S�o Paulo, 08 - O Minist�rio P�blico Federal aponta que a propina exigida � empreiteira Andrade Gutierrez pelo ex-governador do Rio S�rgio Cabral (PMDB), durante sua gest�o, alcan�a a fortuna de R$ 25 milh�es. Os valores sa�ram de contratos de obras firmadas entre o Estado e a companhia.
Cabral � r�u por corrup��o, lavagem de dinheiro e quadrilha/pertin�ncia � organiza��o criminosa. Ele foi preso no dia 17 de novembro na Opera��o Calicute. Est� recolhido no Bangu 8. Sua mulher, Adriana Ancelmo, tamb�m foi capturada por ordem da Justi�a Federal e ocupa uma cela na ala feminina do Bangu.
A acusa��o da Procuradoria da Rep�blica aponta para um "esquema de carteliza��o de empreiteiras e pagamento de propina a agentes p�blicos em grandes obras de constru��o civil realizadas pelo denunciado S�rgio Cabral enquanto chefe de Governo no Estado do Rio de Janeiro (2007 a 2014), algumas delas custeadas com recursos federais".
A den�ncia contra Cabral abrange somente as supostas propinas recebidas pela Andrade Gutierrez. Delatores da empreiteira e tamb�m da Carioca Engenharia apontaram "mesada" de at� R$ 500 mil.
"Durante o seu mandato o ex-governador solicitou cerca de R$ 25 milh�es em propina a dirigentes da Andrade Gutierrez, montando a partir de ent�o junto aos seus assessores mais pr�ximos e outras pessoas da sua extrema confian�a um multifacetado esquema de lavagem de dinheiro a fim de ocultar a origem dos ganhos esp�rios", afirmam os procuradores Lauro Coelho Junior, Jos� Augusto Sim�es Vagos, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, Leonardo Cardoso de Freitas, Renato Silva de Oliveira e Rodrigo Tim�teo da Costa e Silva.
Segundo a Procuradoria, a advogada Adriana Ancelmo, mulher de S�rgio Cabral, "mais do que apenas se beneficiar com a vida de luxo proporcionada pelos ganhos advindos dos crimes contra a administra��o p�blica engendrados pelo seu marido, atuou ativamente na lavagem direta da propina". Para a Procuradoria, Adriana Ancelmo usou seu escrit�rio de advocacia Ancelmo Advogados e a compra "de verdadeira fortuna em joias" para lavar dinheiro.
"Adriana Ancelmo ajudou S�rgio Cabral a lavar mais de R$ 6,5 milh�es pela tipologia da aquisi��o de joias, n�o somente as recebendo como presentes (somente num anivers�rio de nascimento e outro de casamento foi presenteada pelo marido com joias que totalizaram R$ 2 milh�es), mas atuando ativamente e inclusive por interm�dio do seu escrit�rio de advocacia Ancelmo Advogados", destaca a Procuradoria.
A Opera��o Calicute identificou que o casal Cabral passou a "adquirir regularmente", entre 2007 e 2016, "joias de alt�ssimo valor de mercado" nas joalherias Antonio Bernardo e H.Sten. "Adriana Ancelmo protagonizou um verdadeiro sistema cont�bil milion�rio e paralelo de aquisi��o de joias em dinheiro e sem a emiss�o de notas fiscais. Conquanto haja registro nas joalherias citadas de que S�rgio Cabral e Adriana Ancelmo adquiriram 189 joias desde o ano 2000, apenas 40 pe�as foram apreendidas pela Pol�cia Federal quando do cumprimento das buscas e apreens�es, as quais foram encontradas no cofre do quarto da resid�ncia do casal, pelo que se conclui que ambos ainda ocultam tais ativos", anotam os procuradores.
De acordo com a investiga��o, Adriana Ancelmo era cadastrada na joalheria Antonio Bernardo pelo codinome "Lourdinha". Na vis�o da Procuradoria, o apelido teria o "prop�sito de furtar-se � atua��o dos �rg�os de controle e de repress�o penal".