Bras�lia, 18 - O vice-presidente Michel Temer ainda vai ter de superar uma s�rie de desafios para assumir a Presid�ncia da Rep�blica e montar seu governo. Seus aliados mais pr�ximos j� listaram alguns dos obst�culos e sabem que n�o ter�o muito tempo para comemorar a aprova��o do pedido impeachment ocorrida ontem pelo plen�rio da C�mara dos Deputados.
O primeiro passo � abrir uma linha direta de negocia��o com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Antigo desafeto de Temer, Renan j� adiantou que n�o vai acelerar os prazos do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Casa, o que poderia ajudar o vice-presidente. No Senado, o vice apostar� suas fichas nas articula��es de Romero Juc� (RR) e Eun�cio Oliveira (CE), l�der da bancada.
De passagem pela C�mara dos Deputados, Juc�, que assumiu a presid�ncia do PMDB de forma interina, ressaltou neste domingo, 17, que espera que Renan conduza de forma "institucional" o processo de impeachment no Senado.
"N�o � o perfil do senador Renan Calheiros, ele vai ser juiz, um presidente institucional do Senado. � claro que pessoalmente ele at� pode ter a torcida dele, mas ele representa uma institui��o que � maior do que qualquer processo de impeachment", ressaltou Juc�. Na avalia��o dele, a decis�o dos deputados teve como principal ingrediente a press�o realizada nos respectivos Estados. "Aqui n�o est� votando a pessoa jur�dica, o partido. O que pesa na vota��o � a presta��o de contas do deputado junto �s bases", considerou.
A preocupa��o com os avan�os do impeachment no Senado chegou a ser alvo de conversas realizadas na v�spera da vota��o na C�mara por um pequeno grupo de deputados do PMDB e Michel Temer. Na avalia��o do grupo, o regimento do Senado apresenta alguns pontos "amb�guos", o que s� aumenta o poder de Renan na condu��o do processo. "J� h� contagem de votos no Senado, mas h� uma preocupa��o com o rito. Outro ponto tamb�m discuss�o � o de ampliar a nossa base entre os senadores", afirmou � reportagem o deputado e ex-ministro de Dilma Edinho Ara�jo (PMDB-SP).
Fator Cunha
Temer tamb�m ter� de manter seu bom relacionamento com o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O deputado fluminense teve papel decisivo na vit�ria do impeachment ontem. Foi ele quem articulou a escolha do relator do processo na Casa e garantiu que o texto do relat�rio seria a favor do afastamento da petista do cargo.
Cunha sabia que qualquer relator seria pressionado pelo Pal�cio do Planalto, por isso queria uma pessoa de sua extrema confian�a. Ele escolheu o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que estava reticente e s� foi convencido a cumprir a tarefa depois que o peemedebista sinalizou que poderia indicar o petebista como seu sucessor na Presid�ncia da C�mara.
"O Eduardo disse para o Jovair: 'estou aqui decidindo o futuro da C�mara'", contou o deputado Paulinho da For�a (SD-SP), que acompanhou a conversa. "O Eduardo saiu da sala e eu completei: 'viu que ele vai te indicar presidente? Ele pediu um tempinho para pensar, e aceitou'", afirmou.
Cobran�a
Aliados de Cunha v�o cobrar os compromissos firmados por Temer. Neste domingo, o deputado Andr� Moura (PSC-SE) fez quest�o de acompanhar o ex-ministro Eliseu Padilha, bra�o direito de Temer, na visita que ele fez na C�mara para seu �ltimo corpo a corpo com as lideran�as.
Al�m das cobran�as dos espa�os e cargos negociados nos bastidores, a expectativa entre os partidos que deixaram da base aliada de Dilma � de que Temer apresente propostas concretas para discuss�o no Congresso, logo ap�s a conclus�o do impeachment. "Temer tem mais habilidade porque � da �rea, mas vai pegar uma situa��o muito complicada na pol�tica e na economia. N�o vai ter vida f�cil", considerou o ex-ministro de Dilma e l�der do PP, Aguinaldo Ribeiro.
Expectativa
A vota��o na C�mara foi acompanhada por Michel Temer, familiares e aliados no Pal�cio do Jaburu, resid�ncia oficial da Vice-Presid�ncia. Eles usaram uma um pequena sala de cinema que fica no subsolo do pr�dio. Temer passou a tarde o tempo todo na companhia do ex-ministros Eliseu Padilha e Henrique Eduardo Alves. Ele almo�ou salada, arroz, frango e lagarto. Inicialmente, n�o estava prevista a presen�a dele na capital federal, que decidiu deixar S�o Paulo na noite da �ltima sexta-feira ap�s ser pressionado por aliados e diante da "guerra psicol�gica" instaurada nos dias que antecederam a vota��o.
No domingo, a ansiedade do vice-presidente com a vota��o do impeachment se mostrou no n�mero de liga��es feitas ao longo do dia a Eliseu Padilha, respons�vel pela tabula��o dos votos. No fim da manh�, Temer j� havia telefonado pelo menos quatro vezes para Padilha. O Estado de S. Paulo acompanhou uma das liga��es. "� mentira, � mentira. Ele est� com a gente", disse o ex-ministro, referindo-se � suposta mudan�a de voto do deputado Alberto Filho (PMDB-MA). As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.