedida doa��o eleitoral, como ocorrido com todas as outras doa��es recebidas naquela elei��o", diz o texto.

Jos� de Filippi Junior, por meio de sua assessoria, afirma que solicitou "oficialmente contribui��es � UTC para o Diret�rio Estadual do PT, via Diret�rio Nacional, e o mesmo foi feito de forma legal, registrado em TED, e encaminhado para Justi�a Eleitoral". Diz ainda que a doa��o "pode ser comprovada na presta��o de contas do PT do ano em quest�o". Filippi diz ainda que j� prestou "esclarecimentos � Pol�cia Federal sobre este contato com o sr. Ricardo Pessoa".


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