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Estado de Minas

Delator da Lava-Jato 'desenterra' emenda da reelei��o no governo FHC

Ex-deputado Paulo Corr�a (PP/PE) afirmou aos investigadores que o epis�dio envolvendo o governo FHC "foi um dos momentos mais esp�rios" que ele presenciou em todos os anos de deputado federal


postado em 01/06/2016 09:07 / atualizado em 01/06/2016 10:14

S�o Paulo - Em sua dela��o premiada firmada com a for�a-tarefa da Lava-Jato, o ex-deputado Pedro Corr�a (PP-PE), condenado pelo juiz S�rgio Moro a 20 anos e tr�s meses de pris�o enquanto ainda cumpria sua pena no mensal�o, desenterrou um epis�dio pol�mico do Congresso durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB/1994-2002): a compra de votos de deputados para apoiar a emenda da reelei��o, em 1997.

Corr�a, que admitiu ter se envolvido em crimes desde seu primeiro mandato parlamentar, em 1978 pela extinta Arena, afirmou aos investigadores que o epis�dio envolvendo o governo FHC "foi um dos momentos mais esp�rios" que ele presenciou em todos os anos de deputado federal.

Segundo o delator, houve uma disputa de propinas. Pedro Corr�a disse que estavam em lados opostos o governo Fernando Henrique e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), que na �poca havia acabado de deixar a Prefeitura de S�o Paulo com alta aprova��o e com sua candidatura � Presid�ncia da Rep�blica cogitada.

O delator da Lava Jato relatou que por parte do governo federal a iniciativa da reelei��o foi liderada pelo ent�o ministro das Comunica��es S�rgio Motta (morto em 1998) e pelo ent�o presidente da C�mara Luis Eduardo Magalh�es (tamb�m morto em 1998 e na �poca do PFL) com o apoio do deputado Pauderney Avelino - atualmente l�der do DEM na C�mara - , dos ent�o governadores Amazonino Mendes (PFL-AM) e Olair Cameli (PFL-AC) "entre outras lideran�as governistas".

De acordo com Pedro Corr�a, essas lideran�as "compraram os votos para a reelei��o de mais de 50 deputados".

O delator, contudo, estava do outro lado da "disputa". "Al�m dos fatos j� narrados, o colaborador tamb�m participou deste epis�dio, mas de forma contr�ria, tentando alijar com propinas deputados em desfavor da emenda constitucional com recursos do ent�o ex-prefeito da cidade de S�o Paulo e hoje deputado federal, Paulo Maluf (PP-SP)", afirmou Pedro Corr�a aos investigadores.

Segundo o ex-deputado, naquela �poca Maluf - atualmente alvo de dois mandados de pris�o internacional por supostamente ter lavado dinheiro no exterior desviado da Prefeitura de S�o Paulo - havia terminado seu mandato na capital paulista com 90% de aprova��o e cogitava disputar a Presid�ncia. "Maluf sabia que seu maior concorrente seria o presidente � �poca, FHC, isso se o governo conseguisse passar a emenda da reelei��o".

Para tanto, relata Corr�a, Maluf convocou ele e os deputados Severino Cavalcanti e Salatiel Carvalho "para se contrapor ao governo e tamb�m cooptar, com propina, parlamentares que estivessem se vendendo ao governo FHC".

Maluf acabou sendo derrotado e o governo conseguiu, em uma vota��o esmagadora, aprovar a emenda que garantiu a Fernando Henrique - tamb�m com alta aprova��o popular na �poca - mais quatro anos de mandato. Em 28 de janeiro daquele ano, a emenda constitucional da reelei��o foi aprovada no plen�rio da C�mara em primeiro turno por 336 votos a favor, 17 contra e seis absten��es.

Na ocasi�o, a compra de votos foi denunciada em reportagem do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, que revelou grava��es de conversas parlamentares dizendo terem recebido R$ 200 mil para aprovar a medida. Um deles, Ronivon Santiago, admitiu ter recebido a quantia. Oito dias depois, os dois deputados flagrados nas grava��es renunciaram ao mandato e o caso foi arquivado pela Procuradoria-Geral da Rep�blica.

Defesas

Procurado pela reportagem, Fernando Henrique Cardoso disse que Pedro Corr�a apenas repetiu o que foi veiculado pela imprensa na �poca e que j� tratou do assunto em sua biografia lan�ada recentemente sobre o per�odo em que ocupou a Presid�ncia da Rep�blica, chamada "Di�rios da Presid�ncia". No livro, ele relata que o epis�dio foi uma "quest�o do Congresso".

Em um dos di�rios da Presid�ncia ele chega a relatar que foi informado por Luis Eduardo Magalh�es que Maluf teria oferecido R$ 1 milh�o ao deputado Fernando Brandt (PFL-MG), da comiss�o da C�mara que analisava a proposta da emenda constitucional da reelei��o, para votar contra a medida. No livro, por�m ele n�o cita outros parlamentares nem os detalhes relatados por Pedro Corr�a.

Paulo Maluf afirmou que o ex-presidente tucano � que deve ser ouvido sobre o caso. "O favorecido no epis�dio foi Fernando Henrique Cardoso com a sua reelei��o, e portanto � o FHC que deve ser ouvido", disse, por meio de sua assessoria.

O l�der do DEM, Pauderney Avelino, tamb�m se defendeu das acusa��es: "recha�o com veem�ncia as refer�ncias feitas a mim pelo ex-deputado Pedro Corr�a, autointitulado corrupto. N�o responderei aos bandidos e ladr�es do dinheiro p�blico", disse, em nota.

A reportagem entrou em contato e encaminhou e-mail para a assessoria de ACM Neto, da fam�lia de Luis Eduardo Magalh�es, mas n�o obteve retorno. Os demais pol�ticos que ainda est�o vivos citados na dela��o n�o foram encontrados para comentar o caso e o espa�o est� aberto para a manifesta��o deles.


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