
"Vejam o que aconteceu com o Brasil. Contra a Constitui��o, o Senado declarou que a pessoa que sofreu o impeachment tenha seus direitos pol�ticos. � uma contradi��o", disse o tucano durante o semin�rio Democracias Turbulentas e o Sistema Internacional, realizado na quarta-feira pela Funda��o FHC.
Para ele, a decis�o representou "pouco respeito � rule of law (regra da lei)". "� muito mais um problema de atraso pol�tico cultural. Isso n�o � uma coisa que esteja condensada num partido, se de esquerda ou de direita, mas est� em todos os lados", afirmou o ex-presidente, em refer�ncia ao que considera idiossincrasias da cultura pol�tica nacional.
Para FHC, a democracia brasileira ainda est� em processo de evolu��o. "� que uma boa parte dos agentes pol�ticos quer um v�nculo com o Estado para salvar vantagens, para si mesmo, para seu grupo corporativo. S�o clientelistas, patrimonialistas. Nesse sentido, temos evolu�do? Creio que sim."
O ex-presidente deu como exemplo a vota��o que aprovou o processo de impeachment de Dilma na C�mara. "Quem assistiu � sess�o ficou horrorizado. As motiva��es s�o as mais bizarras", disse. Ainda assim, segundo o tucano, as institui��es pol�ticas no Brasil est�o fortalecidas. "Existe uma no��o de direito." FHC afirmou ainda considerar que o clientelismo � uma pr�tica cultural no Brasil.
Reformas
Fernando Henrique avaliou que os direitos sociais conquistados com a Constitui��o de 1988 est�o assegurados, sem retrocessos, pelo fato de haver hoje uma cobran�a social. "Isso tudo imbricado numa sociedade onde todos t�m um computador em seu bolso, as redes sociais funcionam, a fragmenta��o da informa��o � enorme, existe respeito � pessoa humana", afirmou.
Em sua avalia��o, mesmo na atual fase de "desordem fiscal e paralisia", o governo deve realizar as reformas necess�rias para o Pa�s voltar a crescer. "Atualmente no Brasil, seja quem seja, n�o pode fazer nada. Mas acho que � tempor�rio. Inclusive certos temas que aqui s�o atuais, certas reformas, s�o muito dif�ceis de alcan�ar, mas somente se alcan�a nesses momentos ('de desordem e paralisia') porque � t�o dram�tico que � preciso avan�ar", afirmou.