Curitiba e S�o Paulo, 24 - O ex-deputado federal Pedro Corr�a confirmou ao juiz federal S�rgio Moro, nesta quarta-feira, 23, que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva "sabia" do esquema de arrecada��o de recursos na Petrobras por partidos da base aliada, em especial o PT, PMDB e o PP.
Corr�a foi ouvido em audi�ncia tomada por discuss�es entre a defesa de Lula e Moro, no processo em que o petista � r�u pelo recebimento de R$ 3,7 milh�es em propinas da OAS, no caso do apartamento tr�plex do Guaruj� (SP).
"Em 2006 eu fui procurar o presidente Lula para tratar de assunto financeiro, de dinheiro, de ajuda de campanha. E ele disse que n�s n�o precis�vamos de dinheiro porque est�vamos muito bem atendidos financeiramente pelo senhor Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), que ele sabia, porque o Paulinho dizia isso a ele. Ele foi muito claro, nessa posi��o", afirmou Corr�a.
A audi�ncia n�o pode ser conclu�da integralmente em decorr�ncia de "in�meros incidentes levantados pela defesa", conforme registrou o juiz federal S�rgio Moro. Das quatro testemunhas de acusa��o inscritas pela for�a-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, contra Lula, para serem ouvidos nesta quarta-feira, foram ouvidos ainda o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco - ambos, delatores. O quarto interrogado, ser� ouvido nesta sexta-feira, 25.
"Em vista dos in�meros incidentes levantados pela Defesa de Luiz In�cio e Marisa Let�cia que impediram normal colheita do depoimento da testemunha Pedro Corr�a, n�o foi poss�vel encerrar as oitivas na presente data", registrou Moto, no termo de audi�ncia.
Alta tens�o
Na mesma linha da primeira audi�ncia do processo contra Lula, em Curitiba, marcada por 29 embates entre defesa, juiz e procuradores, as oitivas desta quarta foram tomadas por interrup��es dos depoimentos. Em pelo menos dois momentos, Moro determinou a interrup��o da audi�ncia.
"� inapropriado esse comportamento processual da defesa, � inadequado. Eu pe�o que voltem �s quest�es a serem colocadas � testemunha, e parem de tumultuar a audi�ncia", afirmou Moro.
O depoimento de Corr�a foi o primeiro, mais longo e mais tumultuado do dia. Em processo de dela��o premiada, o ex-deputado - preso desde 10 de abril de 2015, em Curitiba - acusa Lula de envolvimento no esquema de divis�o de cargos na Petrobras entre partidos da base aliada para arrecada��o de propinas.
Os advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins, Jos� Roberto Batochio e Jos� Cirino dos Santos, interromperam o interrogat�rio da testemunha e bateram boca com o juiz. A audi�ncia de Corr�a chegou a ser interrompida por duas vezes por Moro, na mais tensa oitiva de testemunhas da Lava Jato nesses 2 anos e 8 meses de investiga��es.
Eles questionaram a validade das declara��es de Pedro Corr�a, que foi chamado de "meia testemunha" pela defesa de Lula.
O ex-deputado est� preso em Curitiba, desde que foi capturado na 11� etapa da Lava Jato denominada "A Origem". Ele foi condenado por Moro em outro processo pelo recebimento de propina de R$ 11,7 milh�es, 72 crimes de corrup��o passiva, e 328 opera��es de lavagem de dinheiro.
"Eu sou bi preso, fui preso no mensal�o e na Lava Jato", afirmou Corr�a. Desde o final de 2015, ele negocia um acordo de dela��o premiada com a for�a-tarefa da Lava Jato, que ainda n�o foi homologado pelo ministro Teori Zavascki que relata os processos no Supremo Tribunal Federal (STF).