Bras�lia, 18 - Preocupado com os efeitos das dela��es de ex-executivos da Odebrecht, o presidente Michel Temer quer dar uma "cara nova" ao governo ap�s a elei��o para o comando da C�mara e do Senado, em fevereiro de 2017. O plano imediato de Temer para enfrentar a crise sem fim e se manter no cargo � mexer na equipe alvejada por den�ncias de corrup��o, substituir ministros ineficientes em �reas sociais e investir em mais medidas para alavancar o crescimento.
A perman�ncia do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do secret�rio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, � considerada incerta, apesar dos desmentidos oficiais. Temer, Padilha e Moreira foram citados na dela��o do ex-diretor de Rela��es Institucionais da Odebrecht, Cl�udio Melo Filho. O nome do presidente tamb�m apareceu no depoimento de M�rcio Faria, outro dirigente da construtora, � for�a-tarefa da Lava Jato.
Com o n�cleo pol�tico do governo combalido e a popularidade despencando dia ap�s dia, o presidente pretende repaginar a Casa Civil, dando um perfil mais t�cnico e mais "interno" � pasta que coordena as a��es da equipe. Na outra ponta, a ideia � criar uma secretaria especial no Minist�rio da Fazenda, hoje comandado por Henrique Meirelles, para abrigar discuss�es voltadas a novas iniciativas que possam reaquecer a economia e ter impacto mais r�pido no bolso do consumidor.
Embora o pacote anunciado na quinta-feira pelo governo tenha como foco o combate ao desemprego e a redu��o do endividamento das empresas, a avalia��o do mercado financeiro � a de que essas medidas somente ter�o efeito a longo prazo. "� evidente que os n�meros da economia n�o s�o motivo de alegria, mas temos um rumo sendo constru�do", afirmou o l�der do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O agravamento da crise, por�m, aflige cada vez mais o Pal�cio do Planalto, que conseguiu aprovar no Senado a Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) do Teto de Gastos, mas com oito baixas em sua base de sustenta��o. A semana foi marcada por tens�es, choque entre Poderes e at� mesmo o senador aliado Ronaldo Caiado (DEM-GO) roubou a cena ao sugerir a ren�ncia de Temer. O DEM comanda o Minist�rio da Educa��o. A bancada do PSB - partido que controla Minas e Energia - tamb�m se rebelou e avisou que votar� contra a reforma da Previd�ncia.
Chacoalh�o
Temer vai esperar o fim da disputa na C�mara e no Senado, daqui a 45 dias, para promover as trocas no primeiro escal�o. No Planalto, seus auxiliares falam em "chacoalh�o" no governo, mas advers�rios veem na estrat�gia mais uma a��o de marketing, em busca de sobreviv�ncia pol�tica, a exemplo do que a ex-presidente Dilma Rousseff fez, sem sucesso, em outubro de 2015.
"Esse governo nos tirou do poder, mas o Brasil segue em crise profunda, dividido e hoje sob risco de uma convuls�o social", disse o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), que agiu para jogar �gua na fervura da briga entre o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o Supremo Tribunal Federal.
Al�m de mudan�as na Casa Civil e na secretaria que cuida das concess�es serem vistas nos bastidores como uma quest�o de tempo, substitui��es nas pastas do Trabalho e da Sa�de viraram "pule de dez" na bolsa de apostas.
PSDB
Na tentativa de contornar mais uma revolta em sua base de apoio, Temer tamb�m adiou a nomea��o do l�der do PSDB na C�mara, Antonio Imbassahy (BA), para a Secretaria de Governo. Ele acertou com o senador A�cio Neves (PSDB-MG) que Imbassahy ocupar� o lugar do ministro Geddel Vieira Lima na articula��o pol�tica, mas somente depois que a C�mara escolher seu novo presidente.
Temer teve de recuar do an�ncio porque depende do Centr�o - grupo que re�ne 13 partidos e cerca de 200 deputados - para sobreviver nesses tempos sombrios, nos quais pedidos de impeachment n�o faltam. L�deres do grupo se queixaram da indica��o de Imbassahy, pois viram ali uma manobra do Planalto para beneficiar a reelei��o de Rodrigo Maia (DEM-RJ) � presid�ncia da C�mara, com o aval do PSDB.
Antes mesmo das dela��es da Odebrecht, o presidente j� havia perdido seis ministros. O depoimento de Melo Filho, no entanto, provocou a queda, na quarta-feira, do advogado Jos� Yunes, amigo de Temer e seu assessor especial. O presidente n�o escondeu dos amigos que Geddel e Yunes foram as sa�das mais sentidas por ele. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.