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Estado de Minas

'Grita�o' contra a banaliza��o do estupro

Como��o e revolta foram as rea��es ao caso da v�tima de estupro coletivo, que teve as imagens divulgadas na internet


postado em 27/05/2016 00:12

Alessandra Mello e Juliana Cipriani

 

O caso da adolescente v�tima de um estupro coletivo em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que teve divulgada na internet sua imagem nua e desacordada em um v�deo ap�s a agress�o, est� causando como��o e revolta nas redes sociais. A garota foi identificada e tem apenas 16 anos. A Pol�cia Civil e o Minist�rio P�blico fluminense investigam o caso e tamb�m a divulga��o e o compartilhamento das imagens.

Al�m do protesto de pol�ticos, artistas e an�nimos, que pedem Justi�a na puni��o dos culpados e o fim do compartilhamento de v�deos como esse, coletivos feministas lan�aram ontem um “grita�o” contra a naturaliza��o do estupro. A atriz Let�cia Sabatela foi uma das primeiras a aderir � ideia. As pessoas tamb�m foram convidadas a trocar suas fotos de perfil nas redes com a inclus�o da frase “eu luto pelo fim da cultura do estupro”. Em menos de tr�s horas, mais de 30 mil haviam aderido.

O grita�o pretende reunir mulheres de todas as partes do Brasil dizendo n�o ao machismo, � misoginia e � viol�ncia, e em solidariedade � garota alvo das agress�es. “A ideia surgiu de discuss�es de coletivos feministas indignados com a forma como o caso foi tratado por algumas pessoas”, conta Manoela Miklos, feminista, doutora em Rela��es Internacionais e criadora da campanha #Agora�QueS�oElas, em que mulheres ocuparam o espa�o de escritores e jornalistas homens durante uma semana em mar�o, no m�s do Dia Internacional da Mulher.

“A gente ficou pensando em frases de efeito para tentar expressar nossa indigna��o, mas no fim decidimos que deveria ser mesmo um n�o. J� tentamos mil vezes explicar que isso � crime, n�o temos mais o que fazer. � n�o mesmo”, relata. A inten��o � juntar v�rios desses v�deos em um s� e postar um “grita�o” nacional com as hashtags #estupronuncamais e #n�opassar�o, explica Manoela.

Uma das apoiadoras � a fil�sofa e idealizadora da PartidA, um movimento que pretende criar um partido feminista brasileiro, M�rcia Tiburi. Para ela, o estupro tem que ser olhado como uma quest�o cultural para entender o motivo de o caso dessa garota n�o ser visto com indigna��o por todos. “Na experi�ncia cultural costumamos naturalizar tudo aquilo que se torna comum, di�rio e cotidiano. Tudo aquilo que n�o � questionado”, afirma M�rcia. Segundo ela, por isso t�m pessoas hoje rindo com o que aconteceu com a garota que foi estuprada no Rio de Janeiro.

“Pessoas que riem disso s�o aquelas pessoas que naturalizaram justamente esse dado cultural, mas, ao mesmo tempo, n�s n�o podemos naturalizar a ideia de que os homens s�o estupradores por natureza porque eles n�o s�o. As pessoas s�o criadas, educadas, formadas, generificadas, subjetivadas dentro do contexto cultural e da tradi��o que elas vivem, por isso precisamos combater a cultura do estupro contra toda forma de naturaliza��o”, defende a fil�sofa.


Redes sociais A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) usou sua p�gina no facebook para pedir justi�a. “A viol�ncia sofrida por uma menina em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, ultrapassa todas as fronteiras da barb�rie. Ela foi estuprada por 30 homens e teve fotos e v�deos divulgados na internet. Queremos a pris�o desses criminosos j�”, afirma. A parlamentar diz ainda que o empoderamento da mulher e o feminismo se fazem necess�rios cada vez mais para combater “essa cultura absurda”. “N�o abaixem a cabe�a”, pede.

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse acompanhar o caso, junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Mulher) e a Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele foi um dos que pediram a exclus�o da conta do twitter que divulgou o v�deo. “Lamentavelmente, n�o foi suficiente para evitar que o material fosse viralizado nas redes sociais, fato que aumenta o flagelo dessa menina e de sua fam�lia: al�m de possivelmente violentada de maneira absolutamente covarde, est� sendo exposta para milh�es de pessoas como se n�o fosse merecedora de dignidade. Isso � uma barb�rie”, disse. Ainda segundo Wyllys, os respons�veis pelo estupro e divulga��o “representam uma amea�a � dignidade humana de mulheres cis e transg�neros, homossexuais e bissexuais”. O deputado cobra uma a��o r�pida da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico.

Outra que manifestou sua revolta foi a deputada federal Maria do Ros�rio (PT-RS). No seu twitter, a parlamentar divulgou a not�cia e registrou: “Revolta! Basta de impunidade ao estupro e aos seus apologistas”. Tamb�m pelo microblog, o ator e ex-rep�rter do CQC Ronald Rios comentou o assunto. “A luta das mulheres n�o � para ter mais direitos que os homens. � para 30 caras n�o estuprarem uma mina e fazerem um liveblogging disso”, disse.

A ex-deputada federal que concorreu � Presid�ncia da Rep�blica em 2014, Luciana Genro (PSOL), considerou um “absurdo” o ocorrido no Rio. “Estupro coletivo filmado em v�deo � uma das coisas mais nojentas que j� vi. At� quando homens v�o se vangloriar de cometer crimes b�rbaros? Precisamos lutar diariamente contra a cultura do estupro. N�o podemos naturalizar a viol�ncia contra as mulheres!”, disse em sua p�gina.

Dezenas de an�nimos tamb�m compartilharam sua indigna��o com a situa��o da garota violentada nas redes sociais, pedindo que casos como este sejam denunciados e n�o sirvam de entretenimento para pessoas que compartilham esse tipo de imagem. “Penso que todos que compartilharam deveriam ser denunciados e indiciados”, diz um usu�rio do twitter que se identifica como Nelsin. “Aonde chega o ser humano? Fico me perguntando isso”, diz Henrique.

 

 

 

Exame para provar agress�o

 

 

 

A jovem de 16n anos que teve imagens publicadas nas redes sociais por dois homens que diziam que ela tinha acabado de ser estuprada foi submetida a exames m�dicos na manh� de ontem. Segundo a av� da mo�a, a v�tima foi encontrada por um agente comunit�rio, na Zona Oeste da cidade, e levada para a casa da fam�lia. A av� disse ter ficado chocada com o v�deo, em que um dos homens afirma que a jovem pode ter sido estuprada por mais de trinta criminosos. “Essa aqui, mais de 30, engravidou”, diz um homem n�o identificado.

“O v�deo � chocante, eu assisti, ela est� completamente desligada”, afirmou a av�. Ela disse que a neta tem o h�bito de frequentar comunidades e passar alguns dias sem dar not�cias, desde os 13 anos. A fam�lia, no entanto, nunca teve not�cias de que a mo�a sofresse abusos. A v�tima � m�e de um menino de tr�s anos.

A suspeita de estupro coletivo � investigada pela Delegacia de Repress�o aos Crimes de Inform�tica (DRCI). A jovem j� foi ouvida e as investiga��es est�o sob sigilo. Segundo a pol�cia, dois homens que publicaram imagens da mo�a desacordada e nua foram identificados. Um mora em Santa Cruz e outro na Cidade de Deus, na Zona Oeste. Os nomes dos envolvidos n�o foram divulgados.

A publica��o e o compartilhamento de imagens da jovem violentada causaram revolta nas redes sociais. Internautas pediram que as imagens n�o sejam compartilhadas.


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