Bras�lia, 02 - A sess�o desta segunda-feira, 2, da comiss�o do impeachment est� sendo marcada mais uma vez por confus�es entre senadores, causadas principalmente pela interrup��o da fala dos convidados. Em um desses momentos, governistas n�o perdoaram e aproveitaram para relembrar que um dos mais combativos senadores de oposi��o, o goiano Ronaldo Caiado (DEM), votou contra o impeachment do ex-presidente Collor.
Na �poca, Caiado era deputado federal pelo extinto PFL e integrava a chamada "tropa de choque de Collor". Ele seguiu at� o fim ao lado do presidente, que foi afastado.
A confus�o come�ou quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) interrompeu o procurador do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), J�lio Macedo de Oliveira. O especialista participou da comiss�o � convite da oposi��o. Ele foi contestado durante seu tempo de fala e come�ou a discutir com Gleisi se o Plano Safra estaria ou n�o nos relat�rios enviados pelo TCU ao Congresso.
"Vossa excel�ncia vai dizer que n�o �, eu vou dizer que �, e vamos ficar assim", reclamou das contesta��es. Enquanto isso, outros senadores interferiam na discuss�o e o som da campainha tentava abafar as diverg�ncias.
"Assim n�o � poss�vel!", reclamou Ricardo Ferra�o (PSDB-ES). "Ou � mantido o tempo, ou teremos que dar mais tempo ao convidado", disse Caiado entre tentativas da senadora Ana Am�lia (PP-RS), que presidia a sess�o, de conter a bagun�a.
"Veja bem, essa complac�ncia � s� porque � do PT?", reclamou Caiado, criticando as falhas nas tentativas de Ana Am�lia de impedir as interrup��es da senadora Gleisi.
"O senador Caiado quer ser o comentarista", zombou o petista Lindbergh Farias (RJ). "Pelo amor de Deus! A toda hora voc� interfere! � falta de educa��o", rebateu Caiado.
"Falta de educa��o sua, que votou contra o impeachment de Collor", contra-atacou Lindbergh em refer�ncia a Caiado. Nesse momento, para acabar com a discuss�o, Ana Am�lia precisou cortar os microfones.
Discurso
Caiado � um dos 14 senadores em exerc�cio atualmente que votaram no processo de impeachment de Collor em alguma fase da tramita��o, mas foi o �nico a ser contra o afastamento. � �poca, apenas dois pol�ticos desse grupo ocupavam a cadeira de senadores: Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e Raimundo Lira (PMDB-PB), que hoje, inclusive, preside a comiss�o especial de impeachment de Dilma. Os demais eram deputados.
Na sess�o de 1992, na C�mara dos Deputados, Caiado defendeu que o impeachment de Collor era um "golpe", mesmo argumento dos governistas que ele contesta hoje.
"Cidad�o simples l� do interior sabe muito bem que h� uma montagem, uma farsa que n�o convence ningu�m. Isso nada mais � do que um golpe pela tomada ao poder, que parte de quem n�o teve compet�ncia para ganhar na urna e n�o se curvou diante da decis�o maior em 1989", disse em discurso durante a sess�o.
Outros argumentos que hoje s�o usados pelos governistas como "impedimento do direito de defesa do presidente" e "falta de compet�ncia para ganhar nas urnas" tamb�m podem ser encontrados nas notas taquigr�ficas do Congresso Nacional, mas proferidos por Caiado 24 anos antes.
Confira outros senadores, e seus partidos na �poca, que participaram da vota��o pelo impeachment de Collor:
A�cio Neves (PSDB-MG): Sim
Eduardo Braga (PDC-AM): Sim
Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE): Sim
Garibaldi Alves Filho* (PMDB-RN): Sim
Jos� Maranh�o (PMDB-PB): Sim
Jos� Serra (PSDB-SP): Sim
L�cia V�nia (PMDB-GO): Sim
Paulo Bauer (PSDB-SC): Sim
Paulo Paim (PT-RS): Sim
Paulo Rocha (PT-PA): Sim
Raimundo Lira* (PFL-PB): Sim
Ronaldo Caiado (PFL-GO): N�o
Rose de Freitas (PSDB-ES): Sim
Wellington Fagundes (PL-MT): Sim
*J� eram senadores na �poca do processo, o restante eram deputados.