
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva reuniu-se nesta segunda-feira, 25, com Dilma e tratou do assunto. Pela primeira vez desde que teve a nomea��o suspensa para a Casa Civil, h� 41 dias, Lula foi ao Pal�cio do Planalto. � noite, jantou com Dilma e com ministros, no Alvorada. Para Lula, por�m, a hora � de concentrar esfor�os no movimento de resist�ncia ao impeachment.
A ideia de novas elei��es conta com o apoio da maioria do PT e at� do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que h� anos trava disputa com o vice-presidente Michel Temer sobre os rumos do PMDB. At� recentemente, Dilma resistia a aceitar a abrevia��o do seu mandato, mas, segundo auxiliares, come�ou a perceber que precisa fazer um gesto de "pacifica��o". Ela descarta a ren�ncia, mas acha que a proposta de elei��es diretas pode ser uma contraofensiva ao que chama de "golpe".
Em conversas reservadas, ministros do PT argumentam que o plano, por si s�, tem o cond�o de p�r Temer contra a parede. Al�m disso, tudo ser� feito para atrair o PSDB do senador A�cio Neves (MG), que quer vetar a participa��o de integrantes de seu partido em eventual governo Temer.
Apesar de manter o discurso oficial de que � poss�vel virar o jogo do impeachment, senadores do PT e de partidos da base aliada do governo d�o como certa a aprova��o do afastamento de Dilma na primeira vota��o, no plen�rio do Senado, prevista agora para 15 de maio. Se este cen�rio for confirmado, a presidente ser� obrigada a se afastar por at� 180 dias.
PEC
Pelo cronograma tra�ado em gabinetes do Pal�cio do Planalto, o envio da Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) ao Congresso, sugerindo elei��es presidenciais em outubro - m�s das disputas pelas Prefeituras -, ocorreria justamente nesse per�odo. A PEC precisa ser votada em dois turnos em cada Casa do Congresso e s� � aprovada se obtiver tr�s quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).
"Vou lutar at� que elei��es diretas sejam realizadas, se eu for afastada do cargo, uma situa��o hipot�tica, que eu n�o acredito. Eu acredito que � desconfort�vel afastar uma pessoa inocente. Eu sou v�tima de uma conspira��o", afirmou Dilma, em entrevista ao Wall Street Journal.
Para Lula, se a presidente for mesmo afastada, a chance de ela retornar ao Planalto � remota. Mesmo assim, a estrat�gia consiste em infernizar a vida de Temer durante o prov�vel "ex�lio" de Dilma, para expor as "fragilidades" do peemedebista e montar uma esp�cie de "governo paralelo", em oposi��o ao novo ocupante do Planalto.
A ordem � resistir at� o julgamento final no Senado - que pode ocorrer em setembro -, entremeando a defesa pol�tica com recursos ao Supremo Tribunal Federal. "Se Temer assumir, ele n�o dura tr�s meses no cargo porque n�o aceitaremos isso. Haver� protestos em todo o Pa�s", insistiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "N�s n�o imaginamos que o PT queira exercitar a sua capacidade de fazer oposi��o fora da luta pol�tica convencional", provocou o ex-ministro Eliseu Padilha (PMDB), aliado de Temer.
De qualquer forma, o PT tamb�m j� prepara uma narrativa para disputar a elei��o presidencial de 2018. Embora seja alvo da Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal, e esteja na mira do Minist�rio P�blico, Lula ainda � o �nico nome do PT com potencial para concorrer � sucess�o de Dilma.
Nas fileiras do partido h� quem diga que, com a crise se agravando a cada dia, o impeachment da presidente pode representar a "salva��o" de Lula. O racioc�nio � que, se isso n�o ocorrer, ela continuar� "sangrando" at� 2018. Se sair antes, por�m, o PT poder� usar o discurso do "golpe" e de que teve uma presidente "apeada do poder".