Amigo de Temer atuou em contrato suspeito de usina

S�o Paulo, 22 - A Argeplan Arquitetura e Engenharia Ltda., que tem como s�cio o coronel aposentado da Pol�cia Militar de S�o Paulo Jo�o Baptista Lima Filho - amigo e ex-assessor do presidente em exerc�cio, Michel Temer -, participa de contrato nas obras da usina de Angra 3, no Rio. O neg�cio teria envolvido propina na Eletrobr�s no esquema de corrup��o comandado pelo PMDB na estatal, segundo a Opera��o Lava Jato.

Com custo estimado em R$ 14 bilh�es e obras atrasadas, Angra 3 envolveu propinas de 1% nos contratos ao partido de Temer, segundo relataram � for�a-tarefa delatores das empreiteiras UTC, Andrade Gutierrez e Camargo Corr�a. A obra, sob responsabilidade da Eletronuclear (controlada pela Eletrobr�s), foi dividida em v�rios pacotes contratuais.

O contrato �Eletromec�nico 1: �rea Nuclear da Usina�, do qual participa a Argeplan, foi assinado pela finlandesa AF Consult LTD em 24 de maio de 2012, dois anos ap�s a abertura de concorr�ncia internacional, pelo valor de R$ 162.214.551,43.

Por exig�ncia contratual, a finlandesa teve de subcontratar parcerias nacionais. Foram escolhidas a AF Consult Brasil, criada em 2006, e a Engevix Engenharia, que teve executivos condenados em dois processos da Lava Jato.

A Argeplan entra no neg�cio como s�cia da finlandesa AF Consult na constitui��o da AF Consult Brasil, que funciona em um escrit�rio em S�o Bernardo do Campo (SP). Lima atua comercialmente em nome da Argeplan desde 1980, mas entrou como s�cio efetivo em 2011 - um ano antes do contrato da AF Consult em Angra 3.

Mensagens

Ex-assessor de Temer na Secretaria de Seguran�a P�blica de S�o Paulo, Lima tem o nome citado em uma troca de e-mails de executivos da Engevix sobre negocia��es do contrato de Angra 3. O conte�do das mensagens refor�ou as suspeitas da Lava Jato de propina nas obras. Era agosto de 2014, per�odo anterior ao primeiro aditivo do contrato da finlandesa, aumentando em 4% o valor original.

�Em 21 de agosto de 2014, Samuel Fayad, funcion�rio da Engevix, encaminha um e-mail ao denunciado Jos� Antunes Sobrinho (s�cio da Engevix) dizendo que Othon Luiz (Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear) iria convocar as pessoas de Roberto e Lima para fechar o assunto do aditivo, e que Jos� Antunes tamb�m seria convidado para reuni�o�, registra a Procuradoria.

�Roberto� � Roberto Liesegang, su��o representante da AF, e �Lima�, Jo�o Baptista Lima, da Argeplan. Em 18 de outubro, Sobrinho volta a falar sobre �aditivo� e d� como resolvido o assunto - o aditivo da AF Consult seria assinado em 8 de dezembro de 2014.

Para a Lava Jato, as mensagens dos executivos da Engevix refor�am as suspeitas de que o ex-presidente da Eletronuclear, que seria sustentado no cargo pelo PMDB, �atuou ou se omitiu em favor dos interesses da empresa, recebendo vantagens indevidas�. O processo relativo � usina de Angra 3 foi aberto pelo juiz S�rgio Moro, em Curitiba, e remetido � Justi�a Federal no Rio. O caso agora est� com o Supremo Tribunal Federal, ap�s executivo da Andrade citar pessoas com foro.

Ao STF, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, afirmou que �h� reluzentes ind�cios de que o ocorrido no �mbito da Petrobr�s se refletiu no setor el�trico, por meio da Eletrobr�s�.

A Eletronuclear n�o quis comentar o caso. A Eletrobr�s determinou apura��es internas e externas nos contratos de Angra 3 e de outras �reas, incluindo o da AF Consult. Em nota, a Engevix afirmou que �a empresa j� prestou todos os esclarecimentos �s autoridades competentes�. Lima foi procurado por telefone em seu escrit�rio, na Argeplan, em S�o Paulo, e por e-mail nos �ltimos dois dias. Nem ele nem seu s�cio, Carlos Costa, responderam aos questionamentos enviados. A AF Consult Brasil tamb�m n�o se pronunciou. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.