Vereadores recebem proposta de R$ 100 mil em troca de voto

De olho na elei��o deste ano � Prefeitura de Governador Valadares, pol�ticos investigados na Opera��o Mar de Lama – a for�a-tarefa que apura uma rede de corrup��o no Executivo e no Legislativo da maior cidade do Vale do Rio Doce, em Minas – ofereceram uma vultosa propina a um grupo de nove vereadores. Cada um receberia de R$ 100 mil a R$ 130 mil. � o que revela a dela��o premiada – � qual o Estado de Minas teve acesso – de Jefferson Lima, preso em maio, e que envolve o presidente do Esporte Clube Democrata, Edvaldo Soares, um dos pr�-candidatos do PMDB � prefeitura.

O promotor Evandro Ventura, do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), concordou com a dela��o premiada por Jefferson ser ex-diretor do Servi�o Aut�nomo de �gua e Esgoto (Saae), autarquia municipal onde nasceu a organiza��o criminosa, e um dos homens de confian�a de Omir Quintino, apontado como um dos cabe�as do grupo que desviou dinheiro do Executivo e orquestrou o pagamento de propinas no Legislativo.

A confiss�o ser� checada ponto a ponto pelo promotor: “Vou convocar Edvaldo para esclarecimentos”. O delator contou que o cartola do Democrata almejava ser o vice na chapa do PT – encabe�ada provavelmente pelo deputado federal Leonardo Monteiro – � sucess�o de Elisa Costa, que est� no segundo mandato e n�o pode disputar novamente. Para conseguir o passaporte na chapa, segundo a dela��o, Edvaldo acreditava que, primeiramente, deveria ser eleito presidente do diret�rio municipal do seu partido, o PMDB.

 

 

 

Ele avaliou que chegaria � presid�ncia da legenda com maior facilidade, ainda segundo o delator, se o �nico vereador do PMDB, Doutor Marc�lio, fosse eleito presidente da C�mara. Em outras palavras, teria o caminho aberto. Por isso, afirmou Jefferson ao promotor, o manda-chuva do time de futebol estava disposto a desembolsar a fortuna.

O contato de Edvaldo seria Omir (o cabe�a da organiza��o). Ele, por sua vez, procurou o ent�o presidente do Legislativo, Geovane Hon�rio (PT). Foi o que Jefferson contou ao promotor: “Edvaldo ofereceu a Geovane Hon�rio, por interm�dio de Omir, de R$ 100 mil a R$ 130 mil para cada parlamentar”. Mas o plano n�o vingou. Segundo o delator, por causa da gan�ncia do parlamentar encarregado de arregimentar os votos em favor do peemedebista.

Jefferson afirmou que Geovane Hon�rio “mentiu” para os colegas, “dizendo que Edvaldo tinha oferecido cerca de R$ 30 mil” para quem votasse em Doutor Marc�lio. Para o delator, o ent�o presidente da C�mara “queria embolsar o restante do dinheiro”. A trapa�a foi descoberta e os vereadores, ainda conforme a confiss�o de Jefferson, se rebelaram: “Por ato de rebeldia, votaram em Adauto Carteiro”.

Desde maio, Carteiro, Geovane e mais 10 parlamentares est�o afastados do cargo, por decis�o judicial, acusados de receberem propinas, como um mensalinho pago pela Valadarense, empresa que det�m o monop�lio do transporte de passageiros na cidade. Dos 12 vereadores, cinco est�o presos. Todos s�o alvos de processos na Comiss�o de �tica e Decoro do Legislativo, que tem at� o fim da primeira quinzena de julho para se manifestar pela cassa��o ou n�o dos mandatos.

Apoio

Na semana passada, a Justi�a aceitou den�ncia do MPMG contra os 12 parlamentares. Doutor Marc�lio n�o � investigado na Mar de Lama. Ele desconhece o conte�do da dela��o premiada de Jefferson. “O Edvaldo, realmente, queria ser presidente do diret�rio municipal. Mas n�o entrou em contato comigo em nenhum instante para me dizer que iria me apoiar. Digo que, at� semana passada, (o cartola) era pr�-candidato � prefeitura. O Renato Fraga (atual presidente do diret�rio municipal do PMDB) se colocou como candidato, mas ele est� fazendo composi��o com outros partidos;”

J� o presidente do Democrata n�o retornou o pedido de entrevista. Geovane, ex-presidente do Legislativo, n�o atendeu o telefone celular. A reportagem tamb�m n�o conseguiu contato com os advogados de Omir e Jefferson. A dela��o premiada dele inclui outras confiss�es, como um esquema para desviar dinheiro do Instituto de Previd�ncia dos Servidores Municipais, o Iprem.

Jefferson fazia parte do conselho deliberativo da entidade e trabalhava para ser o presidente do instituto. Ele e outros integrantes do grupo souberam que o Iprem construiria uma nova sede e pretendiam superfaturar o projeto. O delator informou ao promotor que ele e outro investigado “combinaram realmente que seria importante indicar uma pessoa da confian�a de ambos para que ele pudesse superfaturar o projeto e, consequentemente, os envolvidos ficarem com os valores superfaturados”.