S�o Paulo, 18 - Enquanto em Bras�lia o senador A�cio Neves e o chanceler Jos� Serra atuam para ampliar o espa�o dos tucanos no governo Michel Temer e influenciar a �rea econ�mica, em S�o Paulo o governador Geraldo Alckmin cada vez mais se afasta do Pal�cio do Planalto e da c�pula do PSDB. Ele adotou internamente independ�ncia e um discurso dissonante fora dos muros do partido.
Principal bandeira das bancadas tucanas no Congresso Nacional, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, que coloca um teto no crescimento dos gastos p�blicos pela infla��o do ano anterior pelos pr�ximos 20 anos, foi alvo de cr�ticas do tucano.
"Se n�s vamos ter por 20 anos nada a aumentar acima da infla��o, j� come�a que a sa�de � dolarizada e aumenta acima da infla��o. Ela tem custos dolarizados. A demanda cresce, a medicina fica mais sofisticada, a popula��o, mais idosa. A conta n�o fecha", afirmou Alckmin na semana passada ap�s uma cerim�nia realizada na sede do Minist�rio P�blico Estadual, no centro da capital.
Em outro sinal de afastamento das teses defendidas pela c�pula nacional do PSDB, Alckmin n�o compactuou com a press�o exercida sobre Temer por mais espa�o no governo federal. Ele avalia, segundo um interlocutor pr�ximo, que a Secretaria de Governo, cargo que deve ser entregue ao deputado Antonio Imbassahy (BA), atual l�der do partido na C�mara, s� trar� desgaste.
Para Alckmin, o partido n�o precisa de mais espa�o, mas de mais independ�ncia em rela��o ao governo Temer. "O PSDB � que vai pagar a conta pelo desgaste do governo em 2018. O partido n�o devia buscar cargos", disse ao Estado o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista.
Durante o processo de forma��o do minist�rio de Temer, Alckmin foi convidado a indicar um nome, mas declinou da proposta. Para n�o deixar sua digital registrada na gest�o do peemedebista, fez quest�o de dizer que a escolha do aliado Alexandre de Moraes para a pasta da Justi�a foi uma escolha pessoal do presidente.
Estrat�gia
Citados por delatores da Opera��o Lava Jato, os tr�s presidenci�veis tucanos trabalham com estrat�gias diferentes para chegar a 2018 com chance. Para A�cio e Serra, o futuro est� atrelado a Temer.
Com o comando da m�quina partid�ria, o senador mineiro mant�m protagonismo e poder de fogo nas negocia��es com o governo. Serra, por sua vez, est� afastado do varejo pol�tico, mas tem os holofotes do Minist�rio das Rela��es Exteriores. Correndo por fora, Alckmin tem as m�quinas paulistana, com seu afilhado Jo�o Doria (prefeito eleito), e paulista nas m�os.
Sua postura de apoio cr�tico deixa uma rota de desembarque desobstru�da para 2018. "Disputa interna agora � uma palha�ada. Alckmin est� pensando em 2018. Infelizmente n�o � s� ele. O cidad�o n�o est� nem a� para isso", diz o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Na c�pula do partido, por�m, a ordem unida � pacificar o trio e adiar a inevit�vel disputa fratricida. "N�o haver� cerceamento na disputa. O governador tem grande chance de ser nosso candidato � Presid�ncia", disse o senador Jos� An�bal (SP), presidente do Instituto Teot�nio Vilela, bra�o de formula��o te�rica do PSDB.
Mandato
Conhecido pelo perfil discreto, o paulista evitou criticar abertamente o acordo entre seus dois advers�rios internos que estendeu por mais um ano o mandato de A�cio � frente do PSDB. Aos aliados, por�m, disse que seria melhor adiar essa decis�o para 2017 e o ideal seria eleger o novo presidente do partido no m�ximo em janeiro de 2018, e n�o em maio, como ficou decidido.
Entre os correligion�rios mais pr�ximos, a avalia��o � de que o movimento visou bloquear o plano B do governador, que seria disputar � Presid�ncia da Rep�blica pelo PSB caso o PSDB lhe fechasse as portas. Pelo calend�rio original, o segundo mandato de A�cio terminaria em maio de 2017 e ele n�o poderia se reeleger. Essa seria a oportunidade de Alckmin, fortalecido pelo resultado das elei��es municipais, ampliar a influ�ncia na m�quina partid�ria.
"Se (a Executiva) fosse em janeiro (de 2018), o novo presidente do PSDB teria mais tempo de articular a campanha presidencial. � mais dif�cil fazer a sucess�o partid�ria em maio de 2018, �s v�speras da elei��o", disse o deputado Silvio Torres (SP), secret�rio-geral do partido, na reuni�o do Diret�rio que definiu, na quinta-feira, a prorroga��o do mandato de A�cio.
Aliado de Alckmin, apenas ele e o deputado Eduardo Cury, tamb�m afinado com o Pal�cio dos Bandeirantes, votaram contra em um col�gio eleitoral formado por 31 tucanos.
"A prorroga��o n�o foi uma coisa boa. Esse era o momento de democratizar essa decis�o", disse o deputado Vanderlei Macris (SP), que � ligado ao governador paulista.
Alckmin tamb�m diverge de A�cio no formato do processo de escolha do candidato tucano em 2018. Ele quer a realiza��o de pr�vias entre todos os filiados, enquanto o mineiro prefere um modelo mais restrito. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.