Londres, 17 - O antigo advogado-geral da Uni�o do governo Dilma Rousseff, Luis In�cio Adams, avalia que a dela��o de S�rgio Machado, que envolveu uma s�rie de nomes pr�ximos ao grupo pol�tico de Michel Temer, "arrefeceu o processo" que se esperava com rela��o ao governo do peemedebista. O advogado disse ainda que deve participar do processo de defesa de Dilma no Senado com uma "atua��o t�cnica".
"Sergio Machado arrefeceu o processo que se esperava nessa transi��o. Tentou se jogar � presidente Dilma a responsabilidade pela crise. Que ela n�o respeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal, que n�o soube conduzir o processo com a rela��o com o Congresso. Em suma, isso n�o se confirmou", disse Adams, ao comentar a dela��o, que mostra que o esquema de financiamento irregular de campanha � muito mais amplo que o governo anterior de Dilma Rousseff.
A afirma��o foi feita durante o Brazil Forum 2016, evento organizado pelos alunos da London School of Economics e a Universidade de Oxford. Sobre o processo de impeachment no Senado, Adams disse que deve participar da defesa de Dilma com "uma opini�o t�cnica, um testemunho t�cnico".
Adams deve participar da defesa especificamente sobre o caso das pedaladas fiscais. O ex-AGU comentou ainda a abertura de uma sindic�ncia do atual titular da AGU contra o ex-advogado-geral da Uni�o Jos� Eduardo Cardozo, Adams disse que "achou a iniciativa desnecess�ria".
"O AGU � um advogando defendendo o processo de impeachment. Eu posso concordar ou discordar dos argumentos, mas acho que n�o precisava." Apesar da crise pol�tica, Adams diz estar otimista com a atual situa��o pol�tica do Brasil. "Muitos perguntam se estamos no pior ou no melhor momento. Acho que este � o melhor momento. Vivemos uma experi�ncia democr�tica �nica na sua hist�ria", disse Adams.
Ele argumenta que o maior engajamento da popula��o � algo que fortalece a democracia. "H� possibilidade de profunda mudan�a da rela��o com o eleitor que est� reconquistando a representatividade." Adams reconhece, por�m, que h� problemas na representa��o pol�tica e sugere, entre outras coisas, o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais.
O ex-AGU diz que uma das raz�es para o problema da representa��o � a elevada fragmenta��o partid�ria. Ele deu como exemplo o partido que deveria representar as mulheres, mas tem como representante um homem. "Temos uma rela��o utilit�ria", diz. Outro problema que precisa ser resolvido � o financiamento de campanha, que precisaria ser completamente repensada. Apesar disso, ele reconhece que esse mesmo Congresso aprovou todo o arcabou�o vital para o processo de combate � corrup��o visto atualmente.