Bras�lia, 25 - O pedido de demiss�o do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi a sa�da encontrada pelo Pal�cio do Planalto para tentar salvar o governo da crise pol�tica, que se avoluma a cada dia. A opera��o para entregar a cabe�a de Geddel foi articulada ainda na quinta-feira, 24, ap�s a divulga��o do depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero � Pol�cia Federal, no qual ele dizia ter sido "enquadrado" pelo presidente Michel Temer para atender aos interesses do chefe da Secretaria de Governo. A press�o seria para liberar a constru��o de um pr�dio nos arredores de uma �rea tombada, em Salvador.
Articulador pol�tico do Planalto com o Congresso, Geddel sai do governo �s v�speras da vota��o da Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) que limita os gastos p�blicos, marcada para a pr�xima ter�a-feira, dia 29, no plen�rio do Senado. Temer ainda n�o escolheu o substituto de Geddel, seu amigo h� quase 30 anos, e disse a aliados que ele pr�prio far� a coordena��o pol�tica para a vota��o da PEC do Teto, considerada fundamental pelo governo para o ajuste fiscal e a recupera��o da economia.
Em reuni�o de emerg�ncia convocada por Temer com auxiliares, na noite de quinta-feira, a situa��o de Geddel -- que j� havia viajado para a Bahia -- foi considerada insustent�vel. Houve, a partir da�, intensa troca de telefonemas com o ministro. "� tudo pior do que parece", disse um dos auxiliares do presidente.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que Calero gravou conversas com Temer, com Geddel e com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. No depoimento � Pol�cia Federal, Calero disse que o presidente tentou fazer com que ele "interferisse indevidamente" para que a decis�o do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), barrando a constru��o do pr�dio em Salvador, fosse substitu�da por um parecer da Advocacia Geral da Uni�o (AGU). Geddel comprou na planta um apartamento no edif�cio "La Vue", que teve a obra embargada pelo Iphan.
As afirma��es de Calero jogaram mais combust�vel na crise por atingirem diretamente o presidente. Antes desse depoimento -- prestado no �ltimo dia 19, mas que s� veio a p�blico nesta quinta-feira -, o ex-ministro da Cultura havia citado apenas a press�o exercida por Geddel para a libera��o do empreendimento.
� Pol�cia Federal, por�m, Calero mencionou uma suposta interfer�ncia de Temer -- que estaria demonstrando "insist�ncia" --, de Padilha e de outros auxiliares do n�cleo do governo para que o caso fosse resolvido. Calero disse ter se sentido "decepcionado" por n�o ter mais a quem recorrer e pediu demiss�o, desobedecendo � ordem de enviar o pol�mico processo para a AGU.
A queda de Geddel ocorre uma semana ap�s a sa�da de Calero. O titular da Secretaria de Governo � o sexto ministro a deixar a equipe de Temer.
Na avalia��o de interlocutores do presidente, por�m, esta foi a demiss�o que ele mais sentiu, na esteira de uma crise que atinge o seu pr�prio gabinete e o "n�cleo duro" do Planalto. Temer resistiu o quanto p�de a "rifar" Geddel, mas a "solu��o" encontrada foi uma esp�cie de boia jogada para conter a turbul�ncia.