S�o Paulo, 07 - Homero Cesar Machado, um dos homens acusados pela presidente Dilma Rousseff de t�-la torturado nas depend�ncias da Opera��o Bandeirante (Oban), em 1970, morreu anteontem em S�o Paulo. Eram 5h50. O coronel de artilharia do Ex�rcito tinha 75 anos e estava em seu apartamento na Rua Joinville, no Para�so, na zona sul de S�o Paulo. Sofreu um enfarte.
Machado nasceu em 5 de setembro de 1940. Entrara no Ex�rcito em 1956 e permaneceu no servi�o ativo at� 1984. Durante o per�odo de um ano - setembro de 1969 a setembro de 1970 - ele comandou a equipe de interrogat�rio C da Oban, �rg�o criado em 27 de junho de 1969 em S�o Paulo para combater os grupos que decidiram se opor clandestinamente � ditadura militar.
Homero, como era conhecido, foi ouvido pela Comiss�o Nacional da Verdade (CNV) em 1.� de setembro de 2014. Desde 1979 era acusado por ex-presos pol�ticos de ter chefiado sess�es de tortura de prisioneiros em busca de informa��es que levassem ao desmantelamento de organiza��es como a A��o Libertadora Nacional (ALN), a A��o Popular (AP) e a Vanguarda Armada Revolucion�ria-Palmares (VAR-Palmares).
Em 16 de janeiro de 1970, seus colegas liderados pelo capit�o Maur�cio Lopes de Lima capturaram Dilma em S�o Paulo, ent�o militante da VAR-Palmares. Mais tarde, Dilma acusaria de tortura Homero. Lima e o major Benoni de Arruda Albernaz.
Meses antes, Homero teria chefiado as sess�es de interrogat�rio que levaram � morte de Virg�lio Gomes da Silva, o Jonas, militante da ALN que participara do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick - ele foi solto em troca da liberdade de 15 presos pol�ticos. � CNV, Homero negou a acusa��o. Disse que estava em casa, dormindo, quando Virg�lio morreu em 1969.
O Minist�rio P�blico Federal ainda o acusou de torturar o frei dominicano Tito de Alencar Lima, preso em fevereiro de 1970 - mais tarde, Tito se suicidaria durante seu ex�lio, na Fran�a, em 1974. �Ele dirigiu a minha tortura�, afirmou a ex-militante da AP, Derlei Catarina de Luca. �Ele n�o me bateu pessoalmente, mas assistiu a tudo, inclusive quando me tiraram a roupa�, afirmou Derlei, que foi acareada com Homero na CNV. Catarina ficou em coma em fun��o da tortura que sofreu. Ao v�-la em 2014, Homero se recordou. �Lembro que eu a interroguei, mas n�o a torturei.�
Pouco antes de encerrar seu depoimento � CNV, Homero se queixou. Disse que estava sendo submetido a um massacre e questionou a imparcialidade da comiss�o. Afirmou depois ao advogado Jos� Carlos Dias, um dos integrantes da CNV: �Eu pediria ao senhor que �gestionasse� junto ao Comando do Ex�rcito, para que ele pedisse desculpas, como institui��o. Porque n�s �ramos agentes do Ex�rcito, n�s n�o levantamos o bra�o e: �Vamos l�, pegar comunistas�. Os senhores deveriam �gestionar� ent�o para que as For�as Armadas pedissem desculpa � Na��o.�
Ao saber de sua morte, Derlei Catarina afirmou que rezou por Homero. �Acho que ele era um homem atormentado.� As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.