
O novo depoimento de Julio Camargo ocorreu na quinta-feira, 14, em Curitiba, base da Lava-Jato.
Ele � o delator que em 2015 revelou ter sido pressionado pelo presidente da C�mara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), por uma propina de US$ 5 milh�es. O relato do lobista teve peso decisivo na den�ncia que a Procuradoria-Geral da Rep�blica apresentou ao Supremo Tribunal Federal contra o parlamentar, por corrup��o e lavagem de dinheiro.
At� aqui a Lava-Jato identificou R$ 5,3 milh�es que teriam sido pagos a Gim Argello. Uma parte repassada pela UTC (R$ 5 milh�es) destinada aos quatro partidos da Coliga��o Uni�o e For�a, nas elei��es de 2014 - o Minist�rio P�blico Federal destaca que n�o h� informa��o de que as legendas soubessem da origem il�cita dos valores.
Outra parte foi depositada pela OAS (R$ 350 mil) na conta da Par�quia S�o Pedro, de Taguatinga - cidade sat�lite de Bras�lia -, frequentada pelo ex-senador.
Em troca desses repasses os empres�rios Ricardo Pessoa, da UTC, e L�o Pinheiro, da OAS, n�o foram chamados para dar explica��es �s duas CPIs. Em nenhuma das duas comiss�es houve convoca��o dos empres�rios para depor. Em seu depoimento, o delator diz que ele, Argello e L�o Pinheiro buscaram outras empreiteiras para relatar a cobran�a, mas n�o deu mais detalhes sobre como a situa��o foi tratadas por elas: Odebrecht, Queiroz Galv�o, Andrade Gutierrez e Engevix.
Nesse novo depoimento, realizado na quinta, 14, J�lio Camargo citou tr�s encontros com Gim Argello e outros empreiteiros ap�s a instala��o das duas CPIs. Segundo o delator, a preocupa��o com as comiss�es fez os empreiteiros investigados se articularem, organizados pelo ex-presidente da OAS L�o Pinheiro. Com isso, ele e L�o Pinheiro participaram da primeira reuni�o com o ent�o senador, em Bras�lia.
"Gim Argello disse que a inten��o n�o era ir contra os empres�rios, mas contra as pessoas das Petrobras envolvidas em processos irregulares da empresa; que Gim Argello disse que chamaria todo o setor e pediu a L�o Pinheiro e ao depoente para avisar a alguns dos empreiteiros", afirmou o delator. Ent�o, ele e L�o Pinheiro teriam ficado respons�veis por avisar as outras empresas sobre a demanda que, no primeiro encontro ainda n�o estava clara que se tratava de propina e o pr�prio L�o Pinheiro teria comentado.
"L�o Pinheiro, mais experiente que o depoente, perguntou se teria que haver pagamento de propina, disfar�ada em contribui��o pol�tica; que Gim Argello disse que deixassem esse assunto para a pr�xima reuni�o", disse.
No segundo encontro, contudo, o ex-senador teria sido mais direto e dito que tinha a 'miss�o' de cobrar R$ 5 milh�es dos empres�rios. "Gim Argello disse que n�o queria pressionar o empresariado, mas que aproveitaria a CPI para arrecadar contribui��es, pois estava pr�ximo das elei��es; que Gim Argello disse que essa era uma miss�o que tinha recebido, um 'pepino', que Gim Argello disse que queria R$ 5 milh�es por empresa", relatou o lobista. O senador ainda teria deixado claro em outra ocasi�o que quem n�o pagasse a propina seria convocado.
Na �poca conselheiro da Toyo Setal junto com Augusto Mendon�a Neto, outro delator da Lava Jato, J�lio Camargo disse aos investigadores que sua empresa era menor e n�o tinha condi��o de arcar com os R$ 5 milh�es e , por isso, teria negociado uma redu��o para R$ 2 milh�es, que foi informada a Argello em uma terceira reuni�o. Os repasses, ent�o, teriam sido acertados via doa��es oficiais da Toyo Setal, junto com Paulo Roxo e Val�rio Neves, suspeitos de operarem os pagamentos a mando de Argello e que foram soltos nesta sexta-feira, 15.
A defesa da OAS n�o comentou o caso. A Andrade Gutierrez j� firmou um acordo de dela��o premiada, homologado pelo Supremo Tribunal Federal e que est� sob sigilo. A Odebrecht anunciou que busca fazer o que chamou de 'colabora��o definitiva', mas oficialmente o Minist�rio P�blico Federal informa que as negocia��es com a empreiteira n�o avan�aram. A empresa n�o quis comentar o caso. A reportagem tentou contato telef�nico com a assessoria da Queiroz Galv�o, mas ningu�m atendeu.
A defesa de Gim Argello informou que n�o comenta investiga��es em andamento.
Em nota, a assessoria da Engevix afirma que "todas as informa��es pertinentes ao caso foram prestadas �s autoridades respons�veis pelas investiga��es".