S�o Paulo - Condenado na Lava-Jato por intermediar o pagamento de milh�es em propinas no esquema de corrup��o na Petrobras, o lobista Jo�o Augusto Rezende Henriques afirmou, em seu interrogat�rio perante o juiz S�rgio Moro na quarta-feira (9/11), que nunca foi "apegado ao dinheiro".
O suposto desapego foi um dos argumentos do empres�rio para justificar o porqu� n�o soube afirmar ao juiz da Lava-Jato quem s�o os v�rios destinat�rios de pagamentos feitos por sua offshore Acona a outras contas no exterior.
O depoimento de Jo�o Henriques, apontado pelos investigadores como lobista do PMDB, foi tomado na a��o que tem como r� a mulher do ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha, Cl�udia Cordeiro Cruz. A Lava Jato identificou, com apoio do Minist�rio P�blico su��o, que parte da propina paga ao ex-deputado no exterior em contas secretas foi usada para bancar compras de luxo de Cl�udia.
“Eu tinha o controle do seguinte, a maior parte do lucro (da Acona) era meu. S� isso que eu tinha. Nunca fui apegado ao dinheiro, n�o. Gostava de executar as coisas. E eu sempre tive uma remunera��o, desde 2002 que eu ganho de R$ 2 milh�es a R$ 3 milh�es por ano. Eu sempre ganhei bem, porque eu sempre trabalhei na estrat�gia das coisas, sempre tive capacidade para definir a estrat�gia, com quem falar, como falar, como resolver, como agir”, afirmou.
Em maio de 2011, a Acona recebeu um total de US$ 10 milh�es da Lusitania Petroleum, empresa que controlava o campo de explora��o em Benin, na �frica, que foi vendido para a Petrobras naquele ano, em um neg�cio que teria contado com a consultoria de Henriques. Desta conta, o empres�rio repassou 1,3 milh�o de francos su��os para uma das offshores de Cunha, por meio de cinco transfer�ncias j� identificadas pela for�a-tarefa em Curitiba.
Al�m destas opera��es, a offshore de Henriques fez v�rios outros pagamentos para empresas cujos destinat�rios ainda n�o foram identificados.
Questionado reiteradas vezes por Moro sobre cada uma das transfer�ncias, o lobista disse que n�o saberia falar quem eram os destinat�rios. “Quando voc� transfere para uma conta, ela n�o tem o nome da pessoa, ela tem um swift (numero da conta)”, explicou o lobista.
O juiz da Lava Jato, ent�o, questionou novamente: “O senhor n�o sabe nem me relacionar se o pagamento � para X, para Y? Qual a causa desse pagamento?”. “N�o, n�s estamos em 2016, isso ai n�s pagamos em 2011. Eu n�o lembro nem o que eu fiz ontem, p�”, afirmou.
O lobista, contudo, garantiu que sua empresa prestou consultoria e at� contratou outros t�cnicos e especialistas para levantar as informa��es do campo em Benin, que foram apresentadas � Petrobras para a proposta de compra. Ele chegou a citar os nomes de tr�s pessoas que teria pago para fazer o servi�o, sem, contudo, assinar contrato com eles. “N�o precisava, (eles) s�o meus amigos por muito tempo, eu fiz de boca, e eles acreditam e receberam o que era devido”, afirmou.
Apesar de citar os nomes e os supostos pagamentos, ele n�o identificou nas transfer�ncias de suas empresas quem eram os destinat�rios. Jo�o Henriques disse a Moro que, de toda a movimenta��o em sua offshore, teria sobrado para ele US$ 4 milh�es, e que n�o houve ilegalidade em suas opera��es no exterior.
A Lava Jato suspeita que o restante do valor da propina paga pela CBH, empresa pertencente � Lusitania Petroleum, para fechar o neg�cio com a Petrobras e que foi depositado na conta Acona, de Jo�o Henriques, foi distribu�do para diversas outras offshores cujos benefici�rios ainda n�o foram identificados, havendo suspeitas de que outros agentes p�blicos receberam propinas nessa opera��o.