S�o Paulo e Curitiba, 15 - O procurador da Rep�blica Deltan Dallagnol, da for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato em Curitiba, afirmou nesta quinta-feira, 15, que "� natural que pessoas investigadas reajam" - numa refer�ncia aos ataques do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, denunciado na quarta, 14, por corrup��o e lavagem de dinheiro no caso do tr�plex do Guaruj�, que o petista nega ser dono.
Al�m de Lula, a mulher dele, Marisa Let�cia, e outros seis investigados s�o alvo da acusa��o por suposto envolvimento no esquema Petrobras de propinas.
"� natural que essas pessoas investigadas reajam. E quando essas pessoas s�o poderosas econ�mica e politicamente as rea��es tomam vulto. N�o nos surpreendemos, encaramos com naturalidade", disse Deltan, durante o evento 'Democracia' realizado na tarde desta quinta-feira, em Curitiba, base da for�a-tarefa da Lava Jato.
O procurador falou sobre o projeto 10 Medidas contra a Corrup��o, iniciativa do Minist�rio P�blico Federal que Deltan defende vigorosamente.
Na quarta, 14, o procurador classificou Lula de "comandante m�ximo do esquema de corrup��o" instalado na Petrobras.
Ele e outros procuradores da for�a-tarefa deram entrevista coletiva a dezenas de jornalistas, inclusive do exterior, com uso de power point - expediente que rendeu cr�ticas de aliados de Lula nas redes.
Deltan relembrou que esse modo de divulga��o da acusa��o contra investigados j� foi adotado em outros "momentos decisivos e transformadores da Lava Jato", ao longo de seus dois anos e meio de exist�ncia.
Sobre os questionamentos que tem ouvido e lido de que n�o teria apontado provas contra o petista, o procurador reportou-se � s�tima fase, deflagrada em novembro de 2014, que levou para a cadeia o primeiro grupo de empreiteiros acusados de liderar o cartel que corrompia agentes p�blicos e pol�ticos. E lembrou, ainda, da 14.� etapa, Erga Omnes, em junho de 2015, que alcan�ou a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, as duas maiores construtoras do Pa�s.
"Na 14.� fase chegamos a duas das maiores empreiteiras. No mesmo dia uma dessas empresas fez uma (entrevista) coletiva afirmando que n�o t�nhamos mais do que ind�cios e presun��es", disse Deltan, numa alus�o direta � estrat�gia de defesa de Lula que questiona o rol probat�rio da Lava Jato na den�ncia contra o ex-presidente.
"Falamos em presun��es, embora tiv�ssemos provas que consistiam nos dep�sitos pelas empreiteiras no exterior nas contas de funcion�rios p�blicos corrompidos", destacou Deltan Dallagnol.
"Os pr�prios agentes alvos de corrup��o vieram a confirmar que o dinheiro nas contas era oriundo de propinas", disse o procurador.
Ele reafirmou que o diagn�stico da Lava Jato � "perturbador".
Segundo o procurador, o esquema "mostrou-se muito mais amplo, envolvendo outras estatais como a Eletrobr�s e o Minist�rio do Planejamento".
Ele recha�ou argumento reiterado de aliados de Lula sobre uma suposta motiva��o pol�tico-partid�ria da acusa��o. Disse que mais de trezentos investigadores est�o mobilizados para as investiga��es.
"Somos treze procuradores, cinquenta t�cnicos do Minist�rio P�blico Federal, quarenta auditores da Receita e equipes numerosas da Pol�cia Federal, todos concursados e sem qualquer hist�rico de vida pol�tico-partid�ria. Todos fazem parte dessa 'conspira��o'?"
"A corrup��o � enraizada e hist�rica no Brasil."
"A corrup��o n�o est� vinculada a um partido A ou partido B, a um governo A ou um governo B."
"As pessoas podem questionar por que n�o denunciamos os crimes anteriores aos governos do PT. Porque os crimes prescreveram, demoramos muito para descobrir isso (a corrup��o sist�mica no governo)."
No in�cio de sua palestra, Deltan arrancou aplausos e gargalhadas da plateia, ao ironizar a repercuss�o sobre o uso de power point na coletiva da quarta-feira, quando foi anunciada a den�ncia formal contra Lula.
"Vou decepcionar voc�s porque n�o vou falar (sobre a den�ncia), nem vou usar nenhum slide aqui."