Odebrecht delata caixa 2 para a chapa Dilma-Temer

Bras�lia, 19 - A chapa da presidente cassada Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014, segundo dela��o da empreiteira � for�a-tarefa da Lava Jato. Os relatos, j� documentados por escrito e gravados em v�deo, foram feitos na semana passada durante os depoimentos de executivos ao Minist�rio P�blico Federal.

Em pelo menos um depoimento, a Odebrecht descreve uma doa��o ilegal de cerca de R$ 30 milh�es paga no Brasil - para a coliga��o "Com a For�a do Povo", que reelegeu Dilma e Temer em outubro de 2014. O valor representa cerca de 10% do total arrecadado oficialmente pela campanha. O jornal

O Estado de S. Paulo

apurou que durante os depoimentos de dela��o premiada, os procuradores se consultavam por meio de um grupo de WhatsApp para trocar informa��es.

Justi�a eleitoral

O relato da Odebrecht deve ter repercuss�o no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apura abuso de poder pol�tico e econ�mico na campanha. A fase de instru��o na Corte ainda n�o foi conclu�da, o que permite que uma das partes ou o Minist�rio P�blico pe�am o compartilhamento do material da Lava Jato ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, ap�s a homologa��o das dela��es.

Ao TSE, at� agora, nenhum das 37 pessoas que prestaram depoimento na a��o que investiga a chapa relatou pagamento de caixa 2 diretamente para a campanha Dilma-Temer. Por essa raz�o, a import�ncia dos depoimentos da Odebrecht. Uma poss�vel explica��o � que, na disputa presidencial de 2014, v�rias empreiteiras j� tinham sido alvo da Lava Jato. A 7.� fase, deflagrada em novembro daquele ano, prendeu 17 executivos. N�o era o caso da Odebrecht. Marcelo, ent�o presidente do grupo, s� foi preso em junho de 2015.

Neste per�odo, a Odebrecht ainda desafiava os investigadores, primeira explica��o encontrada na Lava Jato para o fato de a empresa supostamente ter recorrido ao caixa 2 em meio �s investiga��es. A segunda � a de que o dinheiro para a chapa Dilma-Temer seria uma forma de tentar se blindar das investiga��es, comprando ainda mais apoio pol�tico. "Era a �nica empreiteira que �estava em condi��es� de fazer contribui��es il�citas", afirma um dos envolvidos.

Mais um caso

Outra dela��o premiada em negocia��o tamb�m deve citar caixa 2 para a chapa Dilma-Temer. O casal de marqueteiros Jo�o Santana e M�nica Moura j� sinalizou que vai relatar pagamento de recursos n�o contabilizados em 2014, envolvendo a Odebrecht. Um documento da Pol�cia Federal, revelado pela revista �poca, em mar�o, mostrou que Santana recebeu R$ 21,5 milh�es da Odebrecht ap�s o pleito de 2014, no Brasil.

A reportagem apurou que a proposta de dela��o da publicit�ria, que cuidava ao lado do marido das campanhas do PT, ainda estaria em negocia��o.

Defesas

O advogado Gustavo Guedes, que defende Temer no processo do TSE, disse que "desconhece absolutamente o assunto" e s� vai se manifestar quando as dela��es forem homologadas. "� dif�cil comentar dela��o em tese", afirmou.

Sobre depoimentos de delatores da Odebrecht serem compartilhados no processo que tramita no TSE, ele afirma que tem d�vidas sobre a possibilidade jur�dica de isso ocorrer, uma vez que seria agregar novos fatos ao inqu�rito.

Defensor da presidente cassada Dilma Rousseff no caso, Fl�vio Caetano disse que quem responde pelas doa��es para a campanha de 2014 � o ex-tesoureiro Edinho Silva. A reportagem tentou contato com Edinho, mas ele n�o ligou de volta. Em depoimento ao TSE, em novembro, ele disse que a Odebrecht foi a �nica empreiteira que repassou dinheiro via diret�rio do PT. As demais n�o utilizaram a triangula��o e depositaram diretamente na conta da chapa.

A Odebrecht diz, em nota, que n�o comenta as dela��es, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justi�a. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.