Bras�lia, 18 - Na mesma semana em que come�ou a campanha eleitoral nos munic�pios brasileiros, o presidente em exerc�cio Michel Temer (PMDB) retirou dos governadores do Nordeste a execu��o de obras destinadas ao combate � seca para transferi-la ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), �rg�o controlado predominantemente por peemedebistas.
O Pal�cio do Planalto tamb�m decidiu aumentar o valor repassado a Estados governados pelo PMDB, como Sergipe e Alagoas. A decis�o ocorreu ap�s uma reuni�o no Pal�cio do Jaburu, no domingo, entre Temer e o ministro da Integra��o Nacional, Helder Barbalho, presidente em exerc�cio do PMDB do Par� e filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
A decis�o reverte um acordo feito pela presidente afastada Dilma Rousseff de que caberia aos governadores a gest�o desses recursos. A ger�ncia das verbas para obras contra seca costuma ser disputada por nomes de todos os partidos pelo fato de servir como arma eleitoral por pol�ticos da regi�o.
A libera��o dos recursos foi autorizada por Temer com a edi��o da uma medida provis�ria no fim de julho que abriu cr�dito extraordin�rio de R$ 789,9 milh�es para a��es emergenciais no Nordeste, que enfrenta o quinto ano consecutivo de seca, segundo a Ag�ncia Nacional de �guas (ANA). Parte do valor ser� destinada para obras emergenciais, como a constru��o de adutoras e perfura��o e instala��o de po�os.
Segundo o Minist�rio da Integra��o Nacional, a decis�o de transferir a gest�o dos recursos se deu porque, na avalia��o do governo, o Dnocs � o �rg�o que tem "anos de experi�ncia em obras contra a seca". "A expertise do Dnocs est� acima de qualquer questionamento. � o �rg�o que tem mais know-how e especializa��o em obras emergenciais de seca", disse o ministro, por meio de sua assessoria.
Dos nove Estados do Nordeste, s� o Maranh�o n�o faz parte do plano, pois n�o enfrenta seca como os outros. Na regi�o, segundo pesquisas, Temer tem o maior �ndice de rejei��o.
Indica��es
A decis�o de Temer favorece o PMDB na medida em que o Dnocs � controlado na maior parte dos Estados pelo partido. No Cear�, por exemplo, o l�der do PMDB no Senado, Eun�cio Oliveira, � o respons�vel pela indica��o tanto do coordenador regional quanto do diretor-geral nacional do �rg�o. O senador � advers�rio pol�tico do governador cearense, Camilo Santana (PT).
No Rio Grande do Norte, a indica��o do coordenador do �rg�o partiu do senador Garibaldi Alves (PMDB) e do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB). Ambos s�o advers�rios do governador Robinson Faria (PSD). Na Para�ba, o favorecido ser� o senador Jos� Maranh�o (PMDB-PB), padrinho do coordenador regional do Dnocs. Ele � advers�rio do governador Ricardo Coutinho (PSB), que se posicionou contra o impeachment de Dilma.
Em Estados administrados pelo PMDB, as obras tamb�m ser�o tocadas pelo Dnocs, mas a Integra��o Nacional ampliou os recursos que ser�o enviados, por ordem de Temer.
Para Alagoas, governado por Renan Filho (PMDB), o presidente em exerc�cio mandou aumentar o repasse de R$ 2 milh�es para R$ 10 milh�es, segundo a pasta. O governador � filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que vem se aproximando de Temer nas �ltimas semanas. O mesmo aconteceu em Sergipe, administrado por Jackson Barreto (PMDB), onde saltar� de R$ 3 milh�es para R$ 10 milh�es.
Nos Estados controlados pela oposi��o, a decis�o favoreceu aliados de Temer, como no Piau�, administrado pelo petista Wellington Dias, onde o Dnocs � comandado por aliados do senador Ciro Nogueira (PP).
'Politiza��o'
Governadores criticaram a decis�o de Temer. "N�o quero acreditar que isso foi feito por quest�es pol�ticas", disse o governador do Cear�. Robinson Faria disse ter recebido "com surpresa" a decis�o.
J� o candidato a vice-prefeito de Jo�o Pessoa (PMDB-PB), deputado Manoel J�nior, avalia que os governos estaduais "politizam" a execu��o dos recursos. "Quando o governo manda dinheiro, eles s� gastam nos munic�pios que eles t�m interesse." Eun�cio reconhece o sucateamento do Dnocs, mas diz que a mudan�a vai contribuir para revaloriz�-lo.