S�o Paulo, 25 - Em seu primeiro pronunciamento p�blico ap�s a aprova��o da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff (PT) pelo plen�rio da C�mara dos Deputados, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva criticou duramente o parlamento brasileiro, dizendo que, em conjunto com a grande imprensa, a Casa � comandada por uma quadrilha que tem o intuito de implantar a agenda do caos no Pa�s. "Pe�o que levem aos seus pa�ses a mensagem que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment", disse o ex-presidente a uma plateia composta por lideran�as internacionais da Alian�a Progressista, reunindo representantes da �frica, �sia, Am�rica Latina, Oceania e Europa, entre elas o PRD do M�xico, o Partido Democr�tico Italiano e o social democrata (SPD) alem�o.
Sem citar nominalmente o vice-presidente Michel Temer, Lula disse que a Constitui��o brasileira est� sendo "rasgada hipocritamente pelos que ostentam o t�tulo de constitucionalista", numa refer�ncia ao peemedebista ser advogado constitucionalista. E disse que o Pa�s vive "uma farsa que envergonha o mundo", pois Dilma n�o cometeu crime algum e "os corruptos e oportunistas no Congresso" votaram a favor de seu impeachment. E qualificou a vota��o na C�mara da seguinte forma: "Houve um pelot�o de fuzilamento composto pelo que h� de mais repugnante na pol�tica, o que ocorre hoje no Brasil � muito grave."
Lula reiterou o que j� havia dito o presidente nacional do PT, Rui Falc�o, que seu partido ir� lutar e n�o dar tr�gua a um eventual governo Michel Temer. "N�s do PT vamos resistir, vamos lutar, porque com a democracia n�o se brinca. Se preparem porque se pensam que v�o destruir o PT e a nossa motiva��o, � s� olhar para as ruas e ver a diferen�a do nosso povo." E disse que a elite n�o aguenta mais ver o PT no poder e que o argumento que eles, a imprensa e a direita utilizam � o mesmo que fez Hitler e Mussolini crescerem. Lula previu tempos dif�ceis e de embate no Pa�s, com o processo de impeachment de Dilma em andamento.
Apesar do diagn�stico de que o impeachment � golpe, Lula reconheceu que o governo de sua afilhada pol�tica enfrenta problemas e cr�ticas dentro do pr�prio PT. "N�o quero que defendam a Dilma, seu governo tem problemas econ�micos, condu��es equivocadas que o PT discorda, mas se erro de governo e momento ruim da economia for pra levar presidente e primeiro-ministro a impeachment e a voto de desconfian�a, ningu�m dura dois anos no comando de um Pa�s."
Lula afirmou que est� em jogo muito mais do que o mandato de Dilma. "� o voto de milh�es de brasileiros, (a oposi��o) quer interromper um processo hist�rico, o que est� em risco � a melhoria de vida dos trabalhadores e dos mais humildes. No Brasil o processo democr�tico abriu espa�o para os mais humildes, numa revolu��o pac�fica, conquistada pelo voto popular", disse ele, destacando que em seu governo o PT tirou o Pa�s do vergonhoso mapa da fome, libertando as pessoas da pobreza, dobrando o sal�rio m�nimo e abrindo as universidades para os exclu�dos.
Para Lula, "a sociedade brasileira ir� reagir com vigor contra este golpe" porque n�o aceita manipula��o nem a criminaliza��o do PT. "O Pa�s � maior do que a mentira e a manipula��o, o combate � corrup��o e � impunidade � essencial � sociedade e ningu�m fez mais do que o PT neste combate." E disse que "os golpistas querem voltar ao poder para barrar as investiga��es e trazer de volta o reino da impunidade que sempre os preservou".
Segundo o petista, a gest�o de seu partido no comando do Pa�s tornou mais justa e equilibrada a situa��o na Am�rica Latina. "Nossa regi�o tornou-se menos vulner�vel ao �dio e ao terrorismo." Ele avaliou que a crise internacional levou a falhas do governo que precisam ser corrigida, mas disse que tamb�m � verdade que a oposi��o "derrotada nas urnas optou pela estrat�gia golpista para voltar ao poder". E emendou: "Enquanto o governo se esfor�ava para equilibrar contas p�blicas, a oposi��o trabalhou para nos sabotar".
Ao falar de Eduardo Cunha, o petista disse que ele est� sendo motivado "pelo desejo claro de vingan�a" porque o Partido dos Trabalhadores n�o quis acobert�-lo no Conselho de �tica, onde sofre processo por ter mentido sobre contas no exterior. "Gesto claro de vingan�a onde se juntaram os perdedores das elei��es e a marcha golpista se intensificou quando Dilma me chamou para integrar seu minist�rio, fizeram isso porque n�o se importam com o Pa�s, apenas com seu projeto de poder."
O discurso do ex-presidente durou cerca de 50 minutos, pouco menos da metade desse tempo foi um texto lido por Luiz Dulci, ex-ministro e diretor do Instituto Lula, em raz�o de Lula estar af�nico, e a outra parte, um pouco mais longa, foi feita de improviso, onde o petista fez as suas mais duras cr�ticas ao atual cen�rio onde o impeachment est� em discuss�o no parlamento e no dia em que o Senado Federal define os membros da Comiss�o Especial que analisar� o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Lula participou na manh� desta segunda-feira, 25, de semin�rio internacional da Alian�a Progressista, com o tema "Democracia e Justi�a Social", em um hotel da capital paulista, organizado pelo seu partido, o PT. Al�m de Lula e dirigentes petistas, o evento conta com a participa��o de l�deres de organiza��es partid�rias de v�rios pa�ses.
Manifestantes pr�-impeachment e a favor do governo Dilma Rousseff protestaram em frente ao hotel onde o evento foi realizado. A Pol�cia Militar precisou intervir para separar os grupos de manifestantes.