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Estado de Minas

Livro de poesias retrata crise pol�tica nacional

"O pau do Brasil", do professor Wilson Alves Bezerra, re�ne 18 textos traz um panorama do pa�s com humor e cita��es ir�nicas


postado em 22/06/2016 15:57 / atualizado em 22/06/2016 17:44

(foto: Editora Urutau/Divulgação)
(foto: Editora Urutau/Divulga��o)
A crise pol�tica nacional e as den�ncias da Opera��o Lava-Jato viraram tema de 18 poesias escritas pelo professor do Departamento de Letras (DL) da Universidade Federal de S�o Carlos (UFSCar), Wilson Alves Bezerra.

Os textos est�o reunidos no livro O pau do Brasil, da Editora Urutau. Com muito humor e cita��es ir�nicas, o livro traz um panorama do Brasil sob a crise pol�tica.

A gota d'�gua para o livro foi a vota��o do processo de impeachment na presidente Dilma Rousseff (PT) na C�mara dos Deputados, em 17 de abril.

“Independente da posi��o pol�tica do cidad�o, ver tantos discursos de �dio, tanto carnaval e t�o pouca pol�tica no Congresso foi chocante. N�o por acaso aquelas cenas rodaram o mundo, na imprensa internacional. Entendo que � papel da arte, em geral, e em especial, da literatura, de fazer pensar sobre os momentos de exce��o, seja do sujeito, seja da sociedade”, alega Wilson Bezerra.

De acordo com o professor, o objetivo do livro � expor o fracasso do processo civilizat�rio brasileiro, e o grau de indig�ncia a que chegou a pol�tica, contribuindo para um reflex�o do leitor. Para isso, retrata os discursos de intoler�ncia que circulam no Brasil, as manifesta��es de rua, os discursos dos pol�ticos, e trechos de documentos p�blicos, dela��es e cartas. “Tudo isso reconstru�do como num pesadelo”, diz.

Veja trechos de alguns poemas

"As ruas est�o desertas, est�o cheias de pessoas, as ruas est�o cheias de policiais, as ruas est�o cheias de selfies e de ais, de bombas e de hinos nacionais. A rua quer fazer uma linguagem, que ligue uma rua �s outras; mas a rua sempre parece pouca, para a estrada aonde vai. As ruas, � queima-roupa, incendeiam a crina dos cavalos dos policiais; as ruas tiram fotos das ruas num espet�culo de se masturbar. As ruas escancaradas sorriem para os jornais.”

“Senhor, venha agendar sua morte em terra tropical de av�cola belezura. Venha entre morenas �ndias com cachos de tetas murchas, venha entre os bagos vermelhos conhecer os pentelhos inexistentes ind�genas. Venha morrer como fazemos h� meio mil�nio, pois n�o faltar�o modalidades na copa dos corpos importados. Morrer de noite de susto de dengue de pressa de sangue de tiro. Aqui se morre feliz. Se morre depressa.”

“Fa�amos as contas, milongas, conchavos e depois, escondidinhos, de carnes secas, fa�amos nossas sepulturas. Fa�amos de conta, fa�amos um rombo, nas sombras, fa�amos apelidos para os pr�ceres, n�o doer�, sabemos que n�o, � assim, foi assim e sempre ser�. Mudaremos as moscas da carni�a, mudaremos os ternos e as cores das gravatas, apenas, e as novas larvas se comprazer�o em dizer: fa�amos as contas, de conta, fa�amos conchavos e, ao largo, fa�amos como sempre foi.”


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